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Com mulheres no comando, Ponte se une ao vice-campeão brasileiro feminino

Roberta Nina

23/01/2019 04h00

Nesta segunda-feira (21/01), a Ponte Preta anunciou que o futebol feminino do clube está com novidades para 2019. Após dois anos de parceria com o Valinhos, o tradicional time campineiro se uniu a uma das equipes mais vitoriosas da modalidade feminina, que é o Juventude de Rio Preto – equipe de São José do Rio Preto.

A equipe nasceu em 1996 porque Chicão Reguera e Doroteia de Souza – pais de Milene, Sharlene e Darlene – queriam fazer um time de futebol onde suas meninas pudessem ter a chance de jogar bola. A partir do ano 2000, contaram com o apoio da Prefeitura de Rio Preto e para esta temporada, o clube multicampeão espera fazer uma nova história com a Ponte Preta.

"Escolhemos a Ponte por ser uma grande equipe e pelas condições de trabalho que estão nos dando. Será como uma concessão de uso da marca com total liberdade para trabalhar da minha maneira com a equipe. Deixei um legado no Rio Preto com uma boa posição no ranking e agora pego o legado da Ponte Preta", afirmou Doroteia em entrevista às dibradoras.

Ao longo de 22 anos, o Rio Preto esteve presente nas fases decisivas dos principais campeonatos de futebol feminino. Entres os títulos conquistados, estão 16 títulos nos Jogos Regionais sem perder uma partida e diversas medalhas nos Jogos Abertos da região, sem contar o primeiro lugar no campeonato nacional (2015) e no Paulista (2016 e 2017). 

Nos últimos anos com a antiga parceria, a Ponte Preta revelou a craque Kerolin Nicoli, de 19 anos. A ex-jogadora da equipe de Campinas foi destaque nos campeonatos de base vestindo a camisa da seleção brasileira e chegou à equipe principal no final do ano passado, quando foi convocada para um amistoso contra a Inglaterra.

Pelo Twitter, Kerolin revelou que jogará este ano pelo Palmeiras – que está próximo de anunciar uma parceria com o Valinhos.

Kerolin foi eleita como a jogadora revelação do Brasileiro 2018 (Foto: Lucas Figueiredo/CBF)

Equipe principal e de base

O time principal da Ponte Preta será comandado por Doroteia e Chicão – experiência que já acumulam há alguns anos – e o elenco será formado por jogadoras remanescentes da equipe de Rio Preto. "Nossa equipe está praticamente formada por nossas atletas e outras que já foram nossas e estão voltando, além da base. Não temos intenção de buscar nomes famosos para compor nossa equipe. Minha intenção é sempre fazer o nome da atleta enão contratar uma jogadora com nome feito", afirmou a treinadora.

Os treinos e jogos da Ponte Preta acontecerão em Rio Preto, mas existe a possibilidade da equipe jogar em Campinas, principalmente em fases decisivas.

As categorias de base (sub-17 e sub-18) também serão contempladas no novo projeto. "A ideia é fomentar o futebol feminino na cidade (de Rio Preto), capacitando garotas daqui e queiram jogar futebol. E, de certa forma, a base serve para abastecer a equipe principal também", revelou Jéssica de Lima, ex-jogadora do Rio Preto e atual treinadora da equipe de base.

Jéssica de Lima, ex-jogadora do Rio Preto e atual treinadora da base (Foto: Luana Sena/CBF)

Jéssica começou sua carreira jogando no Marília quando foi observada por Doroteia e recebeu o convite para defender o Rio Preto. Durante a carreira, a atleta também defendeu as equipes do São Paulo, São Bernardo e pelo Marsala (Itália). 

Entre idas e vindas, Jéssica defendeu a equipe de Rio Preto por 20 anos e se despediu dos gramados no fim do ano passado, aos 37 anos, disputando mais uma final de Campeonato Brasileiro. Ex-volante do time, a jogadora sempre foi uma referência para a equipe e agora, se torna ainda mais uma peça fundamental no desenvolvimento do futebol feminino na cidade.

"Saí muito cedo de casa pra jogar futebol. E não saí para tentar dar certo. Tinha que dar certo de qualquer jeito. Mas eu já estava me preparando para fazer essa transição", revelou. Além de treinar os times de base, Jéssica atuará como preparadora física da equipe principal.

As duas funções já eram exercidas por ela quando ainda era jogadora do Rio Preto. "Agora é mais fácil de exercer só essa função. Antes, além de cuidar do meu físico e do meu psicológico para os jogos, tinha que cuidar do preparo físico da equipe. Era desgastante, por exemplo, jogar em Manaus numa quinta e depois em Santos no sábado. Já viajava na terça de madrugada, e voltava pra casa depois de cinco dias. Estava ficando puxado pra mim e eu gosto de jogar em alto nível", disse Jéssica que ainda pretende fazer um jogo de despedida nos Jogos Regionais e Abertos para dar o adeus definitivo aos gramados.

Rio Preto x Corinthians na final do Brasileirão 2018 (Foto: dibradoras)

Formada em Educação Física, Jéssica é funcionária da Prefeitura de São José do Rio Preto e, por meio dele, é que ela irá fomentar o futebol para meninas na cidade. "O meu projeto (de base) é bem modesto. Por enquanto não oferecemos alojamento para as atletas e estamos buscando meninas da cidade mesmo. A ideia é realizar o trabalho por aqui, sem precisar trazer meninas de fora. Pode ser que, no primeiro ano, a minha equipe não seja tão forte em comparação com outros projetos de base mais estruturados. Nesse primeiro momento, minha intenção é competir, mas quero que a nossa cidade seja um polo de formação de atletas. Gosto de formar atletas", revelou.

No ano passado, Jéssica participou de um curso de aperfeiçoamento de treinadores para o futebol feminino na Granja Comary com 27 treinadores do Brasil e do exterior. "Discutimos muito sobre como é o futebol feminino por aqui e o que acontece lá fora. Foi bem positivo", afirmou em nosso podcast pela Central3.

O projeto de desenvolvimento da base da Ponte Preta será realizado em Rio Preto e será oferecido para meninas de 10 a 13 anos (como iniciação) e de 14 aos 18 anos para competições.

Os desafios da Ponte Preta em 2019

O time principal disputará o Campeonato Paulista, a Série A-1 do Campeonato Brasileiro, Jogos Regionais e Jogos Abertos.

A equipe sub-18, disputará os Jogos Abertos da Juventude e o Campeonato Brasileiro sub-18. Já a equipe sub-17 disputará o Campeonato Paulista Sub-17, e os Jogos Estaduais Jose Astolphi sub-17 em dezembro.

Leia abaixo o comunicado da Ponte Preta sobre a nova equipe: 

O futebol feminino da Macaca está de cara nova. Depois de dois anos de uma boa parceria com Valinhos, a camisa alvinegra neste ano será vestida por um time de altíssimo nível , que tem obtido resultados fantásticos ao longo de sua história e revelou a craque Marta para o mundo: a equipe do Juventude de Rio Preto agora é Ponte Preta!

"Assim como fizemos no passado, quando efetivamos parceria com a equipe de Valinhos para vestir a camisa da Ponte, neste ano estamos fazendo com a equipe vencedora de São José do Rio Preto. Queremos deixar claro que somo extremamente gratos às meninas da técnica Ana Lúcia e à própria treinadora por terem nos representado nas últimas duas temporadas, mas até por questões financeiras elas optaram por outras parcerias neste ano e nós também seguimos nosso rumo, uma vez que não queríamos ficar sem uma boa equipe feminina. E neste sentido acredito que acertamos em cheio", diz Eric Silveira, diretor de Marketing da Macaca.

(Foto: Twitter/Ponte Preta)

A equipe de Rio Preto foi criada em 1996, quando o casal Doroteia de Souza e Chicão Reguera decidiram criar o Juventude Futebol Clube para que suas filhas Milene, Sharlene e a caçula Darlene pudessem jogar futebol. Ao longo dos últimos 22 anos o projeto cresceu, firmou parcerias e foi ganhando títulos e respeito no cenário nacional. "Estamos certos que com a camisa pontepretana essa história de sucesso vai continuar. É importante ressaltar que a técnica Doroteia de Souza, além de comandar a equipe principal, é craque em encontrar novos talentos por meio da escolinha em que trabalha atletas dos 14 aos 17 anos . A parceria da Ponte abrange as 25 atletas do time principal e as 25 do Sub-18 também", conta Maurício Gontijo, coordenador do Marketing pontepretano.

As novas Meninas da Macaca disputarão neste ano o Campeonato Paulista, Campeonato Brasileiro, bem como o campeonato Brasileiro Sub-18. Inicialmente, os jogos serão em Rio Preto, mas, conforme o time feminino for avançando para as fases decisivas, algumas partidas serão trazidas para Campinas e definidas no Majestoso.

Confira o desempenho do time nos últimos anos:

2015 – Quartas de final do Paulista

2015 – Quartas de final da Copa do Brasil

2015 – Campeãs do Campeonato Brasileiro

2016 – Campeãs do Paulista

2016 – Vice-campeãs brasileiras

2017 – Campeãs do Paulista

2017 – Semifinais do Brasileiro

2018 – Semifinais do Paulista

2018 – Vice-campeãs do Brasileiro

Fonte: http://pontepreta.com.br/noticias-detalhe/20190121tf

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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