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Vaga na 1ª divisão e bi do estadual: as conquistas das mulheres do Vitória

Renata Mendonça

10/12/2018 08h54

Foto: Mauricia da Matta/ EC VITÓRIA

*Por Juliana Lisboa, para a coluna ~dibres com dendê 

Mesmo num ano com muitos motivos para se lamentar, a torcida do Vitória teve um último encontro feliz com o Barradão em 2018. No último sábado (8/12), os rubro-negros comemoraram o bicampeonato estadual da equipe feminina, que bateu o Lusaca por 2 a 0 (gols de Ana Paula e Valéria no primeiro tempo) e conquistou o título de forma invicta e sem levar gols.

Além deste título, as Leoas conseguiram o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro (também de forma invicta) ficando atrás apenas do campeão, Minas Icesp, e tiveram a melhor defesa dessas duas competições. Todas essas conquistas foram bastante comemoradas por quem resolveu trocar um dia ensolarado de praia por uma tarde no estádio pela última vez no ano.

Uma despedida alegre, portanto, num ano turbulento. Isso é porque a situação da equipe feminina é bem diferente da equipe masculina. Na verdade, oposta: os homens foram rebaixados para a Série B do Brasileirão – pela primeira vez com uma rodada de antecedência – amargaram a pior defesa do campeonato e viram o rival, Bahia, erguer o título estadual em pleno Barradão.

Vale ressaltar que o título da equipe feminina foi o único que o Vitória conquistou no próprio estádio em 2018. E que, a partir de 2019, o Lusaca começará a parceria com o Esporte Clube Bahia, e será a equipe feminina do rival.

Levando em consideração apenas a temporada oficial, a equipe feminina marcou 110 gols (sendo 88 no estadual) e levou somente cinco. Apenas no Brasileirão, a masculina sofreu 63 e marcou 36.

A equipe masculina venceu 7 duelos dos 19 no Barradão durante o Campeonato Brasileiro. As Leoas passaram a temporada inteira invictas no estádio.

Foto: Mauricia da Matta / EC Vitória

Discrepância ainda maior

Mas a diferença de rendimento só não é maior se a comparação for entre a equipe feminina de 2018 com o de 2017.

No ano passado, as Leoas foram eliminadas pelo mesmo Lusaca na semifinal do Campeonato Baiano – o Lusaca foi o campeão daquela edição –  e fizeram a pior campanha do Campeonato Brasileiro: foram rebaixadas sem ganharem um jogo sequer.

E que mágica aconteceu do ano passado para esse? Contratações de peso para o elenco? Mudança na comissão técnica?

Houve duas mudanças desde o Brasileiro: a efetivação de Lucas Grillo como técnico, que já assumiu a equipe no estadual no ano passado e – segundo o Vitória, a principal – uma pré-temporada para as jogadoras.

A eficiência no modelo de gestão do futebol feminino neste ano foi tamanha que o Rubro-Negro manteve essencialmente a mesma equipe. Participaram da campanha de acesso à Série A 17 jogadoras que foram rebaixadas. No Baiano, nove das 11 titulares estiveram na campanha do rebaixamento do ano passado.

"O que fez diferença foi a pré-temporada. Elas se apresentaram dia 15 de janeiro mesmo com as competições começando mais para o meio do ano. A comissão técnica foi mantida mesmo após a derrota no Baiano. E tivemos a continuidade do trabalho, o que não aconteceu no ano passado", explicou o clube através da assessoria de imprensa.

Com a conquista do título estadual, o Vitória mostrou a força de uma gestão inteligente. E mostrou que não é necessariamente um orçamento milionário que faz a diferença em campo, mas um planejamento eficiente. É confiar num trabalho a longo prazo e manter as jogadoras motivadas mesmo após uma temporada ruim.

Ou seja, o próprio Vitória mostrou a fórmula para resgatar a equipe masculina.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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