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Pela 1ª vez, seleção feminina perde para Espanha e soma 8 derrotas seguidas

Renata Mendonça

05/04/2019 17h26

Foto: Laura Zago CBF

A seleção brasileira de futebol feminino entrou em campo nesta sexta-feira para enfrentar a Espanha e até saiu na frente no placar, mas acabou tomando a virada e saiu com a derrota por 2 a 1. É a primeira vez na história que o Brasil perde para as espanholas no futebol feminino. E essa também foi a oitava derrota consecutiva da seleção sob o comando do técnico Vadão.

O gol do Brasil foi marcado por Marta no primeiro tempo em um lance de oportunismo, em um toque de cabeça com maestria da melhor jogadora do mundo. Após cruzamento de Joyce, a bola passou pela defesa espanhola, pingou na área, e Marta apareceu para finalizar de cabeça com perfeição, no ângulo da goleira. Mas a seleção caiu muito de ritmo no segundo tempo e viu a Espanha dominar completamente a partida. Putellas e Torrencilla aproveitaram falhas da defesa brasileira e viraram o jogo para as donas da casa.

Foi mais uma partida que evidenciou alguns erros de organização tática do Brasil, apesar da melhora no setor do meio-campo – que praticamente inexistiu nos amistosos anteriores da She Believes Cup. A dois meses do início da Copa, os resultados e, acima de tudo, o desempenho da seleção brasileira em campo preocupam. A estreia do time de Vadão na Copa será em 9 de junho diante da Jamaica.

"Acho que os primeiros trinta minutos de jogo foi equilibrado, nós sabíamos que o forte da Espanha é o toque de bola, não tem muita profundidade, elas jogam com toques rápidos e tentando romper as linhas. A gente teve boas oportunidades nesses primeiros 30 minutos. Mas mais uma vez cometemos erros de passe principalmente no ataque quando a gente puxava alguns contra-ataques, mas não tivemos êxito nos passes e logicamente isso complicou bastante", analisou Vadão. 

Foto: Laura Zago / CBF

O jogo

O Brasil teve alterações na escalação, tanto no setor defensivo, quanto no ofensivo. Vadão voltou a escalar Formiga e Thaísa no meio, com Debinha, Geyse, Adriana e Marta lá na frente. O treinador deixou Andressa Alves no banco e trocou também a lateral, escalando Joyce pelo lado esquerdo.

No primeiro tempo, foi possível ver uma melhora na ligação de defesa e ataque, com o meio-campo se aproximando mais do setor ofensivo do Brasil. Mas a formação assim também fez com que Marta tivesse que voltar muito na defesa, aparecendo muitas vezes mais lá atrás do que na frente. E logo na primeira vez que ela apareceu dentro da área, aproveitou para marcar.

Outro problema da seleção foi o excesso de erros de passe. Era difícil completar três deles sem algum erro. Isso fez com que a bola ficasse mais com a Espanha, que tem uma característica forte de toque de bola e passes certeiros . Nesse quesito, foi uma aula das adversárias em campo, que constantemente chegavam com perigo diante do gol de Bárbara. A goleira por diversas vezes chamou a atenção da defesa por conta disso.

No segundo tempo, o Brasil sumiu em campo. Ficou apenas na defesa, tentando segurar a Espanha, que partia com tudo em busca do empate. Hermoso, a camisa 10, comandava as jogadas, principalmente explorando o lado direito do ataque delas (esquerdo da nossa defesa).

De tanto insistirem, as espanholas chegaram ao empate em uma jogada justamente por esse lado. Hermoso apareceu livre para cruzar e Putellas teve espaço na pequena área para empurrar para o gol.

Pouco se ouviu o nome de Marta no segundo tempo. Ela ficou totalmente atrás, ajudando a defesa, assim como todo o time do Brasil, que não conseguia acertar os passes para partir para o ataque. Vadão colocou Andressa Alves no meio, Jucinara na lateral esquerda, Raquel na frente, Luana no meio, mas ainda assim, a seleção pouco ameaçou as espanholas. E mais uma vez sobrou o espaço para elas finalizarem. Torrecilla aproveitou a bola sobrada na área e chutou para virar o placar.

Seleção espanhola comemora triunfo diante do Brasil (Foto: Twitter/Selección Española)

"Não poderia ser mais esperançosa – a apenas dois meses do início do Mundial – nem mais épica uma vitória de virada, apesar dos desfalques que a equipe nacional teve em sua turnê por Extremadura (região oeste da Espanha)", declarou a seleção espanhola em seu site oficial.

Essa vitória da Espanha tem um enorme significado para uma seleção que está em acensão, mas também acende um alerta para o time brasileiro que ainda não se encontrou em campo desde o meio do ano passado. A última vitória do Brasil em jogos oficiais aconteceu diante do Japão em julho de 2018, no Torneio das Nações.

Na próxima segunda-feira (08/04), o Brasil enfrenta a Escócia, a partir das 15h (horário de Brasília) com transmissão do SporTV.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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