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Marta brilha, mas Brasil joga mal e cai para a Austrália em torneio dos EUA

Renata Mendonça

26/07/2018 19h42

Foto: CBF

O Brasil entrou em campo nesta quinta-feira na estreia do Torneio das Nações e já demonstrou bastante dificuldade para enfrentar seleções de melhor nível técnico. Diante da Austrália, uma das grandes pedras no sapato da seleção brasileira nos últimos anos, a atuação da equipe comandada por Vadão foi bastante abaixo do esperado, em uma partida que terminou com o placar de 3 a 1 a favor das australianas.

Com os desfalques importantes das atacantes Cristiane e Andressa Alves, da zagueira Rafaelle e da lateral Fabi, a seleção apostou num sistema 4-4-2, com Debinha aberta por um lado e Marta por outro, enquanto Bia e Thaisinha jogavam mais centralizadas. No entanto, pouco se viu do ataque dentro de campo. O Brasil jogou o primeiro tempo todo recuado e desorganizado, sem nenhuma transição e com pouquíssima participação do meio-campo.

Com falhas de marcação no sistema defensivo, o Brasil tomou o primeiro gol em um escanteio em que Bárbara e Poliana se atrapalharam, e a lateral brasileira acabou marcando contra.

A seleção não reagiu ao gol e seguiu recuada, com raríssimas aproximações ao gol australiano – a maioria delas em lances individuais de Marta. Já as australianas seguiram pressionando bastante, tiveram uma chance clara com Butt cabeceando com o gol livre pra fora, mas em uma segunda cobrança de escanteio, ela não perdoou e abriu os 2 a 0 na falha de Bárbara.

O Brasil voltou para o segundo tempo um pouco melhor, tentando avançar mais na área australiana. Mas logo uma falha defensiva, num passe errado, acabou resultando no contra-ataque rápido que culminou no terceiro gol das adversárias: Sam Kerr, indicada também ao prêmio de melhor do mundo ao lado de Marta, foi quem balançou as redes desta vez.

Do lado brasileiro, a seleção seguiu produzindo pouco, ainda perdida no meio-campo, tentando passes longos e errando muito todos eles. Há que se destacar a atuação de Marta, que corria por todos os lados do campo, se movimentava bem e tentava de todas as formas se aproximar mais do gol – até mesmo na defesa ela ajudou neste jogo, salvando um contra-ataque das australianas no primeiro tempo.

Para tentar mudar um pouco o jogo, Vadão lançou mão de Camilinha, meio-campista versátil do Orlando Pride que está voltando de lesão grave no joelho. Ela tem um ótimo entrosamento com Marta no time americano e também é bastante habilidosa para infiltrar nas defesas adversárias. Com a entrada dela, o Brasil passou a produzir mais e, a camisa 10 do Brasil teve mais liberdade no campo, aparecendo algumas vezes pela esquerda, outras pela direita, outras pelo meio.

Foi justamente pela esquerda que surgiu a melhor jogada do Brasil em lance genial de Marta, que arrancou, driblou e cruzou rasteiro na medida para Debinha empurrar para o gol. A seleção finalmente reagia no jogo e passava a pressionar as australianas.

Em outra jogada da camisa 10, ela avançou pela direita, deixando a defesa australiana para trás numa tentativa que quase resultou no segundo gol brasileiro.

A defesa, porém, seguiu com falhas e buracos, deixando muito espaço para um time que sabe muito bem se distribuir em campo, como é a seleção australiana. Em um contra-ataque pela direita, a Austrália fez uma inversão rápida para Caitlin Foord na esquerda, que apareceu sozinha de frente para o gol. Ela demorou para chutar e acabou perdendo a oportunidade de ampliar o marcador.

O Brasil até tentou chegar mais vezes, mas parava sempre na bem postada defesa australiana, e o resultado do jogo ficou por isso mesmo.

Diante de uma adversária que tinha mais força física e muito mais técnica do que as que enfrentamos na Copa América, a seleção brasileira demonstrou pouca organização tática em campo. Mesmo com os desfalques, era possível produzir muito mais e oferecer mais resistência em campo, e não foi isso que pudemos ver na partida.

A Austrália foi o time que nos eliminou nas oitavas de final na Copa do Mundo de 2015 e evoluiu bastante de lá para cá. Conseguimos vencê-las no sufoco dos pênaltis nas quartas-de-final da Olimpíada de 2016 e depois perdemos de goleada no comando de Emily Lima no mesmo Torneio das Nações do ano passado. À época, ela foi bastante cobrada pela derrota e pelo desempenho ruim na competição amistosa, em que o Brasil voltou para casa sem vitórias, apesar de ter tido um padrão de jogo definido.

Desta vez, é preciso que Vadão também seja cobrado e reaja melhor a essa derrota, para que a seleção se recupere e se poste melhor no próximo jogo, que será contra o Japão no próximo domingo, às 17h15, com transmissão do SporTV e do site da CBF.

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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