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‘Vão lavar louça’: time masculino insulta jogadoras e é retirado de torneio

Roberta Nina

05/02/2019 11h38

Equipe B feminina do Terrassa (Foto: Reprodução/Diário de Notícias)

A Espanha, que lotou os estádios há uma semana e bateu recorde de público para um jogo de futebol feminino, também demonstra que a luta por um futebol mais justo e igualitário ainda está só começando.

No último sábado (02/01) a equipe feminina B do Terrassa jogava uma partida de 2ª divisão em seu estádio – o Estádio Olímpico de Terrassa – quando os jogadores veteranos da mesma equipe passaram a insultar as atletas que estavam em campo durante o segundo tempo da partida.

O Terrassa enfrentava o Viladecavalls quando as atletas começaram a escutar os xingamentos. "Vai para a cozinha", "vai lavar louça", "vocês são umas merdas", diziam os homens enquanto aqueciam para entrar em campo na sequência.

As equipes protestaram contra os insultos recebidos e sentaram no meio-campo do gramado (Foto: Reprodução Twitter)

Segundo texto postado no Instagram da jogadora Itamar Sanchez – que defende o Viladecavalls – os protestos masculinos aconteceram por conta de um pequeno atraso que aconteceria no início da partida deles. 

A atitude dos veteranos causou muita indignação entre as duas equipes femininas e em grande parte do público que acompanhava o jogo.

Alexa Mayer era a árbitra da partida e, relatou as ofensas recebidas pelas jogadoras na súmula da partida e, como forma de protesto, as jogadoras interromperam a partida perto dos 30 minutos do segundo tempo, se sentaram no meio de campo para repudiar o que estava acontecendo.

"Parece mentira que estamos século XXI. Ontem éramos duas equipes em campo fazendo aquilo que mais gostamos e tivemos que aguentar comentários machistas de parte de uma equipe de veteranos, muitos dos quais são pais, que lástima", postou a jogadora do Terrassa Noemi Lopez em seu Twitter após o episódio.

A partida foi suspensa e, no mesmo dia, a direção do Terrassa condenou a postura da equipe masculina e anunciou que iria abrir uma investigação sobre o ocorrido.

Depois de avaliar o caso, o clube se pronunciou publicamente nesta segunda-feira (04/02) e, como punição, decidiu retirar o time dos homens da competição.

"O Conselho de Diretores tomou a decisão de, em conformidade com as disposições do Regulamento de Regimento Interno, retirar da competição a equipe de veteranos do clube por considerar que as desqualificações por insultos machistas são uma falta muito grave", diz um trecho do comunicado.

Esta não foi, nem será a primeira vez em que mulheres serão intimidadas por homens, especialmente dentro de um campo de futebol. Isso acontece diariamente no Brasil, na Espanha e em qualquer lugar do mundo. Seja no futebol profissional, no amador ou na pelada do final de semana.

Como bem disse a jogadora Itamar Sánchez, somente a união das mulheres é capaz de mudar este cenário. "Hoje, duas equipes com diferentes escudos e jogando contra se juntaram, todas nós fomos uma e nos demos o mesmo resultado, hoje todas nós ganhamos. E eu espero que se alguma mulher tenha que viver isso outra vez, saiba que não está sozinha, que somos muitas e que juntas sempre seremos mais fortes"

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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