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Copa SP: pela 1ª vez, final terá três mulheres em quinteto de arbitragem

Renata Mendonça

23/01/2019 18h36

Foto: Arquivo Pessoal

A final da Copa São Paulo de futebol júnior acontece na próxima sexta-feira entre São Paulo e Vasco no Pacaembu e terá um marco histórico na arbitragem. Pela primeira vez em 50 edições, o torneio terá três mulheres escaladas no quinteto responsável por apitar a partida.

O árbitro principal será Douglas Marques das Flores, mas as duas assistentes são mulheres: Tatiane Sacilotti dos Santos Camargo, que é arbitra Fifa, e Fabrini Bevilaqua Costa. O quarto árbitro será também um homem, João Vitor Gobi, mas a assistente 2 (suplente) também é mulher, Amanda Pinto Matias.

A escala de arbitragem da Federação Paulista foi divulgada na tarde desta quarta-feira com os nomes das experientes assistentes, que farão história como as primeiras mulheres a participarem da arbitragem de uma final de Copa São Paulo.

Tatiane Sacilotti é considerada uma das principais assistentes do país, está na arbitragem desde 2004 e, desde 2016, virou "árbitra Fifa", tendo atuado também em competições organizadas pela entidade máxima do futebol. No Brasil, ela atua como bandeirinha com frequência na divisão principal do Campeonato Paulista e chegou a fazer a final do torneio em 2011, quando Santos e Corinthians disputaram o título. Naquele ano, foi eleita a terceira melhor árbitra assistente da competição. E no ano seguinte passou a atuar em jogos do Brasileiro. Ela também representará o Brasil na arbitragem da Copa do Mundo de futebol feminino deste ano, na França.

"É uma grande alegria e satisfação estar na final da Copa SP. Ainda mais tendo como companhia uma outra mulher trabalhando junto e poder fazer história, representar um quadro feminino forte e poder representar a mulher em si", afirmou a assistente às dibradoras.

"Nós sabemos que a Copa SP é muito grandiosa, todos nós árbitros, independente do gênero, sempre sonhamos em poder estar numa final dessas, é uma emoção muito grande. Ter duas mulheres é um grande passo para que nós possamos conquistar mais os nossos sonhos, nossos objetivos, mostrar nosso trabalho, de forma respeitosa, sem discriminação. Mostrar o nosso melhor, aquilo que nós amamos fazer", concluiu ela, que ainda atuará na partida entre Palmeiras e Botafogo-SP nesta quarta-feira pelo Campeonato Paulista.

Fabrini Bevilaqua Costa é árbitra-assistente desde 2011 e atuou na Copinha em três partidas neste ano, além de acumular experiência em jogos da primeira divisão do Campeonato Brasileiro de futebol feminino. Ela também atuou como assistente na final do Paulista em 2018 entre Corinthians e Santos no Parque São Jorge.

Agora as duas terão a responsabilidade de apitar a decisão entre São Paulo e Vasco no Pacaembu nesta sexta na principal competição de base do país, que atrai milhares de pessoas para o estádio e também terá transmissão televisiva. Uma final de campeonato em que as duas assistentes são mulheres é algo inédito no futebol brasileiro.

Infelizmente, as mulheres que atuam na arbitragem ainda são minoria. No quadro da Federação Paulista, por exemplo, são apenas seis árbitras e 14 assistentes num universo de 400 profissionais (apenas 5% do total). Nas outras federações, essa proporção é ainda menor. O preconceito, o assédio e a falta de oportunidades são alguns dos obstáculos que ainda dificultam o surgimento de mais árbitras no futebol por aqui.

No passado, o Brasil foi pioneiro ao ter Silvia Regina como árbitra apitando jogos da primeira divisão do Campeonato Brasileiro, além de Ana Paula Oliveira, que era bandeirinha – no futebol europeu, por exemplo, as primeiras mulheres a apitarem jogos de elite só surgiram nos últimos anos, como é o caso de Bibiana Steinhaus, que só chegou à Bundesliga em 2017. As duas – que hoje fazem parte do quadro de instrutoras de arbitragem da CBF – foram inspiração para as assistentes que, na sexta-feira, terão a chance de apitar a primeira decisão oficial de campeonato do ano no país.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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