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São Paulo empata com Cruzeiro em BH e é campeão Brasileiro Feminino A2

Renata Mendonça

25/08/2019 15h54

Ottilia, autora do gol tricolor (Foto: dibradoras)

Por Renata Mendonça, de Belo Horizonte

O São Paulo conquistou o título da série A2 do Campeonato Brasileiro feminino neste domingo ao empatar com o Cruzeiro por 1×1 no Sesc Venda Nova em Belo Horizonte, com gols de Duda para o Cruzeiro e Ottilia para o time paulista. A equipe tricolor já tinha uma larga vantagem construída no primeiro jogo no Pacaembu, que terminou em goleada para as paulistas por 4 a 0.

Esse é o primeiro título nacional da equipe principal do São Paulo desde que o clube retomou o projeto do futebol feminino. O clube já tinha garantido vaga na primeira divisão do Brasileiro ao chegar às semifinais e termina a campanha da A2 com 10 vitórias em 13 jogos, 42 gols marcados e somente quatro gols sofridos.

Vale ressaltar também o trabalho feito pelo Cruzeiro nesta temporada, com a montagem de um elenco em cima da hora (fevereiro para estrear em março), mas que contou com as pessoas certas para obter sucesso. A supervisora do futebol feminino do clube, Barbara Fonseca, foi trazida do América-MG após o bom trabalho que fez por lá, e conseguiu em tempo recorde criar um time que fizesse uma campanha quase impecável no Brasileiro: 13 jogos e 10 vitórias.

Cruzeiro, vice-campeão da A2 do Brasileirão (Foto: dibradoras)

"A partir do momento que eles me chamaram pra montar o departamento de futebol feminino, me deram total liberdade para montar uma comissão a minha escolha e fazer a montagem da equipe. Acho que o sucesso do projeto também se dá por isso, por terem me deixado trabalhar com liberdade", afirmou a dirigente às dibradoras.

Agora, o Cruzeiro luta para poder disputar o Campeonato Mineiro feminino. A competição está em risco e pode não acontecer, mas o clube tenta articular um movimento com as equipes mineiras para garantir a existência do torneio – se não acontecer, as jogadoras ficarão sem calendário até o ano que vem.

A grande final

O Cruzeiro entrou em campo precisando marcar quatro gols para levar a decisão para os pênaltis. As Cabulosas contaram com o apoio da torcida que marcou presença no Sesc Venda Nova, estádio onde o time mineiro estava invicto na competição.

E foi apostando no contra-ataque que o Cruzeiro foi para cima do São Paulo e conseguiu abrir o placar em um pênalti sofrido por Isa Leone após falta da zagueira tricolor, Bruna. Duda, a artilheira do time mineiro, cobrou o penal e a goleira Carla do São Paulo defendeu, mas a bandeirinha mandou voltar a cobrança, alegando que a goleira se adiantou. Na segunda chance, Duda abriu o placar.

Torcida cruzeirense presente no Sesc Venda Nova (Foto: dibradoras)

Depois do gol, o Cruzeiro saiu mais para o ataque e quase no fim da primeira etapa, Kim perdeu uma grande chance dentro da área.

Já no segundo tempo, o São Paulo começou melhor. Yaya deu um chute de fora da área e exigiu uma bela defesa da goleira Camila. Na sequência da jogada, aos 7 minutos, Ottilia empatou a partida após ótima cobrança de escanteio de Ary Borges e um belo cabeceio da camisa 27.

Aos 33 minutos, Vanessa foi lançada rumo ao ataque tricolor, mas errou o alvo, cara a cara com a goleira Carla. Ainda assim, a bandeira sinalizou impedimento e a equipe do Cruzeiro não gostou da marcação – o treinador Hoffmann Tulio chegou a levar cartão amarelo por reclamação.

No segundo tempo, o São Paulo controlou muito bem a partida e as cruzeirenses pouco atacaram. A partida acabou empatada e com as paulistas levantando o troféu do Campeonato Brasileiro da A2.

Caminho do São Paulo até o título

Chama a atenção no São Paulo a juventude do time, que tem média de idade de 21 anos, considerando as atletas relacionadas para as finais. Ao longo da temporada, a equipe perdeu algumas de suas atletas  mais experientes por lesão – a atacante da seleção brasileira, Cristiane, pouco conseguiu entrar em campo na campanha – e foi se reinventando para conquistar o tão sonhado título.

Foto : Mauro Horita

Alguns dos principais destaques do time são a artilheira Valéria, de 20 anos, que tem seis gols na temporada, além de Ary, camisa 10 e capitã de 19 anos, e Yayá, meio-campista de 17 anos convocada para a seleção brasileira principal nesta semana.

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"O plano era montar um elenco jovem com meninas que já tinham conquistado algumas coisas com camisas que não tinham tanta projeção nacional. Contratamos algumas jogadoras do Sport, que teve o fim de um projeto, do Centro Olímpico, que passaram às vezes por seleção de base. Então a minha grata surpresa foi que a gente conseguiu ter maturidade dentro de campo com um time formado por meninas de 19 e 20 anos, que é o caso da maioria", afirmou às dibradoras Amauri Nascimento, supervisor do futebol feminino do São Paulo.

(Foto: dibradoras)

O técnico Lucas Piccinato ressalta a mescla de jogadoras experientes com algumas mais jovens e destaca a força do grupo para conseguir o título nesta temporada.

"Acho que é uma força coletiva, um grupo em que todas as atletas têm uma dedicação e um empenho muito grande pra fazer esse time chegar onde está chegando. Cada jogo a gente tem uma individualidade aparecendo, mas o grupo é muito forte, o coletivo é muito forte", afirmou.

"Acho que as lesões atrapalharam o processo, mas desde o início a gente montou um elenco com 31 atletas mesclando juventude e experiência para a gente poder buscar os objetivos."

Foto: Divulgação São Paulo FC

Mesmo sem ter acesso à estrutura profissional ou de base do clube, a equipe feminina conseguiu um sucesso que pode até ser chamado de "inesperado" nesta primeira temporada. O grande objetivo do São Paulo no ano era o acesso à primeira divisão, e o título seria uma cereja do bolo, dado que o investimento ainda não veio tão forte em 2019.

As jogadoras passaram a temporada treinando no gramado sintético utilizado pelos sócios do clube e também dividindo a academia com os associados. Ainda assim, os planos do São Paulo agora envolvem um investimento maior para melhorar a estrutura para as atletas.

No jogo de hoje, por exemplo, o time feminino do tricolor entrou em campo com o patrocínio pontual do Banco Inter e Urbano Alimentos, marcas que apoiam o time masculino ao longo da temporada.

ESCALAÇÕES

O Cruzeiro foi a campo com: Camila, Isa Leone, Pires, Lia, Janaína, Isabela, Nathalia, Duda, Vanessa, Miriã e Kim. O técnico é Hoffmann Túlio.

O time do São Paulo entrou na partida com: Carla, Andressa, Bruna, Thaís, Natane, Cris, Yaya, Ary, Jaqueline, Ottilia e Valéria. O técnico é Lucas Piccinato.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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