Quem é a primeira árbitra a apitar um jogo de 1ª divisão na França
*Por Roberta Nina e Renata Mendonça
Às vésperas da Copa do Mundo Feminina que acontecerá na França entre os dias 7 de junho e 7 de julho, uma mulher irá apitar uma partida de futebol pela primeira vez no principal torneio do país que sediará o Mundial das mulheres.
Stéphanie Frappart faz parte do quadro de árbitros da Federação Francesa de Futebol (FFF) desde 2014 – tem 35 anos e será a árbitra principal do jogo entre Amiens e Strasbourg que vai acontecer no domingo (28/4) pelo Campeonato Francês.
Nesta temporada, segundo o site "Transfermarkt", Frappart trabalhou em 15 jogos profissionais masculinos, sendo 13 da segunda divisão, um da terceira e outro da Copa da França. Ela já atua, aliás, na segunda divisão francesa (Ligue 2) há cinco anos e tem acumulado experiência para poder estrear na principal competição do futebol masculino.
Em entrevista recente à AFP, Frappart disse que a escolha dela para atuar na primeira divisão foi um "reconhecimento de sua competência". "Eu não quero receber benefícios ou ser escalada na Ligue 1 porque sou mulher. O que estou conseguindo agora é reconhecimento pelo meu trabalho", afirmou.
A indicação de Frappart também faz parte de uma ação da federação local que tem como intuito preparar a profissional para a Copa do Mundo, já que ela está escalada para trabalhar na competição feminina em junho deste ano.
"Como parte de sua preparação para a Copa do Mundo Feminina de 2019, a árbitra francesa foi indicado pela Diretoria de Arbitragem da FFF para arbitrar na rodada seguinte da Ligue 1", postou a FFF em sua conta no Twitter.
"Sua preparação, técnica e atlética, também será voltada para o uso da assistência em vídeo, que estará em funcionamento nesta Copa do Mundo", postou a federação em seu site.
Frappart também atuou como árbitra na Copa do Mundo Feminina de 2015, no Canadá, e no Mundial Sub-20 de 2018, apitando inclusive a final entre Espanha 1×3 Japão.
A primeira da Europa
A alemã Bibiana Steinhaus entrou para a história ao ser a primeira árbitra a apitar um jogo da elite na Europa, na Bundesliga, durante a temporada 2017-2018. Árbitra de futebol desde 1999, ela sonhava com o dia em que estaria no centro do campo apitando os jogos mais importantes do futebol alemão.
E foi reunindo a experiência de anos na segunda divisão, além de uma final de Copa do Mundo em 2011, uma final olímpica em 2012 e uma final de Champions League em 2017 (essas todas no futebol feminino) que Steinhaus finalmente conseguiu chegar à elite do futebol alemão. Assim, se tornou a primeira mulher a apitar jogos de primeira divisão do futebol masculino nas principais ligas europeias.
Uma conquista imensa – e tardia – que, para nós, brasileiros, já veio há mais tempo, quando Silvia Regina assumiu o apito em jogos do Brasileirão masculino no início da década de 2000. Mas que precisa ser valorizada para que não aconteça o que aconteceu por aqui – afinal de contas, depois dela, nenhuma outra mulher teve a mesma chance na primeira divisão, a não ser como bandeirinha (e mesmo essas já estão cada vez mais escassas).
Atualmente, as mulheres representam apenas 10,28% do quadro de árbitros da CBF. São 752 homens atuando na arbitragem (248 árbitros principais, 355 assistentes e 149 analistas de desempenho), e 86 mulheres (sendo 18 árbitras, 59 assistentes e 9 analistas).
Preconceito
A vida de qualquer árbitro de futebol não é fácil, por toda a pressão que o jogo (e a torcida) colocam nele(a), mas para quem é mulher nesse território ainda extremamente masculino, o trabalho é ainda mais ingrato.
Os árbitros homens são sempre "burros", "cegos", "ladrões" quando cometem um erro ou tomam uma decisão que desagrada aos jogadores e a torcida. Mas se quem estiver com o apito for uma mulher, aí ela "tem que voltar para a cozinha", porque "isso não é lugar de mulher".
Foi o que a árbitra alemã, Bibiana Steinhaus, ouviu de um jogador em fevereiro de 2015. O meio-campista Kerem Demirbay, do Fortuna Düsseldorf, disse a ela que "mulheres não pertencem ao jogo dos homens" quando recebeu seu segundo cartão amarelo na partida.
O caso ganhou grande repercussão, e o jogador acabou punido. Ele chegou a ligar para a árbitra para pedir desculpas, foi suspenso por cinco jogos e teve de apitar uma partida de meninas em um campeonato de juniores.
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