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Final tem tradição de Avaí/Kindermann diante do supercampeão Corinthians

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21/11/2020 04h00

Os treinadores de Corinthians e Avaí/Kindermann e suas capitãs (Foto: Mariana Sá/CBF)

* Por Mariana Pereira

Finalmente conhecemos os finalistas desta temporada do Campeonato Brasileiro Feminino. Avaí/Kindermann e Corinthians passaram, respectivamente, por São Paulo e Palmeiras – que subiram da A2 em 2019 – e iniciam neste domingo (22), às 20h na Ressacada, a caminhada pelo título.

A edição de 2020 está atípica por conta da pandemia do Covid-19, então nem o estádio do Avaí e nem a Neo Química Arena, palcos das finais, poderão contar com a torcida. Entretanto, há três maneiras de o torcedor acompanhar os jogos: Band, ESPN e a conta oficial da competição no Twitter, o @BRFeminino.

Foto: Mariana Sá / CBF

Vamos conhecer um pouco mais sobre os times que decidem o principal campeonato nacional da modalidade? Tem representante do Sul e do Sudeste do país na área, assim como atletas convocadas para amistosos com a Seleção Brasileira Feminina (diante do Equador nos dias 27 de novembro e 1 de dezembro, ambos em São Paulo)!

Avaí/Kindermann

Com oito vitórias, três empates e quatro derrotas na primeira fase, a equipe de Caçador (185km de Florianópolis) garantiu a classificação para o mata-mata ao ficar na sexta colocação, com 27 pontos. Nas quartas de final, venceu o Internacional por 3 a 1 no jogo de ida e empatou a volta por 1 a 1. Já nas semis, repetiu o placar de 3 a 1 diante do São Paulo em Cotia e perdeu na Ressacada por 1 a 0. Em 19 partidas, a equipe possuí o segundo melhor ataque do torneio, com 46 gols e têm as atacantes Lelê e Catyellen, com dez e nove gols, respectivamente, brigando pela artilharia.

Fundado em 1975 inicialmente apenas para o futebol masculino, foi em 2004 que o Kindermann voltou seus olhos para as mulheres e fundou um time de futsal feminino. Já no primeiro ano dentro das quadras, o clube sagrou-se campeão catarinense de futsal nas três categorias que disputou: adulto, Sub-20 e Sub-17. E então, em 2008 o projeto se estendeu para o campo.

Já são 11 Campeonatos Catarinenses, um vice Brasileiro em 2014 e uma Copa do Brasil em 2015, mesmo ano em que uma tragédia assolou a história da agremiação, forçando o fim das atividades. Josué Henrique Kaercher, então técnico do feminino, foi brutalmente assassinado por Carlos José Correa, ex-treinador do clube e que veio a falecer em maio de 2020 no presídio de Curitibanos (SC).

Passados dois anos, em 2017 o Kindermann retoma suas funções e anuncia Jorge Barcellos à frente do feminino, onde permanece até hoje. Campeão Pan-Americano de 2007, mesmo ano do vice Mundial e prata nos Jogos Olímpicos de Pequim com a Seleção Brasileira, o carioca de 53 anos venceu os três estaduais que o time disputou desde a retomada e tem agora sua primeira final de Brasileiro pela frente.

Jorge Barcellos, treinador da equipe de Caçador-SC (Foto: Mariana Sá / CBF)

"As ideias que foram colocadas lá atrás foram amadurecendo com o tempo, quando começamos em 2017. A estrutura, tudo o que foi oferecido para que pudéssemos cumprir o que foi planejado antes é muito do nosso presidente (Salézio Kindermann). Sabíamos da dificuldade, mas ele apostou na nossa ideia, isso foi primordial. Por mais que eu tenha tempo trabalhando com futebol feminino, sempre me senti um estranho no ninho e lá a gente dividi muito, tem suporte feminino que me dá uma força muito grande e graças a Deus a metodologia aplicada foi comprada pelas jogadores e isso facilitou para termos um avanço a cada ano. Sabíamos que o momento ia chegar e agora temos que vivenciar isso", disse Jorge Barcellos na coletiva de imprensa da última sexta-feira (20).

A palavra "avanço" descreve muito bem o que vem sendo a trajetória do time catarinense no Brasileirão Feminino desde 2017, quando retomou suas atividades. No mesmo ano e no seguinte, 2018, o clube chegou às quartas de final da competição. Já em 2019, quando firmou a parceria com o Avaí, parou nas semis diante da atual campeã, a Ferroviária. Em um caminho natural, chega à sua primeira final na temporada 2020.

"A gente batalhou há quatro anos para reestruturar a equipe toda, começamos do zero, sem nada e fomos galgando. No Brasil estamos acostumados com o imediatismo, mas foi comprovado que com o tempo e apostando nos profissionais certos a gente consegue avançar. Fico muito feliz porque é produto daquilo que fizemos juntos com as jogadoras e eu sou só um facilitador, quem executou foram elas, elas que merecem todo o elogio. São meninas sensacionais que em campo se tornam um grupo", afirmou Barcellos.

(Foto: Leandro Boeira/AvaiFC)

Nos campos do Brasileirão Feminino, nomes como os da zagueira Mimi, das meio-campistas Barrinha, Djeni, Camilinha e Andressinha e das atacantes Cacau, Gabi Portilho e Giovanna Crivelari já vestiram a camisa do Kindermann. Hoje, são Bárbara, Duda, Júlia Bianchi (todas as três presentes na mais recente convocação da Seleção Brasileira Feminina, as duas últimas pela primeira vez), Catyelle, Lelê, Simeia, Tuani e outras que têm a missão de levar o Avaí/Kindermann ao lugar mais alto do país.

Corinthians

Líder da competição na primeira fase com 93% de aproveitamento, apenas uma derrota e um empate em 19 jogos, dono do melhor ataque com 53 gols e também da melhor defesa, com oito gols sofridos. Esse é o Corinthians, detentor da melhor campanha de 2020 e que chega à sua quarta final consecutiva de Brasileirão com Arthur Elias à frente do time desde 2016.

"Tivemos uma estrutura que me desse essa oportunidade, é a quarta final consecutiva, mas tá 2×1 pro vice", brincou o comandante alvinegro na coletiva de imprensa da última sexta-feira (20). Arthur se refere à final de 2019 onde perdeu o título para a Ferroviária, à decisão de 2017, onde o campeão foi o Santos e também à final de 2018, onde o Corinthians venceu o torneio em cima do Rio Preto.

Na conta pessoal do treinador de 39 anos, há um título de Brasileiro Feminino lá em 2013, quando ele ainda era técnico do Centro Olímpico. No elenco atual do Timão, Tamires, Erika e Gabi Zanotti (artilheira daquela edição com 12 gols) integravam aquele grupo campeão.

O mata-mata de 2020 do Timão incluiu o Grêmio nas quartas de final (vitória alvinegra na ida por 3 a 0 e na volta por 2 a 1) e o clássico com o Palmeiras nas semis. No Allianz Parque, as palestrinas se fecharam muito bem e garantiram o 0 a 0, mas na volta não conseguiram segurar o ímpeto ofensivo corintiano e perderam por 3 a 0 (com direito a gol olímpico de Ingryd na Neo Química Arena).

Arthur Elias, treinador do Corinthians (Foto: Bruno Teixeira/Ag. Corinthians)

Assim como o Avaí/Kindermann, o Corinthians é exemplo de que trabalho sério de longo prazo dá resultados. Na parceria com o Adaux, o clube venceu a Copa do Brasil de 2016. Já no caminho com as próprias pernas angariou as Libertadores de 2017 e 2019, o Paulista de 2019 e o Brasileiro de 2018. Não à toa, é considerada, hoje, a equipe a ser batida.

"É difícil ganhar sempre. Continuar significa ganhar mais uma vez e por isso que a gente trabalha demais e não olha para o que fizemos lá atrás, nos anos anteriores. Essa é uma final com uma grande equipe e o campeonato está em aberto. Nós fizemos mais pontos que o Kidnermann, assim como fizemos com a Ferroviária e perdemos no ano passado. Hoje o momento é diferente, precisamos ter o foco total. Nós estamos jogando o Paulista e não é fácil. Temos uma equipe que está acostumada e agora é fazer o nosso melhor. Confio muito na nossa equipe para que sejamos merecedores de sermos campeões nessa final de Brasileiro", apontou o comandante.

O Corinthians não tem atleta brigando diretamente pela artilharia do torneio (Giovanna Crivelari é a que mais se aproxima, com sete gols), e isso diz muito sobre a equipe, já que no esquema de Arthur Elias todas podem chegar à área e marcar. Com um elenco recheado, experiente e muito bem treinado, o destaque do time acaba sendo ele mesmo. Já para a técnica da Seleção Brasileira, Pia Sundhage, Lelê, Tamires, Erika, Adriana e Andressinha são quem merece a chance de disputar os amistosos diante do Equador.

Vale lembrar que o campeonato contou com 16 equipes e terminou com Iranduba-AM, Audax, Ponte Preta e Vitória rebaixados. O Brasileirão A2 está em andamento, portanto, ainda não conhecemos os quatro times que estarão na elite em 2021.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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