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Final da Supercopa da UEFA será apitada pela 1ª vez por uma mulher

Roberta Nina

02/08/2019 11h58

Árbitra Stéphanie Frappart durante a EURO 2017 na partida entre Noruega e Dinamarca (Foto: ©Sportsfile)

No dia 14 de agosto, em Istambul, a francesa Stéphanie Frappart fará história novamente. Depois de quebrar uma barreira em seu próprio país quando apitou uma partida da Ligue 1 (a elite do futebol francês), Frappart, agora, será a árbitra principal do duelo masculino entre Liverpool e Chelsea válido pela final da Supercopa da UEFA.

Com isso, uma mulher apitará pela primeira vez uma decisão da competição europeia. Antes dela, a suíça Nicole Petignat apitou três jogos da fase de qualificação da Taça UEFA, entre 2004 e 2009.

Na final da UEFA, Frappart liderará a equipe de arbitragem composta por outras mulheres. Ela estará acompanhada por Manuela Nicolosi, da França, e Michelle O'Neill, da Irlanda, que serão suas assistentes.

"Já disse em várias ocasiões que o potencial para o futebol feminino não tem limites e estou satisfeito por Stéphanie Frappart ter sido nomeada para arbitrar na Super Taça Europeia deste ano, juntamente com as árbitras assistentes Manuela Nicolosi e Michelle O'Neill", afirmou o Presidente da UEFA. Aleksander Čeferin.

O chefe de arbitragem da UEFA, Roberto Rosetti, também elogiou o trabalho de Frappart, declarando que a árbitra merecia a oportunidade de supervisionar um evento de tão alto nível. "Stéphanie provou ao longo de vários anos que é uma das melhores árbitras, não apenas na Europa, mas em todo o mundo", disse Rosetti.

Frappart em ação durante a Copa do Mundo Feminina, na França (Foto: ©Getty Images)

Recentemente, Frappart também foi escolhida para apitar a final da Copa do Mundo Feminina, em Lyon, entre Estados Unidos e Holanda. Antes disso, Frappart já havia atuado como árbitra na Copa do Mundo Feminina de 2015, no Canadá, e no Mundial Sub-20 de 2018, apitando inclusive a final entre Espanha 1×3 Japão.

"Ela tem a capacidade de treinar no maior palco, como ela provou na final da Copa do Mundo Feminina deste ano. Espero que esta partida em Istambul proporcione a ela mais experiência enquanto entra no auge de sua carreira de arbitragem", concluiu Rosseti.

Stéphanie Frappart tem 35 anos e faz parte do quadro de árbitros da Federação Francesa de Futebol (FFF) desde 2014. Em entrevista à AFP, Frappart disse que a escolha dela para atuar na primeira divisão foi um "reconhecimento de sua competência". "Eu não quero receber benefícios ou ser escalada na Ligue 1 porque sou mulher. O que estou conseguindo agora é reconhecimento pelo meu trabalho", afirmou.

Abrindo espaços

A alemã Bibiana Steinhaus entrou para a história ao ser a primeira árbitra a apitar um jogo da elite na Europa, na Bundesliga, durante a temporada 2017-2018. E foi reunindo a experiência de anos na segunda divisão, além de uma final de Copa do Mundo em 2011, uma final olímpica em 2012 e uma final de Champions League em 2017 (essas todas no futebol feminino) que Steinhaus finalmente conseguiu chegar à elite do futebol alemão.

Bibiana Steinhaus mostra um cartão vermelho para Kerem Demirbay, do Fortuna Dusseldorf. (Foto: BPI / Rex Shutterstock)

Uma conquista imensa – e tardia – que, para nós, brasileiros, já veio há mais tempo, quando Silvia Regina assumiu o apito em jogos do Brasileirão masculino no início da década de 2000. Mas que precisa ser valorizada para que não aconteça o que aconteceu por aqui – afinal de contas, depois dela, as mulheres ficaram anos sem ter uma chance na primeira divisão, a não ser como bandeirinha.

Quem quebrou esse hiato recentemente foi Edina Alves Batista que, após quase 15 anos, voltou a ocupar o posto de árbitra principal em um jogo da elite do futebol brasileiro. Foi em maio deste ano, no estádio Rei Pelé, em Maceió, que a árbitra paranaense comandou o jogo entre CSA e Goiás, pela Série A do Brasileirão. Na ocasião, Neuza Back foi sua assistente. 

Primeiro trio de arbitragem de brasileiras na Copa: a juíza Edina Alves e as auxiliares Neuza Back e Tatiane Sacilotti (Foto: CBF)

Assim como Frappart, Edina também teve a oportunidade de trabalhar na Copa do Mundo Feminina, realizada na França de junho a julho. Ao lado das assistentes Neuza Inês Back e Tatiana Sacilotti, a árbitra brasileira foi a responsável por apitar os jogos entre Nova Zelândia 0 x 1 Holanda (fase de grupois), China 0 x 0 Espanha (fase de grupos), Itália 2 x 0 China (oitavas de final) e Estados Unidos 2×1 Inglaterra (semifinal).

Atualmente, as mulheres representam apenas 10,28% do quadro de árbitros da CBF. São 752 homens atuando na arbitragem (248 árbitros principais, 355 assistentes e 149 analistas de desempenho), e 86 mulheres (sendo 18 árbitras, 59 assistentes e 9 analistas).

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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