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Seleção feminina tem camisa inédita e exclusiva em homenagem a 'guerreiras'

Renata Mendonça

11/03/2019 13h58

A seleção brasileira de futebol feminino tem um novo uniforme. Pela primeira vez na história, a Nike faz o lançamento de uma linha exclusiva a ser usada pelas mulheres na Copa do Mundo da França, em junho, em vez de dar a elas o mesmo modelo usado pela seleção masculina.

O principal destaque desse uniforme é justamente uma homenagem feita à história da seleção feminina no Brasil. Nas costas da gola da camisa, há a inscrição: "Mulheres Guerreiras do Brasil".

A ideia é homenagear todas as jogadoras que já vestiram a camisa da seleção e construíram a história do futebol feminino por aqui. Uma conquista e tanto pensando que, há 31 anos, quando as jogadoras brasileiras viajaram para a primeira Copa do Mundo – um torneio experimental da Fifa na China -, elas receberam o uniforme dos homens, no tamanho deles, para usar. Camisas gigantes, calções também, sem falar nos agasalhos. Assim descreveu a craque Sissi em entrevista às dibradoras.

"Todas as roupas que usamos eram do masculino. A gente não tinha nada. O uniforme era gigantesco. A gente dobrava o short para dar certo. Aí ficávamos rindo uma da cara da outra olhando essa situação. Mas na época ninguém se importava com isso, o que importava era a paixão, o sonho. A gente queria mostrar que a gente tinha capacidade", explicou Sissi.

Foi assim por muito tempo. Mesmo quando tiveram camisas com seus respectivos nomes nas costas, as jogadoras sequer podiam ficar com os uniformes para andar com eles na rua. Era preciso devolvê-los à CBF.

Em 2015, a Nike chegou a desenhar um uniforme só para elas, a camisa 2, azul, que foi utilizada na Copa do Mundo do Canadá. Mas mesmo após o apelo do público para que a camisa fosse comercializada, a marca não chegou a colocar nenhuma à venda. As dibradoras questionaram a empresa à época, e a resposta obtida foi que "a estratégia adotada era essa" para aquele momento.

Nike lançou uniforme das seleções para a Copa em evento em Paris; Foto: Camisas da seleção dos EUA/Divulgação Nike

Agora em 2019, finalmente a seleção feminina tem um modelo próprio de camisa, tanto a amarela quanto a azul, para homenagear as guerreiras que vestem esse manto. E, desta vez, os uniformes serão, sim, comercializados.

Por conta da Copa do Mundo que se aproxima e da nova fase do futebol feminino no país, tanto a Nike, quanto a Adidas estão lançando uniformes exclusivamente pensados para as mulheres, com designs diferentes e uma apresentação toda especial – a maioria deles foi divulgado no dia 8 de março, na comemoração pelo Dia Internacional da Mulher. A marca alemã, inclusive, divulgou na última semana que igualou as premiações entre homens e mulheres do bônus pago a vencedores da Copa do Mundo: ou seja, atletas patrocinados pela Adidas que eventualmente conquistarem a Copa do Mundo da França no futebol feminino receberão o mesmo valor de premiação que os atletas patrocinados pela Adidas campeões da Copa da Rússia receberam.

Para marcar esse momento especial da modalidade, nesta segunda-feira, a Nike promoveu um evento em Paris, sede da abertura do Mundial, para apresentar todos os modelos das 14 seleções que patrocina. A partir do dia 15 de março, as camisas da seleção feminina já estarão nas lojas disponíveis para os torcedores.

A patrocinadora da seleção ainda promoveu até esta segunda-feira uma exposição na Avenida Paulista contando a história do futebol feminino no Brasil, incluindo também uma menção à proibição da modalidade, que aconteceu no decreto-lei que vigorou de 1941 a 1979 no país.

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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