Brasil goleia Canadá em 'jogo que ninguém viu' na China
A seleção brasileira feminina entrou em campo nesta quinta-feira às 5h da manhã para enfrentar o Canadá no chamado "Torneio da China", uma competição amistosa que ocupará as duas últimas datas Fifa do ano, mas ninguém conseguiu ver o que aconteceu dentro de campo. Isso porque a CBF não conseguiu viabilizar o sinal de transmissão a tempo, e nem o Brasil, nem o Canadá conseguiram exibir a partida para seus países.
O jogo acabou com o placar de 4×0 para o Brasil com gols de Chu, Formiga e dois de Bia Zaneratto. Esse foi o quinto jogo de Pia Sudhage no comando da seleção sem derrota (são quatro vitórias e um empate)
A treinadora começou com uma escalação testando um meio-campo diferente, já que é nesse setor que ela busca as maiores mudanças no time. O time foi a campo com Bárbara; Letícia Santos, Erika, Kathellen e Tamires; Luana, Formiga, Debinha e Chú; Marta e Bia Zaneratto.
A sueca colocou duas jogadoras que costumam jogar na frente (Debinha e Chú) para ocupar melhor o setor do meio-campo e da construção ofensiva numa tentativa de melhorar a transição da defesa por ataque e possibilitar menos espaços para o time adversário. Pelo resultado do jogo, a estratégia deu certo e a seleção brasileira não teve dificuldades para construir o resultado.
O Brasil abriu o placar no início do jogo, aos 12 minutos, com Chu, que pegou um rebote no chute de Bia Zaneratto. Aos 12, Marta iniciou a jogada, driblou a marcadora e serviu Formiga em um cruzamento preciso. Aos 41 anos, Formiga marcou de cabeça o segundo gol brasileiro na partida.
Ainda no primeiro tempo, Debinha serviu Bia Zaneratto que ampliou o placar em um chutaço no alto, sem chances para a goleira canadense. O Brasil foi para o intervalo vencendo por 3×0.
O Brasil voltou para o segundo tempo botando pressão e Aline Milene quase teve chance de deixar o seu. O Canadá chegou com perigo aos 8 minutos e Jordyn carimbou a trave brasileira. Mas, na sequência, Tamires serviu Bia Zanerrato, se livrou da marcação e, de cara com a goleira, anotou o quarto gol do Brasil.
As canadenses ainda buscaram o gol, mas não conseguiram ser efetivas. O Brasil também seguiu partindo pra cima e com Bia (que acertou a trave), Andressa e Andressinha (que não conseguiram passar pela goleira canadense), o jogo acabou 4×0 para a seleção brasileira.
Com o resultado, o Brasil disputa a final da competição, marcada para domingo (10), às (8h45), com o vencedor do confronto entre China e Nova Zelândia. O terceiro lugar será disputado no mesmo dia.
Jogo que ninguém viu
Assim como aconteceu em 2017, quando o Brasil disputou esse mesmo torneio em novembro, os jogos não tiveram transmissão por conta da burocracia chinesa em liberar o sinal. Como já é conhecido no mundo inteiro, o acesso à internet na China é restrito e é necessária autorização governamental para exibições de torneios fora do país. Por conta disso, nem brasileiros, nem canadenses conseguiram acompanhar o jogo – pela falta de sinal, não houve qualquer transmissão oficial da partida.
Diante dessas dificuldades básicas, é preciso se questionar se vale mesmo a pena usar uma data Fifa para disputar um torneio do outro lado do mundo, que não necessariamente traz as melhores seleções como adversárias e que sequer possibilita as partidas serem transmitidas no país de quem disputa a competição.
O fuso-horário para as jogadoras que viajaram do Brasil, por exemplo, é de 12 horas e a maioria delas ainda está em competição por aqui. Das cinco convocadas atuantes no país, quatro são do Corinthians, que vem de longa viagem para o Equador (23 dias) na disputa pela Libertadores, para depois voltar ao Brasil e em três dias disputar a final do Paulista, e na sequência viajar nesse mesmo dia à noite para a China, com retorno marcado para 13 de novembro e disputar o jogo do título estadual na manhã do dia 16.
A maratona é grande para jogos que talvez não sejam os maiores testes para essa seleção de Pia – o Canadá ainda é uma das seleções mais bem ranqueadas na Fifa, mas China e Nova Zelândia ficam muito atrás – e que, principalmente, sequer poderão ser analisados por quem acompanha a modalidade, já que não houve transmissão desse primeiro jogo contra as canadenses. Como seria possível criticar ou questionar decisões técnicas se não há nem a possibilidade de assistir à partida?
Assim como no masculino a CBF está recebendo críticas pelas escolhas dos locais dos amistosos, está na hora do departamento de futebol feminino também ser cobrado por esse tipo de acordo. Em uma próxima ocasião, deveria aceitar o convite de ir à China se o país garantir a liberação do sinal. Afinal, isso é o básico do básico. Ou alguém consegue imaginar um jogo da seleção masculina sem transmissão?
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