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Santos empata com Corinthians e é tetracampeão paulista no futebol feminino

Renata Mendonça

06/10/2018 13h12

O Santos entrou em campo neste sábado para disputar o título do Paulista Feminino já com a vantagem de ter vencido o primeiro jogo da final na Vila Belmiro por 1 a 0. No Parque São Jorge, em um jogo difícil e muito movimentado, o time comandado por Emily Lima saiu atrás do placar duas vezes, mas buscou o empate e terminou com a comemoração do tetracampeonato paulista.

O empate por 2 a 2 teve um bom público no Parque São Jorge. Se na Vila, houve recorde com 13.867 presentes, em São Paulo, os corintianos esgotaram os 8 mil ingressos disponibilizados e fizeram uma bela festa no estádio para as mulheres.

No entanto, foi mais uma vez o Santos que comemorou o título na casa corintiana. No Brasileiro do ano passado, o time santista foi campeão em Osasco, onde o Corinthians disputava seus jogos, e agora celebrou mais uma conquista com a torcida adversária na arquibancada da Fazendinha.

O time de Emily Lima já está eliminado do Brasileiro, então a conquista era importante para fortalecer o trabalho do futebol feminino do Santos, que agora tem só a Libertadores para disputar no fim de novembro. Já o Corinthians faz campanha irreparável na temporada, com apenas duas derrotas até aqui. Na semifinal do Brasileiro, o time comandado por Arthur Elias pode garantir vaga na final na próxima quinta, quando enfrenta o Flamengo em casa.

Foto: dibradoras

O jogo

O jogo foi bastante movimentado, digno de um clássico entre dois dos melhores times do Brasil no futebol feminino. O Corinthians começou indo pra cima, porque precisava do gol para pelo menos levar a partida aos pênaltis. E abriu o placar logo nos primeiros minutos, com Marcela, que aproveitou bola cruzada na área para balançar as redes.

O Santos, então, saiu para o jogo para buscar o empate. Sem Rosana, a experiente atacante de referência que não pode jogar por lesão, o time contava com a agilidade de Chú para tentar surpreender a goleira Lelê, que fez boas defesas para evitar o gol santista.

Mas na cobrança de falta de Brena, a bola acabou desviando e acabando no fundo do gol. Tudo igual: 1 a 1, placar que favorecia o Santos pela vitória na Vila.

Foto: dibradoras

A partida seguiu bastante movimentada, com o Santos tendo mais chances e o Corinthians com dificuldades para criar, parando sempre na defesa santista. Já na parte final do primeiro tempo, Gabi Zanotti acertou chutaço que passou perto. Depois, a goleira Michele ainda salvou o Santos na chegada corintiana dentro da área.

O segundo tempo começou também agitado, com Chú comandando as principais jogadas santistas no ataque e o Corinthians apostando em bolas paradas para ameaçar o gol de Michele. Foi assim que saiu o segundo, quando a zagueira Érika aproveitou cruzamento e fez de cabeça.

O Corinthians seguiu pressionando, Yasmin acertou uma bola na trave em cobrança de falta e quase ampliou o marcador. Enquanto isso, o Santos tentava se defender e pouco chegava ao ataque. Emily tentou mexer colocando Sochor e Ketlen em campo, para fazer a bola chegar mais na frente.

E foi exatamente delas que saiu a jogada do segundo gol santista. Sochor colocou uma bola na pinta para Ketlen, que apareceu livre na cara de Lele para empurrar para as redes. O empate garantiu o título ao Santos pelo gol marcado por Chú na Vila Belmiro.

Foto: dibradoras

Sucesso de público

Com dois jogos de altíssimo nível, Santos e Corinthians coroaram o trabalho que foi muito bem feito pelos dois clubes no fortalecimento do futebol feminino. O time do Parque São Jorge pela primeira vez assumiu o investimento sozinho na modalidade – antes fazia parceria com o Audax – e tem mantido uma excelente estrutura para as atletas. Já o Santos, desde 2015 tem construído um trabalho permanente no futebol feminino, que agora conta ainda com uma categoria de base.

Para Emily Lima, comandante desse projeto, o título é um resultado que as Sereias da Vila fizeram por merecer pelo tanto que se dedicaram até aqui.

"Acho que o sucesso vem sempre de muito trabalho, elas trabalharam demais. Era só isso que a gente esperava: ser campeão. A gente está disputando duas competições ao mesmo tempo, é muito desgaste, a gente não priorizou nenhuma. E a gente sabia que pelo menos uma a gente ia buscar. Agora é descansar para chegar inteiro na Libertadores", disse ela às dibradoras.

 

O destaque desta final também foi o público. No primeiro jogo da decisão, as Sereias conseguiram o maior público do Santos nesta temporada na Vila Belmiro, chegando a quase 14 mil torcedores na arquibancada. Agora, no Parque São Jorge, o Corinthians disponibilizou 8 mil ingressos para serem reservados gratuitamente pelos torcedores, e eles se esgotaram dois dias antes da partida.

"A dificuldade agora é manter isso. É isso que a Federação e os clubes precisam pensar, como fazer para manter esses dois públicos da final. É isso que a gente precisa utilizar, já que os dois clubes são grandes, por que nao fazer ações para trazer público para o feminino?", pontuou Emily.

Emily conquistou o título paulista no comando do Santos (Foto: Dibradoras)

Chú Santos, uma das artilheiras do time santista na temporada, também elogiou a torcida por ter comparecido nos dois jogos e fez um apelo por mais visibilidade.

"Temos que parabenizar os torcedores do Corinthians e do Santos e também à mídia que divulgou. É isso que nós precisamos. Não é o dinheiro, é ter um pouco mais de visibilidade, porque o dinheiro vai ser consequência do nosso trabalho, do nosso desempenho", observou.

Santos levanta segundo troféu na casa corintiana

Os jogos das semifinais e finais do Paulista feminino foram exibidos pela ESPN Extra. Mas o público também pode acompanhar as transmissões online oferecidas pela própria Federação Paulista de Futebol, que viabilizou também a transmissão na TV nessa reta final.

Com o título conquistado neste sábado, o Santos chega ao tetracampeonato paulista – os outros títulos foram conquistados em 2007, 2010, 2011 e agora 2018. O Corinthians ainda não conquistou um estadual desde que o projeto do futebol feminino nasceu, em 2016, e disputou sua primeira final agora. Mas já tem um título de Copa do Brasil e um de Libertadores, além de ainda estar brigando pelo Brasileiro neste ano.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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