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Treinadora portuguesa assume time masculino para salvá-lo do rebaixamento

Renata Mendonça

10/04/2019 18h02

Catarina comandará o time com o objetivo de salvá-lo do rebaixamento (Foto: Divulgação AF Leiria)

Catarina Lopes tem apenas 24 anos, é jogadora de futebol, formada em Educação Física e com mestrado na área, e nesta semana se tornou também a treinadora responsável por tentar salvar o time masculino do Beneditense do rebaixamento em Portugal. O desafio não será simples: a equipe que disputa a Divisão de Honra da Associação de Leiria precisa somar 8 dos 15 pontos que ainda falta disputar para evitar a queda.

O convite não foi inusitado. Veio do próprio pai de Catarina, Luis Lopes, que é presidente do Beneditense. E não foi um ato de nepotismo da parte dele. Na verdade, Catarina já é treinadora de categorias de formação de atletas do clube e, por já conhecer os jogadores, foi a escolha do dirigente para assumir a "bronca" nesse momento de crise do time.

"Os objetivos são claros: garantir a manutenção e conquistar um lugar na final. Se não acreditasse, não tinha aceitado o convite para assumir o cargo. São dois meses que vão garantir muito trabalho, compromisso e atitude da minha parte, das pessoas que trabalham comigo e dos jogadores", analisou a corajosa treinadora Catarina Lopes à agência Lusa .

Não é comum ver uma mulher treinando um time masculino, mas no caso do Beneditense, a aposta é pelo conhecimento da treinadora não só do jogo, como também do time, já que ela convive com esses atletas diariamente no clube já há quatro anos.

Catarina se propôs a estudar futebol em paralelo com a carreira de jogadora. Ela se formou em Educação Física, concluiu licenciatura em Treino Esportivo na Escola Superior de Desporto de Rio Maior, e mestrado em Educação Física na Faculdade de Motricidade Humana, em Lisboa.

"Não importa o gênero do treinador, mas a competência. De certa forma, os jogadores já me conhecem. Sou uma cara do clube, faço parte da coordenação e penso que a aceitação como treinadora vai ser positiva, porque temos criado boas relações ao longo do tempo. Mais do que gostarem de mim, quero que me respeitem e estejam comigo nas opções para estas finais que vamos ter", afirmou a agora técnica do Beneditense.

Catarina começou sua relação com o futebol com a bola nos pés aos seis anos de idade. Atuou no futsal, depois foi para o campo, chegou a ser convocada para a seleção portuguesa de base entre 2013 e 2015. Sua principal conquista foi o título português e também o da Taça de Portugal com o Sporting, quando o clube voltou a investir no futebol feminino, na temporada 2016-2017.

 

Ela ainda atua no campo e agora acumulará a função como treinadora do Beneditense. O plano não é assumir a longo prazo a equipe como técnica justamente porque Catarina ainda tem uma carreira que quer seguir dentro das quatro linhas – mas quem sabe esse não pode ser um primeiro passo para uma carreira futura?

"Provavelmente ela é das primeiras mulheres a assumir uma equipe de homens no futebol profissional. Pode ser bom ou mau, mas é sempre uma mudança. A Catarina não é uma pessoa de barreiras nem tem medo de assumir as situações. Se as coisas não correrem como esperamos e ela pensar noutros caminhos, não lhe vou querer cortar as pernas", garantiu o presidente do clube.

O Beneditense disputa a chamada Divisão de Honra da Associação de Futebol da região de Leiria. É uma competição que está no nível distrital de Portugal – ela representa o quarto escalão do sistema de ligas de futebol do país. O Beneditense é o penúltimo colocado, na 15ª posição, com 18 pontos conquistados em 25 jogos até aqui. Pelo regulamento, os três últimos colocados são rebaixados ao final do campeonato.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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