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Lesionada em 2019, Adriana voltou para ser protagonista do Corinthians

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05/12/2020 04h00

Foto: Laura Zago / CBF

*Por Mariana Pereira

Chegamos à grande final do Campeonato Brasileiro Feminino 2020. O "agora ou nunca" para Corinthians e Avaí/Kindermann acontece neste domingo, às 20h, na Neo Química Arena após o empate em 0 a 0 no jogo de ida na Ressacada, em 22 de novembro.

Inclusive, a primeira partida da decisão evidenciou por que Corinthians e Avaí/Kindermann chegaram à final do maior campeonato nacional da modalidade. Com projetos sólidos voltados ao futebol feminino, por trás das equipes há dois grandes treinadores que duelaram tática e tecnicamente deixando o "gran finale" para Itaquera.

Além de Arthur Elias e Jorge Barcellos, ambos os times possuem bons elencos, é claro, e peças importantes que desequilibram. Pelo lado das paulistas, por exemplo, Adriana foi eleita a Craque da Partida em Florianópolis e por pouco não tirou o zero do placar.

A temporada 2020, aliás, tem sido iluminada para a atacante, que acabou ficando fora dos gramados por nove meses por conta de uma lesão em 2019.

A frustração

Foi em uma tarde ensolarada de Pacaembu que Adriana Leal da Silva teve seu sonho de defender a Seleção Brasileira em uma competição mundial interrompido. Diante do Santos, pela sexta rodada do Campeonato Paulista, a atleta de 24 anos sofreu sua segunda grave lesão de joelho justamente ao marcar o segundo gol da partida, que terminou em 3 a 2 para o Corinthians.

Seu nome estaria entre as convocadas no dia seguinte para disputar a Copa do Mundo feminina, na França. Porém,  foi constatada lesão no ligamento do joelho esquerdo, e então Adriana foi cortada do Mundial, e também perdeu o restante da temporada pelo Corinthians, que incluiria final de Paulista, Libertadores e Brasileiro. "Claro que é sempre complicado estar fora, ainda mais por lesão, mas eu sempre estava motivando as meninas da melhor maneira possível para que elas conquistassem aqueles títulos. Naquele ano não era só delas, era meu também", conta a jogadora.

 

Foram longos nove meses de recuperação para enfim Adriana ter o tão esperado reencontro com as competições. E foi logo num dérbi, na estreia do Corinthians no Brasileiro Feminino 2020, em Vinhedo. Na rodada seguinte, diante do Avaí/Kindermann, gol da camisa 16. De lá para cá, ela se tornou a vice-artilheira da equipe na competição com seis gols e voltou a ser peça fundamental na equipe de Arthur Elias.

"Graças a Deus eu voltei muito bem da minha segunda lesão no joelho, que foi um momento bem difícil para mim. Eu tive que repensar muitas coisas e minha família me ajudou bastante, minha esposa Natália esteve sempre do meu lado, assim como minhas companheiras de clube e principalmente a comissão técnica. Eu tive um suporte muito grande do Corinthians, tive a oportunidade de tratar a lesão no profissional do masculino e isso me ajudou bastante para que eu voltasse ainda melhor, sempre jogando em alto nível, que é a minha principal prioridade no momento", diz a atleta.

Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

A volta por cima credenciou Adriana a estar novamente com a Seleção Brasileira Feminina, que se prepara para os Jogos Olímpicos de Tóquio, adiado para o ano que vem por conta da pandemia de Covid-19. Sob o comando da técnica Pia Sundhage, a jogadora do Corinthians foi chamada nas duas vezes que permitiam atletas atuantes no Brasil.

"Foram dias muito importantes para mim,  sempre saí de lá com uma bagagem muito grande de aprendizado. A Pia é uma ótima treinadora, assim como toda a comissão que me passa uma confiança muito grande. Nessa última convocação, principalmente, eu saí de lá uma atleta bem melhor e bem mais preparada para que eu possa corresponder a todas as expectativas possíveis que eles esperam de mim. Agora é me preparar cada vez melhor e se Deus quiser beliscar uma vaguinha na lista dela (Pia) para as Olimpíadas, que é um grande objetivo para mim e sonho para qualquer atleta", afirma Adriana.

Em busca do seu segundo título Brasileiro, onde já possuí um com o próprio Corinthians, em 2018, a piauiense se diz bastante animada para a finalíssima de domingo e destaca a evolução da competição ao longo dos anos.

Foto: Divulgação

"Eu estou bem feliz e bastante motivada. A gente trabalhou muito o ano inteiro para estar preparada para esses momentos que sabíamos que iria acontecer. Os times evoluíram bastante e a cada ano os campeonatos estão sendo mais difíceis. Desde o início, o Arthur montou um grupo com grandes jogadoras e isso facilita muito o nosso trabalho porque mesmo que uma não jogue, o nível do time continua o mesmo e isso é o que nos faz fortes e nos faz chegar bem preparadas em cada final", explica Adriana. "A gente está bem feliz com isso, vamos com tudo para sermos campeãs e também chegar à final do Paulista e atingir o nosso objetivo, que é vencer", pontua.

Os caminhos de Adriana mostram que a lesão sofrida em 2019 apenas pausou a ascensão da atleta na modalidade. Artilheira do Campeonato Brasileiro Feminino em 2018, com 14 gols, craque da Partida no jogo de ida da final 2020 e presença frequente nas listas de Pia, seria um clube estrangeiro o próximo passo da camisa 16 na carreira?

"Todo atleta pensa em jogar fora do país e comigo não é diferente. Eu tenho o objetivo sim de jogar fora, mas acho que temos que pensar direitinho porque não dá para ir para qualquer time. Assim que terminar a temporada eu vou sentar direitinho com o meu empresário e ver como vão ficar as coisas para o ano que vem", explica Adriana.

Antes disso, ela tem um desafio importante pela frente: primeiro, a final do Brasileiro feminino no domingo (com transmissão da Band, ESPN, Twitter @BrFeminino e Rádio CBN); depois, a semifinal do Paulista. Até o dezembro, o foco da atacante está em conquistar todos os títulos possíveis com a camisa alvinegra.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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