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Pela 1ª vez, Fla-Flu define Carioca feminino; rubro-negras saem na frente

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11/11/2019 04h00

Raiza comemora o gol marcado na decisão contra o Fluminense (Foto: Marcelo Cortes/Flamengo)

*Por Laís Malek, do Rio de Janeiro para as dibradoras

Garra. Essa foi a palavra que definiu a partida deste domingo, disputada entre Fluminense e Flamengo, pela decisão do Campeonato Carioca de Futebol Feminino. Com gol aos 48 minutos do segundo tempo, as meninas da Gávea conseguiram a vitória por 1 a 0 no Estádio Manoel Schwartz, em Laranjeiras, na zona sul do Rio, e vão decidir o estadual no próximo sábado, com a vantagem do empate.

Essa é a primeira vez na história do Carioca feminino que o título é decidido em um Fla-Flu. O mais interessante desse duelo é que ele justamente opõe o melhor ataque do campeonato (das rubro-negras) com a melhor defesa (das tricolores). São 131 gols marcados e só 6 sofridos para as flamenguistas nos nove jogos até aqui (oito vitórias e uma derrota), enquanto o Flu teve oito vitórias e um empate, com 83 gols feitos e 3 sofridos).

Os times

Tetracampeão consecutivo do estadual, o Flamengo veio de uma vitória por 7 a 2 contra o Botafogo, goleada que despachou o rival de volta para casa e elevou a confiança das atletas. A equipe principal do clube Rubro-negro, formada pelas atletas da Marinha, viajou para a China durante a competição para disputar os Jogos Mundiais Militares. Quem assumiu por aqui foi a equipe sub-18, comandada pelo clube, que perdeu de 4 a 1 para o Alvinegro na semifinal. A expectativa, então, estava toda sobre o time visitante, mas o favoritismo por pouco não se confirmou em campo.

Do outro lado, o Fluminense estreou na competição com uma equipe de "calouras". Em parceria com as Daminhas da Bola, o clube investiu pesado na modalidade este ano, conseguiu chegar até as oitavas de final do Brasileirão A-2 e hoje termina o ano com a histórica classificação para a decisão do Carioca. Comandadas por Thaissan Passos, treinadora com passagem pelo Duque de Caxias, outra potência do futebol feminino do Rio, as atletas lutaram até o fim, mas não conseguiram segurar o empate.

O jogo

Como já era esperado, o Flamengo dominou a partida técnica e taticamente, deixando pouco espaço para as atletas das Laranjeiras encostarem na bola. Mas apesar da maior posse e do grande número de finalizações, as redes não balançavam. A principal responsável por isso foi a goleira Luana, a barreira final montada pelo Fluminense.

(Foto: LUCAS MERÇON/ FLUMINENSE F.C)

Com a linha da defesa alta, o Flu conseguiu segurar o ataque Rubro-negro. O feito é admirável, mas já era esperado: o clube tem a melhor defesa do campeonato, com apenas 4 gols sofridos. Pressionado, o Flamengo encontrou dificuldades de infiltrar as bolas na área, e tentou buscar o gol com o jogo aéreo, mas também não teve sucesso. A solução foi tentar encontrar o gol na bola parada.

E foi o que aconteceu. Aos 48 minutos do segundo tempo, Ana Carla cobrou escanteio na cabeça de Raiza, que apenas empurrou a bola para o gol de Luana e confirmou a vitória Rubro-negra.

Apesar de ceder a vitória, a treinadora Thaissan se mostrou orgulhosa de suas atletas. "A gente suportou bastante a pressão delas, que são de um time de série A1. Estou muito satisfeita com o que as meninas se propuseram a fazer, principalmente a obediência tática de fazer a proposta do jogo que a gente trabalhou a semana toda", contou Thaissan.

Por outro lado, Ricardo Abrantes, comandante do Flamengo, não ficou satisfeito com o desempenho de sua equipe. "Não jogamos bem. Nosso time demorou para entrar e o meio não funcionou. Mas na bola parada conseguimos decidir o jogo, pela qualidade das nossas atletas", afirmou. Mas as críticas não pararam, e sobrou até para o estádio: "O gramado está muito ruim. Alguns escanteios a gente nem conseguiu bater, de tão alta que a grama estava. Mas agora a decisão é em casa, com o gramado bom, e elas obrigadas a sair para o jogo, não dá para ficar na retranca", pontuou Ricardo.

Thaissan completou: "Ainda não tem nada decidido. 1 a 0 não resolve nada, temos mais 90 minutos de jogo." A decisão será no próximo sábado, dia 16, às 10h, no Estádio Luso Brasileiro, na Ilha do Governador. A entrada é franca.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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