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‘Tenho esperança que me deixem ficar por 4 anos’, diz Pia sobre seleção

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04/10/2019 14h46

Foto: divulgação CBF

*Por Olga Bagatini, de Middlesbrough (ING) para as dibradoras

A técnica Pia Sundhage terá seu primeiro grande desafio à frente da seleção brasileira feminina neste sábado, às 8h45 (horário de Brasília), no amistoso contra a Inglaterra em Middlesbrough (400km ao norte de Londres). O estádio Riverside estará lotado, todos os ingressos foram vendidos, e a expectativa é de um grande jogo – o Brasil vem de uma sequência de derrotas contra as inglesas, que estão em ascensão tendo alcançado as semifinais nas últimas duas Copas.

Será um ótimo teste para a seleção na preparação para a Olimpíada de 2020, como a própria treinadora sueca definiu em entrevista após o treino realizado nesta sexta-feira. Mas ela já deixou claro também que espera que seu trabalho não termine aí (o contrato vai até o fim do ano que vem). O plano é ficar um ciclo inteiro de quatro anos com a seleção brasileira – se a CBF assim permitir .

"O trabalho não é apenas para os Jogos Olímpicos. Eu tenho esperança de que eles me deixem ficar por quatro anos (risos). Não é isso, é sobre o próximo jogo, porque, no fim das contas, a jornada é que é o mais importante. E espero que nossa jornada seja de quatro anos. A Olimpíada é bem excitante, claro, mas não é apenas a única coisa que estou ansiosa", afirmou a treinadora.

"Será um ótimo jogo para nós porque, se você ver como a Inglaterra jogou na Copa, é um adversário muito bom. Depois dos jogos contra Argentina e Chile, vamos jogar contra um adversário mais forte, mas [evolução] leva tempo. Se você olhar para o treino de hoje, as jogadoras têm o estilo brasileiro e eu tento adicionar um pouco de organização também. Acho que isso vai levar tempo, mas estou feliz com o jeito que nós estamos atacando. E nós precisamos melhorar um pouco a defesa também", completou ela.

Foto: divulgação CBF

Na atividade desta sexta-feira, a técnica fez algumas mudanças com relação ao time que escalou nos primeiros amistosos. A escalação provavelmente será: Bárbara; Giovanna, Kathellen, Erika e Tamires; Formiga, Luana, Debinha e Marta; Chu e Bia Zaneratto. Andressa Alves e Ludmila, que foram titulares na Copa do Mundo feminina, ficaram entre as reservas.

Desafios na seleção

Ainda em um início de trabalho com a seleção brasileira, Pia sempre reforça que não pretende mexer tanto no estilo de jogo do Brasil, mas sim na organização do time em campo. Na atividade, ela insistiu bastante nos exercícios pelos lados do campo, forçando as atacantes a explorarem o espaço até a linha de fundo para fazerem as jogadas. A técnica também quer ver um time mais compacto na defesa e, por conta disso, escolheu a novata Giovanna como titular na lateral direita – a jogadora atua pelo Avaldsness da Noruega, e Pia ressaltou suas características de apoiar bem o ataque, sem descuidar da defesa.

"Espero que a gente consiga mostrar mudanças no ataque, jogando pelos flancos, como executar bem as jogadas e entrar na área. Tentamos mudar um pouco isso, quem sabe poderemos mostrar um pouco já contra a Inglaterra, que é um time muito bom. Também temos mudanças na defesa, porque a seleção inglesa é forte e precisamos estar organizadas, todas na mesma página na questão defensiva. São duas coisas diferentes que ainda não provamos e que será diferente dos anos anteriores", pontuou a treinadora.

Sobre as mudanças que fez na equipe, ela disse que ainda está em fase de testes para entender quem seria seu time base e acredita que esse é o melhor momento para arriscar opções diferentes.

"No começo da jornada, temos a oportunidades de mudar o time um pouco. Algumas das jogadoras que estavam contra Chile e Argentina não estão aqui e vice-versa, e estou ansiosa para fazer o que as novas farão no time titular. Eu estou à procura de respostas. A atleta é boa o suficiente? Talvez sim, talvez não. Tem várias jogadoras, especialmente na Europa… no Brasil há jogadoras atuando em todo o mundo, Estados Unidos, Coréia do Sul, China. Precisamos encontrar não só as melhores, mas as jogadoras que trabalham bem juntas. Então é por isso que estou buscando novos nomes. Depois você vai dizer, não, foi uma ideia ruim… Talvez. Mas pode funcionar", disse.

Marta no time

Uma das coisas que Pia fala desde antes mesmo de assumir o Brasil é sobre seu desejo de treinar Marta. A camisa 10 não esteve nos primeiros amistosos, porque se machucou, mas desta vez teve seu primeiro contato com a nova treinadora. As duas falam sueco, o que também facilita na comunicação entre elas.

Foto: divulgação CBF

"É especial, tenho que dizer. Se você acompanhar o futebol que ela tem jogado nos últimos anos… ela é especial, e tenho muita sorte de ter a chance de treiná-la na seleção brasileira. Às vezes ela fala sueco também e todo mundo fica olhando sem ter ideia do que está acontecendo (risos). E esse é nosso segredo. Acho que será ótimo", afirmou.

É interessante observar que, tanto da parte das jogadoras, quanto da parte da técnica, tem havido um diálogo muito aberto para entender exatamente o que Pia quer ver em campo. A treinadora gosta de dar feedbacks e cobra bastante as atletas pelo melhor rendimento que elas puderem dar no campo.

"Eu achei interessante, no meu trabalho agora, dar feedback, porque elas são muito talentosas, é grande país quando se trata de futebol. Agora, se você fizer certas coisas, precisa também acompanhar os feedbacks. Precisa jogar não só 45, mas 95 minutos. E sempre e sempre considerar o feedback. Esse é meu trabalho, fazer com que elas possam ser a melhor versão delas. Tem o feedback, mas também tem a organização."

Presença da mídia internacional

O amistoso contra a Inglaterra é o maior que a seleção feminina vai fazer até o fim do ano e um teste importante para os próximos passos que Pia dará com a equipe brasileira. O jogo teve todos os ingressos esgotados e também é destaque na mídia britânica, que tem acompanhado de perto a evolução das "Lionesses", como elas são conhecidas.

No entanto, não havia representantes da mídia brasileira, além da correspondente das dibradoras. Assim como nos amistosos da seleção feminina no Pacaembu destacamos a presença forte de representantes de todos os principais veículos do país, desta vez chamou a atenção a ausência de correspondentes internacionais brasileiros na cobertura das mulheres em campo.

O amistoso terá transmissão do Sportv neste sábado às 8h45.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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