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A importância da presença de uma jogadora na divulgação da camisa do Brasil

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22/03/2018 15h12

Foto: Divulgação Nike

Na última quarta-feira, foi divulgada a nova camisa da seleção brasileira, que será usada na Copa do Mundo deste ano na Rússia. Seria só mais uma notícia sobre a seleção em busca do hexa, não fosse um pequeno – porém muito relevante – detalhe: a presença de uma mulher na divulgação dos uniformes.

Não era qualquer mulher. Não era uma modelo, como muitas vezes acaba acontecendo. Era Andressa Alves, atacante da seleção brasileira de futebol feminino.

A jogadora do Barcelona foi convidada pela Nike, fornecedora esportiva da seleção, para também desfilar o novo modelo da camisa ao lado de craques do time masculino, como Neymar, Dani Alves, Thiago Silva e Paulinho. Foi a única mulher naquele meio, mas a representatividade que ela trouxe carregou o peso de milhões de jogadoras, torcedoras e outras tantas que esperavam pelo momento em que poderiam se ver ali, como parte daquela seleção.

Essa foi a primeira vez, salvo engano, que a Nike usou uma jogadora de futebol para divulgar o uniforme da sua "menina dos olhos", a seleção brasileira. É um gesto simples, básico até, mas tão significativo que é preciso ressaltar. Porque há muito tempo esperamos por isso.

"Eu achei super interessante esse passo que a Nike fez, essa abertura para uma jogadora do feminino participar foi uma coisa incrível. Me senti representando todas as jogadoras da seleção. Foi uma honra participar do lançamento, isso é muito bom para nossa modalidade e a Nike faz a diferença com esse passo rumo à igualdade de gênero no esporte", afirmou Andressa Alves às dibradoras.

Foto: Divulgação Nike

Até mesmo outras jogadoras da seleção se manifestaram pelas redes sociais sobre a importância do fato. Foi o caso da zagueira Érika. "Foto simples, né? Pra mim, não. Resolvi postar essa foto porque achei sensacional! Para muitos essa foto não tem valor, mas como sou jogadora de futebol, vejo de uma forma diferente. Estou mega feliz de ver uma "jogadora de futebol do BRASIL" em um afoto junto com outros grandes jogadores brasileiros divulgando a nova coleção da SELEÇÃO BRASILEIRA. Espero que outras marcas possam olhar a modalidade com respeito e valor devido", afirmou a atleta no Instagram.

Incluir uma jogadora da seleção feminina na divulgação da camisa do Brasil significa reconhecer a existência delas como parte desse time. A seleção brasileira não é a seleção masculina. Dela fazem parte também dezenas de mulheres que lutam por essa visibilidade e pelo reconhecimento do trabalho que fazem há tantos anos, levando o Brasil a medalhas olímpicas e a pódios em Mundiais quando o país negava a elas o mínimo de estrutura para treinar. E essas mulheres são completamente esquecidas – lembradas apenas a cada quatro anos em época de Olimpíada e, principalmente, quando a seleção masculina não está indo tão bem.

 

Em 2015, a Nike até chegou a fazer uma camisa (linda, por sinal) exclusiva para a seleção feminina disputar a Copa do Mundo. Um design azul que acabou muito cobiçado pelas torcedoras nas redes sociais. No entanto, a camisa não foi colocada à venda. À época, a Nike afirmou que não havia demanda para a comercialização da camisa e por isso ela não foi para o mercado. Um ano depois, na Olimpíada do Rio, viu torcedores riscando o nome de Neymar de suas camisas da seleção e escrevendo o de Marta – talvez uma demanda reprimida estivesse se manifestando?

Foto: Divulgação CBF

Agora, ao que parece, a Nike venderá modelos femininos da camisa nova lançada. E é preciso elogiá-la por finalmente ter incluído jogadoras da seleção na divulgação. Quem sabe o próximo passo possa ser fazer uma camisa exclusiva da seleção feminina, sem as estrelas que foram conquistadas pela seleção masculina.

A seleção holandesa, por exemplo – patrocinada pela mesma Nike -, chegou a fazer uma camisa com um escudo exclusivo para a seleção feminina. Se, na camisa dos homens, o escudo é um leão, na das mulheres, o escudo agora é de uma leoa. Uma iniciativa da Federação Holandesa que fez grande sucesso – e até deu sorte para a equipe, que conquistou o título inédito da Eurocopa no ano passado. Fica a dica para a CBF e a Nike 😉

 

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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