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'Representa liberdade': a primeira vez das sauditas no estádio na Copa

Renata Mendonça

16/06/2018 04h10

Mulheres sauditas tiveram a permissão para assistir em janeiro de 2018 o duelo Al Ahli x Al Batin (STRINGER/AFP)

Você pode nunca ter ido a um jogo de futebol. Mas imagine nunca ter ido a um jogo de futebol não porque você não tem vontade ou não tem oportunidade – mas porque você não pode. Imagine ser proibida de entrar em um estádio por lei.

Até dá para dizer que, em alguns casos no Brasil, mulheres são, de certa forma, "proibidas" de torcer ou gostar de futebol. Mas é bem diferente ser proibida na teoria e ser proibida na prática. Na Arábia Saudita, até este ano, mulheres eram PRO-I-BI-DAS de entrarem em um estádio de futebol.

A sensação de ir pela primeira vez ao estádio é inigualável. Mas a sensação de ir pela primeira vez ao estádio após ter passado uma vida inteira achando que esse dia nunca iria chegar deve ser indescritível. E a importância de sentir essa liberdade pulsando na arquibancada é daquelas memórias para não esquecer nunca mais.

No estádio Luzhniki, a partida de abertura da Copa entre Rússia e Arábia Saudita contou com as presenças ilustres de algumas mulheres que nunca haviam tido a oportunidade antes de ocuparem uma arquibancada. Na saída do estádio, elas descreveram o sentimento daquele momento: liberdade.

"Como eu poderia me esquecer de um dia desses? Vai ficar para sempre. Isso representa liberdade. E de mulheres que foram se tornando cada vez mais fortes", disse ao Uol Esporte a torcedora Dood Aziz.

Torcedora da Arábia Saudita acompanha jogo da Rússia na Fan Zone em São Petersburgo (ETIENNE LAURENT/EFE/EPA)

O que as sauditas viveram na Rússia mudará a vida delas para sempre. Não interessa (ao menos não tanto, diante de algo tão maior) a goleada – porque a maior vitória já foi conquistada. Independente do resultado, agora as mulheres sauditas podem torcer, podem vibrar e podem ver de perto a seleção sentindo-se finalmente parte dessa nação, e não excluídas como sempre foram.

O futebol na Arábia Saudita está ganhando uma nova cara, uma nova voz. Já é possível ouvir na arquibancada os gritos delas, quase que de liberdade, por estarem ali finalmente presenciando uma partida, comemorando um gol, sentindo a vibração que só o futebol pode proporcionar.

Para essas torcedoras sauditas, a Copa do Mundo de 2018 representará o início de uma nova era. Uma era em que elas poderiam viver o futebol como ele é, muito mais do que um jogo.

Veja mais sobre a experiência delas nesse especial produzido pelo Uol Esporte.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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