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Libertadores Feminina: conheça os grupos, histórico e perrengues do torneio

Roberta Nina

08/11/2018 13h03

Djeni, jogadora do Iranduba, participou do sorteio dos grupos (Foto: Marcos Dantas)

Nesta quarta-feira (07/11) foi realizado na cidade de Manaus, o sorteio dos grupos com os 12 times que irão participar da Libertadores Feminina. A competição será realizada na capital amazônica entre os dias 18 de novembro e 02 de dezembro.

A jogadora do Iranduba Djeni Becker participou do sorteio das chaves e as equipes ficaram distribuídas desta forma:

Grupo A: Audax-SP, Union Española (campeão equatoriano), Huila (campeão colombiano) e Peñarol (campeão uruguaio)

Grupo B: Colo-Colo (campeão chileno), Santos, JC Sport Girls (campeão peruano) e Deportivo ITA (campeão boliviano)

Grupo C: UAI-Urquiza (campeão argentino), Cerro Porteño (campeão paraguaio), Flor de Pátria  (campeão venezuelano) e Iranduba.

Arena da Amazônia será um dos palcos da Copa Libertadores feminina (Foto: Pedro Martins/ MoWa Press)

Representando o Brasil,o Santos se classificou para o torneio por conta do título do Campeonato Brasileiro conquistado em 2017; o Audax ficou com outra vaga pelo título da Libertadores do ano passado, conquistado quando ainda tinha a parceria com o Corinthians, e o Iranduba participa representando a cidade-sede.

Santos Campeão Brasileiro de 2017 (Foto: dibradoras)

Na primeira fase, os times enfrentam os adversários de seus grupos e classificam-se para as semifinais os primeiros colocados de cada chave e o melhor segundo colocado. Os confrontos finais serão decididos em jogos únicos.

As datas e horários dos jogos foram definidos hoje e as partidas acontecerão na Arena da Amazônia e no Estádio Ismael Benigno (Colina).

Os preços dos ingressos devem ter valor acessível ao grande público, segundo afirmou o supervisor de competições de futebol feminino da CBF, Romeu Castro.

Ainda não há confirmação sobre transmissão do Campeonato. Os direitos pertencem a Fox Sports e, durante o sorteio, o representante da CBF afirmou que estão em negociando com duas TVs abertas. A Crítica (grupo de comunicação de Manaus) também demonstra interesse em transmitir os jogos online, mas por enquanto, são apenas especulações.

Histórico

Esta será a 10ª edição do torneio que tem o Brasil como um dos maiores campeões: são sete títulos conquistados desde 2009. O maior vencedor é o São José, com três troféus (2011, 2013 e 2014).

O primeiro campeão foi o Santos Futebol Clube, em 2009. Cristiane e Marta jogavam pelo clube da Vila Belmiro e fizeram história ao levantar a taça derrotando por 9×0 a Universidad Autonoma, time paraguaio.

Santos FC, o primeiro campeão da Libertadores Feminina (Foto: Reprodução Twitter / Santos FC)

Em 2010, as Sereias da Vila conquistaram o bicampeonato. Derrotaram o Everton – equipe de Viña del Mar, no Chile – por 1×0, com gol de Maurine no último minuto de jogo.

Sereias da Vila: bicampeãs (Foto: Reprodução Twitter / Santos FC)

Em 2011 foi a vez de outro brasileiro conquistar o título. O São José, time do interior de São Paulo, bateu o Santos na semifinal por 2×1 (gols de Formiga e Francielle) e venceu o Colo-Colo por 1×0 na final.

Em 2012, o Foz Cataratas chegou na final, mas perdeu o título para o Colo-Colo por 4×2 nos pênltis. Nos dois anos seguintes (2013 e 2o14) o São José chegou ao tricampeonato, derrotando o Formas Íntimas (Colômbia) e o Caracas (Venezuela) respectivamente.

Formiga levanta a taça da Libertadores em 2014 pelo São José (Foto: Tião Martins/PMSJC)

Na final de 2014, as Meninas da Águia venceram o Caracas por 5×1 no Martins Pereira com gols de jogadoras de seleção: Rosana, Andressa Alves e Poliana .

Em 2015, a Libertadores foi disputada na Colômbia e mais uma vez o Brasil levantou a taça. A Ferroviária foi campeã pela primeira vez, derrotando o Colo-Colo por 3×1. A cidade de Araraquara recebeu as campeãs em um desfile em carro aberto pela cidade.

Ferroviária de Araraquara: campeã em 2016 (Foto: Conmebol)

Em 2016, o título ficou com o Sportivo Limpeño do Paraguai que venceu o Estudiantes de Guárico por 2×1. O Foz Cataratas ficou na terceira coloção.

No ano passado, o torneio foi realizado no Paraguai e o grande vencedor foi o Audax/Corinthians. Sob o comando de Artur Elias, a equipe derrotou o Cerro Porteño na semifinal (3×0) e, após empate em 0x0 com o Colo-Colo, conquistou o caneco nos pênaltis: 5×4 para o time brasileiro graças à goleira Lelê

Audax/Corinthians: campeão em 2017 (Foto: Conmebol)

Problemas enfrentados

É importante ressaltar que o torneio tem rápida duração (não chega a um mês) e o tempo de descanso entre um jogo e o outro é muito curto. Em edições passadas, a Conmebol e as cidades-sedes deixaram muito a desejar na organização e logística do campeonato.

Em 2015, na Colômbia, a diretoria do São José criticou a estrutura oferecida relatando falta de luz no estádio Cincuentenario – onde jogou na estreia do torneio – e também a falta de comida. As jogadoras tinham direito de comer apenas 300 gramas de comida por refeição.

Campo esburacado e sem iluminação na Colômbia (Foto: Tião Martins/ PMSJC)

O transporte da equipe também não foi feito corretamente, tanto no desembarque do aeroporto, quanto no percurso do hotel para o estádio. No próprio jogo da estreia, as jogadoras ficaram esperando por horas pelo ônibus que as levariam de volta ao hotel.

A alegação para o atraso foi que o ônibus havia se envolvido em um acidente e, para solucionar o problema, a organização precisou pedir sete táxis para levar a delegação do São José para o hotel.

Jogadoras deixam estádio de táxi (Foto: Tião Martins/ PMSJC)

Já em 2017, a Conmebol precisou suspender o campeonato por 72 horas por conta de uma intoxicação alimentar que atingiu todas as jogadoras das delegações participantes.

As equipes estavam hospedadas no mesmo hotel em Assunção, no Paraguai, e muitas atletas precisaram ser levadas ao hospital ou medicadas por suas comissões. Na ocasião, o Sportivo Limpeño encaminhou 16 atletas para o hospital local. Alguns membros de comissões técnicas também sofreram com problemas gastrointestinais.

Neste ano, houve um atraso na emissão das passagens áreas para os times participantes. Faltando somente dois dias para o sorteio acontecer, o Governo do Amazonas, através da Secretaria de Estado de Esporte, Juventude e Lazer (Sejel), garantiu parte do dinheiro das passagens aéreas das atletas.

O Estado do Amazonas é o responsável por bancar o custo das passagens e o traslado dos times, delegações da Conmebol e CBF e arbitragem. O custo dessa organização corresponde a cerca de R$ 1,2 milhão e esse valor teria sido liberado pela Secretaria do Estado da Fazenda (Sefaz), mas a Sejel ainda não teria usado – ninguém soube dizer ao certo por qual motivo.

No começo desta semana, após reunião entre a CBF e a Sejel, decidiram que seis delegações teriam as passagens emitidas (Cerro Porteño, Sport Girls, Flor de Patria, Union Española, Santos e Audax). Após esse acerto, a Conmebol deu um prazo ao governo local de Manaus para emitir as demais passagens até esta quarta-feira (07/11).

Apesar da importância de um torneio como esse, está na hora da Conmebol olhar com mais carinho para o futebol feminino. Não adianta criar a regra que obriga times masculinos que disputam a Libertadores a manterem equipes femininas e não fazer nada para melhorar a estrutura e o calendário da principal competição continental entre as mulheres. Esta é a décima edição de uma Libertadores que dura somente duas semanas, um campeonato que pode até ter nome profissional, mas na prática ainda é bastante amador.

O futebol feminino merece uma Libertadores de verdade, com maior duração, mais estrutura e que honre a tradição conquistada no torneio masculino.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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