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Patrocinadora da Premier League investirá no futebol feminino da Inglaterra

Renata Mendonça

25/03/2019 15h03

Foto: Getty

Não há liga mais famosa – nem mais rica – no mundo do que a "Premier League". Agora, o banco britânico, que deu seu nome até 2016 à principal competição do futebol inglês, também nomeará um campeonato promissor que está numa crescente na Inglaterra: a liga feminina de futebol. Conhecida como "Women's Super League", o principal torneio do futebol feminino inglês ganhou um investimento milionário da Barclays, que aposta agora também nas mulheres como protagonistas em campo.

O anúncio foi feito na última semana e representa um investimento recorde feito em um esporte feminino no Reino Unido. O acordo é por três anos e envolveria um investimento superior a 10 milhões de libras (que equivalem a mais de R$ 51 milhões). Por meio dele, a Women's Super League passaria a distribuir uma premiação de 500 mil libras (R$ 2,5 milhões) de acordo com a colocação de cada equipe ao final do campeonato.

Kelly Simmons, diretora da FA (a Federação Inglesa de futebol) para o futebol feminino profissional, afirmou que esse é só mais um passo em direção a "transformação do futuro do futebol feminino" no país.

"Estamos muito satisfeitos em anunciar nossa parceria histórica com o Barclays e esperamos que eles se juntem a nós em uma jornada para transformar o futuro do futebol feminino", disse Simmons. "O compromisso deles incluindo um número recorde de muitos milhões de libras terá impacto em todos os níveis do jogo e trará o apoio que precisamos em nossa ambição de fazer da Women's Super League Barclays a liga de maior sucesso do mundo, dentro e fora de campo."

"É realmente um passo muito importante, porque não é apenas sobre a quantia que eles estão investindo, mas também sobre o investimento para fazer o futebol feminino entrar de vez no mercado", pontuou.

Foto: PA

Havia outras marcas interessadas em patrocinar o principal torneio de futebol feminino da Inglaterra, mas a proposta da Barclays chamou mais a atenção, segundo a FA. O diferencial é que o banco pretende investir também no desenvolvimento do futebol para as meninas desde cedo.

"Esse investimento ajudará milhares de meninas na Inglaterra a começarem a praticar esportes. E isso com certeza terá um impacto no mais alto nível. O que o esporte faz em termos de contruir confiança e caráter nas pessoas é ótimo. Além de ficarmos felizes pelo esporte, sabemos que estamos também fazendo uma grande contribuição social", afirmou Jes Staley, CEO do grupo Barclays.

É claro que os valores investidos hoje no Campeonato Inglês feminino não chegarão aos pés dos valores envolvidos na Premier League. O torneio dos homens na Inglaterra é uma instituição centenária, que já passou por vários tipos de organização e, desde 1992, é promovido pela Premier League em um processo que fez a competição se tornar hoje a mais valiosa do mundo – ela distribui mais de R$ 12 bilhões aos clubes participantes. Não há como comparar toda essa história com um torneio que começa a se profissionalizar agora e a se firmar no mercado.

Mas como bem apontou a diretora da FA, os números que agora envolverão a Women's Super League na Inglaterra são, sim, surpreendentes considerando o contexto do esporte feminino na Inglaterra e no mundo.

"Nós sempre comparamos com o futebol masculino, mas essa é uma comparação difícil ", disse Kelly Simmons. "Só que se você comparar com esportes e ligas femininas de outras modalidades, esse é um negócio que se destaca."

"Temos que conquistar mais fãs e aumentar nossa receita, porque é isso que protege a Women's Super League como uma liga profissional. O poder, credibilidade e o alcance de uma marca realmente ajudarão a construir nossa base de torcedores".

Torcida na final da FA Cup feminina em 2018 (Foto: Divulgação)

Não adianta achar que o futebol feminino vai se desenvolver sozinho, sem apoio financeiro ou qualquer visibilidade. Como sempre dissemos aqui, as mulheres passaram décadas enfrentando uma lei que as proibia de jogar futebol e, hoje, se essa proibição não existe na legislação, ela ainda vigora no preconceito dentro de casa, nas escolas nos clubes. Só é possível quebrar tudo isso e construir uma nova história para as mulheres no futebol quando todo mundo assumir sua parte nisso: clubes, federações e confederação, televisões e veículos de imprensa.

A Europa tem nos dado, dia após dia, uma lição sobre como fazer isso acontecer. A Espanha coleciona recordes de público nesta temporada para o futebol feminino, a Inglaterra também cresceu muito nesse sentido e agora até a Itália começa a encher os estádios para elas. Está faltando o chamado "país do futebol" acordar para fazer o mesmo. Quando as ações são conjuntas, quando há vontade, o investimento só se multiplica. No Reino Unido, os principais clubes e a federação abraçaram a modalidade e, consequentemente, o interesse dos patrocinadores apareceu. Por que não tentar o mesmo por aqui?

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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