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Problemas de organização, calor e golaços: começou a Libertadores feminina

Renata Mendonça

19/11/2018 11h05

Foto: Divulgação Iranduba

A Libertadores feminina começou na noite deste domingo com o time da casa estreando em um jogaço com todos os melhores elementos do futebol: golaços e emoção até o fim. O Iranduba, conhecido como "Hulk da Amazônia", venceu o Flor de Patria, da Venezuela, por 2 a 1, e larga na frente naquele que virou seu maior objetivo do ano: o título inédito do torneio continental.

A equipe amazonense reforçou bastante para a competição e contratou três jogadoras da seleção brasileira pontualmente apenas para o torneio: Andressinha, Camilinha e Raquel. A primeira deixou seu golaço ainda no primeiro tempo, abrindo o placar na Arena da Amazônia aos 41 minutos em cobrança de falta perfeita, que deixaria os melhores cobradores do Brasil com inveja.

 

O reforço da meio-campista – que tem sido reserva na seleção de Vadão – veio na medida certa, já que ela foi a dona das bolas paradas e criadora das melhores oportunidades do Iranduba no jogo. Com Andressinha nas cobranças de falta e escanteio, os cruzamentos eram certeiros, sempre levando perigo contra o time venezuelano.

Mas o Flor de Patria cresceu no jogo e também pressionou, obrigando a goleira Maike a fazer grandes defesas para impedir o empate. O jogo ficou pegado, e o Iranduba contou de novo com a habilidade de Andressinha para trazer mais tranquilidade aos torcedores. A meio-campista encontrou Ludmila livre no lado do campo e lançou a bola para ela, que em velocidade conseguiu finalizar e ampliar o marcador.

Ainda houve tempo para o time venezuelano diminuir em cobrança de pênalti aos 30 minutos do segundo tempo, com a principal craque do time, Joemar Guarecuco.

A vitória faz com que o Iranduba fique na liderança do grupo C, que também tem Urquiza, da Argentina, e Cerro Porteño, do Paraguai. O time amazonense volta a campo na quarta-feira para enfrentar o Cerro às 20h30 (22h30 no horário de Brasília) na Arena da Amazônia – a transmissão acontece pelo Facebook da Conmebol.

Foto: Divulgação Iranduba

Além do time amazonense, o Brasil tem mais dois representantes no torneio: Audax (campeão no ano passado com a parceria com o Corinthians) e Santos. O time de Osasco joga nesta segunda-feira às 18h (20h do horário de Brasília) contra o Union Española (Equador), enquanto as Sereias da Vila estreiam na terça-feira diante do Colo Colo (Chile) também às 18h (20h do horário de Brasília).

Problemas de organização

A Libertadores é a competição mais importante do futebol feminino no continente sul-americano, mas ainda segue com problemas básicos de organização. O torneio, que já acontece de forma "espremida" no calendário, com apenas duas semanas para realizar todos os jogos, não teve a aprovação da Conmebol na semana passada para o uso do segundo estádio da capital amazonense e, por isso, terá todos os seus 22 jogos acontecendo na Arena da Amazônia.

Se por um lado há a questão positiva de ver a competição ser realizada em um estádio de Copa do Mundo, com todas as qualidades que isso envolve, por outro não há gramado que aguente as 22 partidas acontecendo em um período de duas semanas sem nenhuma folga. São duas partidas por noite acontecendo no estádio, sem tempo de intervalo até a final, que acontece no dia 2 de dezembro.

Além disso, houve um problema de organização que atrasou o início da partida entre Iranduba e Flor de Patria. As equipes entraram em campo alguns minutos depois do estipulado e não foi seguido o protocolo habitual onde as jogadoras ficam perfiladas para durante o hino nacional. Enquanto tocava o hino brasileiro, as jogadoras dos dois times já estavam dentro do gramado, aquecendo e se organizando para dar o pontapé inicial.

A transmissão foi feita pela Inova TV e contou com a participação de ex-jogadoras da seleção brasileira nos comentários, como a ex-goleira Maravilha e a ex-volante Leda Maria. Como repórteres de campo estavam Carol Queiroz cobrindo o time venezuelano e Júlia Magalhães passava informações sobre o time da casa.

Apesar dos problemas técnicos no início da transmissão (áudios vazando e alguns erros na pronúncia dos nomes das convidadas e do time venezuelano), a imagem do jogo via internet estava com ótima qualidade.

Para terminar, ainda teve um caso de desidratação durante a partida. Uma das bandeirinhas passou mal durante o jogo do time da casa tamanho o calor que fazia em Manaus – 34 graus às 21h. Ela chegou a deitar no gramado e precisou receber atendimento médico para conseguir continuar atuando até o final da partida.

Foto: Divulgação Iranduba

É louvável a iniciativa de ter uma Libertadores acontecendo em Manaus, a cidade já virou a capital do futebol feminino pelo sucesso de público que acompanha o Iranduba. Mas a Conmebol precisa urgentemente reformular a principal competição continental da modalidade. Não dá mais para realizar um torneio tão importante com apenas duas semanas de duração e sem prezar por questões primordiais para a organização de um campeonato – nem mesmo competições amadoras têm tanta falta de cuidado com o gramado, por exemplo, colocando tantos jogos para serem realizados no mesmo estádio, sem qualquer tempo para recuperação do campo.

Nos últimos anos, a Confederação tomou atitudes importantes para o desenvolvimento da modalidade, como por exemplo o fato de ter criado a resolução que obriga times masculinos que disputam a Libertadores a terem equipes femininas. Mas de nada adianta forçar os clubes a investirem na modalidade se a própria entidade não faz o mesmo em sua própria competição. Os times precisam ter campeonatos para jogar – e uma Libertadores que dura duas semanas e tem a participação de apenas 12 equipes não consegue dar conta de um continente inteiro.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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