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Mais de 240 jornalistas e mídia internacional: a estreia de Pia na seleção

Renata Mendonça

29/08/2019 04h00

Foto: Mauro Horita/CBF

A técnica sueca Pia Sundhage estreia nesta quinta-feira no comando da seleção brasileira feminina em um torneio amistoso que acontece no Pacaembu com Argentina, Chile e Costa Rica. O primeiro jogo dela com o Brasil será contra as hermanas às 21h30, logo após o confronto entre chilenas e costa-riquenhas.

O que chama a atenção neste torneio – que marca o início do trabalho da bicampeã olímpica na seleção – é justamente o interesse da mídia. Foram mais de 300 solicitações de credenciamento para os jogos, segundo a organização do campeonato – são 242 aprovadas até agora. Uma procura jamais vista para jogos amistosos do Brasil no futebol feminino. Até mesmo TVs e sites suecos terão representantes na cobertura das partidas no Pacaembu.

No Brasil, o torneio terá transmissão do SporTV e da TV Cultura, mas muitos outros canais estarão presentes no estádio para fazer uma cobertura in loco dos primeiros passos da seleção feminina sob o comando de Pia. Os três principais jornais impressos do país (Folha, Estadão e O Globo), além das três principais emissoras esportivas (SporTV, ESPN e Fox), sem contar as TVs abertas (Globo, Band, TV Brasil, Cultura…), dezenas de sites, webrádios, agências internacionais (Reuters, AFP, Getty…), entre outros.

A procura é inédita considerando o universo de um "simples" amistoso da seleção feminina. Alguns fatores ajudam a explicar esse interesse maior: a estreia da primeira treinadora estrangeira no comando do Brasil e a força que o futebol feminino ganhou após os números recordes registrados na Copa do Mundo – a maior audiência da história do torneio no mundo inteiro foi registrada por aqui, no jogo entre Brasil e França, que marcou a eliminação da seleção brasileira.

Nem mesmo a Copa recebeu uma atenção parecida da mídia brasileira na cobertura in loco. O torneio no Pacaembu terá pelo menos o dobro de veículos presentes em comparação com os que enviaram representantes para a França.

É verdade que o Mundial mudou o patamar do futebol feminino como um todo no país, quebrando velhos paradigmas sobre a suposta "falta de interesse do público" – não dá para seguir com esse argumento depois que mais de 30 milhões de pessoas pararam para ver o Brasil em campo nas oitavas-de-final, e mais de 20 milhões viram Estados Unidos e Holanda na decisão, que sequer tinha relação com a seleção brasileira.

Tamanha audiência gerou também certa pressão sobre a CBF no retorno ao Brasil para que houvesse mais atenção com a seleção feminina e também uma troca de comando – já que Vadão acumulava resultados e desempenho ruim em sua segunda chance como técnico da equipe. A resposta da entidade surpreendeu até mesmo os mais otimistas: a bicampeã olímpica, ex-técnica dos Estados Unidos e da Suécia, Pia Sundhage, foi anunciada para o cargo.

Movimentação da imprensa já foi grande nos treinamentos (Foto: Mauro Horita / CBF)

O discurso no dia da apresentação dela foi de "uma nova era" começando no futebol feminino. "Esse é um momento histórico de trazer a melhor técnica do mundo para o Brasil. A partir de hoje estaremos definindo o que será o futebol feminino nas próximas décadas. Se alguma vez houve a percepção de que o futebol feminino não era tão prestigiado, hoje não vai mais ter", afirmou o presidente da CBF, Rogério Caboclo.

Por tudo isso, as expectativas são grandes para esse novo ciclo da seleção feminina. Apesar de Pia não ter escolhido muitos nomes diferentes nessa primeira convocação, que manteve a base da Copa do Mundo, nos treinos já foi possível notar algumas mudanças importantes com relação ao estilo que ela quer colocar na equipe. Maior organização defensiva, pressão para recuperar a bola rápido, mais profundidade no ataque pelos lados e uma variação tática para se adaptar aos diferentes momentos do jogo.

"Não é fácil preparar o time para um jogo em um tempo tão curto. Nós iremos cometer alguns erros, hoje já vimos alguns detalhes que precisamos ajustar. Eu preciso fazer algumas prioridades, já fizemos algumas coisas e, depois desses jogos provavelmente verão um pouco mais de mudanças comparado a agora. A expectativa é por um jogo intenso. Queremos estar sólidas na defesa, recuperar bem a bola e sair com ela, inciando o jogo", afirmou em entrevista coletiva na véspera do jogo.

O primeiro teste para "a nova seleção" sob o comando de Pia será nesta quinta às 21h30 no Pacaembu diante da Argentina. Os ingressos estão sendo vendidos pelo site ou na bilheteria do estádio.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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