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Quatro grandes confirmam vaga na 1ª divisão do Brasileiro feminino

Renata Mendonça

21/07/2019 20h53

Foto: Tatiane Marques

O Campeonato Brasileiro de futebol feminino na Série A2 definiu seus semifinalistas neste fim de semana e, com isso, confirmou os quatro clubes que irão disputar a primeira divisão nacional no ano que vem. Palmeiras, São Paulo, Cruzeiro e Grêmio conseguiram o acesso à elite vencendo seus adversários das quartas-de-final.

Foto: Rubesn Chiri /SPFC

O São Paulo garantiu a vaga vencendo o Taubaté por 3 a 0 no Pacaembu neste sábado e agora enfrentará na semifinal o Palmeiras, que teve tranquilidade para conseguir a classificação diante da Chapecoense – venceu o primeiro jogo lá por 2 a 0 e, em Vinhedo, onde o clube manda seus jogos do feminino, confirmou a vaga neste domingo com uma goleada por 5 a 1 diante dos torcedores.

Foto: Tatiane Marques

Já o Cruzeiro recebeu o Ceará neste sábado com a vantagem de já ter vencido o jogo de ida por 2 a 0. O time celeste terminou com a vitória em casa por 2 a 1 e será o único representante de Minas Gerais na primeira divisão em 2020, já que Atlético-MG e América-MG não conseguiram a vaga.

O Coelho, inclusive, perdeu a classificação para o Grêmio em um jogo muito equilibrado que terminou no empate em 0 a 0 em Gravataí. Como a ida foi 2 a 1 para as gremistas em Minas, a vaga ficou com as gaúchas, que agora enfrentarão o Cruzeiro em busca da classificação para a final da A2.

Foto: Divulgação Grêmio

As datas dos jogos ainda não estão confirmadas, mas os primeiros jogos das semifinais deverão acontecer já no próximo final de semana. Por ter tido a melhor campanha do campeonato até aqui, o Palmeiras tem a vantagem de decidir em casa nas duas fases que restam. A segunda melhor campanha foi a do São Paulo, depois a do Cruzeiro e por último a do Grêmio.

Foto: Divulgação Cruzeiro

Entre as equipes de camisa, vindas do futebol masculino, que disputaram a A2 e não conseguiram o acesso à primeira divisão estão Fluminense, Vasco, Botafogo, Ceará, Bahia, Atlético-MG e Chapecoense – todos que criaram seus projetos do futebol feminino na categoria adulta neste ano ou em 2018 para cumprir a resolução da Conmebol.

Com a ascensão de quatro times chamados "grandes" e tradicionais do futebol brasileiro, em 2020 haverá ainda mais clássicos entre as mulheres na primeira divisão nacional. Agora os quatro principais clubes de São Paulo se enfrentarão também no Brasileiro (eles já se enfrentam neste ano no Campeonato Paulista) e o Gre-Nal também vai existir para além do estadual – o Inter já disputa a A1 este ano e terá a companhia do Grêmio no ano que vem.

Romeu Castro, supervisor de competições femininas da CBF avaliou a realização do torneio até aqui como um sucesso.

"Foi um grande sucesso, ampliou as oportunidades de trabalho, serviu de porta de entrada para essas equipes de maior investimento, que estão tendo sucesso nessa reta final. Acredito que as 4 equipes que mais investiram na A2 chegam com tanto sucesso e conseguem o acesso para a A1. Foi uma divisão bastante difícil que reuniu equipes de todos os estados brasileiros, serviu ao propósito de obrigar que todas as federações promovessem seu campeonato estadual", disse às dibradoras.

Vale ressaltar que as semifinais terão duas técnicas e dois técnicos no comando dos times: Ana Lúcia Gonçalves (Palmeiras), Patrícia Gusmão (Grêmio), Lucas Piccinato (São Paulo) e Hoffmann Tulio (Cruzeiro).

Presença da torcida

Uma das vantagens de se ter times tradicionais do futebol masculino agora investindo também no futebol feminino é a presença mais frequente de um número maior de torcedores nos jogos. Nesta fase da A2, que valia a vaga para a primeira divisão, foi interessante ver a arquibancada apoiando demais as mulheres em busca da classificação.

No Pacaembu, estádio de fácil acesso em São Paulo, houve um bom público acompanhando a equipe tricolor, que antes vinha mandando jogos em Cotia, o que dificultava bastante a presença de mais gente. O técnico Lucas Piccinato falou da importância desse apoio para as jogadoras.

 

"Jogar aqui no Pacaembu é legal demais porque chama mais gente, as famílias, é muito importante o que o torcedor são-paulino fez hoje aqui, de participar do jogo. A gente espera na próxima fase contar de novo com esse estádio e com o apoio do torcedor", afirmou.

Em Gravataí, cidade a 30km de Porto Alegre onde o Grêmio tem mandado seus jogos, houve também uma presença de público considerável e uma grande comemoração com a confirmação da vaga.

"Por ser mais distante, a presença do público já não é tão grande como seria em Porto Alegre, por isso o fato de ter quase mil pessoas lá foi algo grandioso. Eu acompanhei o campeonato desde o início e certamente foi o jogo que teve mais público presente. Vimos várias mobilizações de torcedores, e era dia de Gre-Nal em Porto Alegre, isso também dificultou, as pessoas acabavam tendo que escolher um ou outro. Por tudo isso, foi bem legal ver o Pavilhão do estádio lotado. As gurias comemoraram demais com a torcida. Eles fizeram músicas específicas para elas. Então foi uma festa digna de decisão, tinha banda de torcida organizada, faixas, os trapos que a gente chama aqui, papel picado.Foi uma festa digna da conquista delas", relatou a repórter da Rádio Gaúcha, Renata de Medeiros, que esteve cobrindo o jogo.

Em Minas, o Cruzeiro ainda teve uma saudação especial entre torcedores e atletas que chamou bastante a atenção nas rede sociais.

 

E o Palmeiras, em Vinhedo, a 50km de São Paulo, também levou bom público ao estádio para apoiar as mulheres.

As expectativas são as melhores com os times grandes chegando à primeira divisão e a multiplicação dos clássicos. A rivalidade que já existe no futebol masculino acaba refletindo também no feminino e chamando mais gente para os jogos – no ano passado, o Santos registrou o maior público do ano na Vila Belmiro com o futebol feminino, na final do Paulista contra o Corinthians.

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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