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FPF celebra o sucesso do Paulista Feminino e premia craques da competição

Roberta Nina

09/10/2018 13h17

Seleção do Paulista Feminino em evento organizado pela Federação Paulista de Futebol (Foto: dibradoras)

(Com colaboração de Maria Victoria Poli)

Na noite desta segunda-feira (08/10), em São Paulo, a Federação Paulista de Futebol (FPF) realizou um evento para premiar as craques do Campeonato Paulista Feminino e homenagear as equipes finalistas.

No auditório do Museu do Futebol, no Pacaembu, as gerações do futebol feminino se misturaram. A festa comandada por Aline Pellegrino – ex-capitã da seleção brasileira e que hoje coordena a modalidade dentro da Federação – reuniu no mesmo espaço algumas das pioneiras como Roseli de Belo, Juliana Cabral, Daniela Alves e Milene Domingues.

Daniela Alves e Milene Domingues jogaram juntas pela seleção brasileira em 2003 (Foto: dibradoras)

As jogadoras de Corinthians e Santos – os finalistas do Paulista – compareceram em peso. A delegação santista (atletas e comissão) chegou ao Museu do Futebol em um ônibus próprio do clube. Até mesmo a Dona Noemia, de 60 anos e torcedora símbolo das Sereias na Vila Belmiro, participou da caravana.

Dona Noemia, torcedora santista famosa por berrar "peeeega ela" durante as partidas (Foto: dibradoras)

As jogadoras da Ferroviária e do Rio Preto não puderam participar da premiação porque disputam as semifinais do Brasileirão ainda nesta semana (na quinta-feira).

A premiação

A apresentação do evento ficou a cargo de Luciana Mariano, narradora da ESPN e o presidente da FPF, Reinaldo Carneiro Bastos, ressaltou a importância e o crescimento do futebol feminino na cidade. O presidente ainda citou o feito conquistado por Marta neste ano (a conquista do 6º prêmio de melhor jogadora do mundo) e a classificou como um ótimo exemplo para o crescimento da modalidade.

Aline Pellegrino subiu ao palco e fez questão de frisar que a festa havia sido pensada inteiramente para as atletas. Em entrevista às dibradoras no dia da final do campeonato, a coordenadora da FPF afirmou que esta edição do Paulista elevou o nível do torneio.

Aline Pellegrino durante a premição promovida pela FPF (Foto: dibradoras)

"Saldo muito positivo a gente subiu muito sarrafo, me gera até uma preocupação de conseguir manter esse nível ano que vem. Mas é isso, melhorar sempre. Acho que a gente chega na 20ª edição no ápice da parte organizacional tanto da federação quanto dos clubes, foram duas finais excelentes de nível de jogo e de público, jogo bem jogado, times de camisa, os dois times mereciam muito, cada vez mais o futebol feminino vai ser isso, essa disputa. Saldo muito positivo, final de qualidade que o futebol feminino merece entregar para o público", disse Aline.

Na sequência, as craques do Paulistão começaram a ser anunciadas. Aline, ao lado de Mauro Silva (ex-jogador e Vice-Presidente de Integração com Atletas da FPF), entregaram os troféus às jogadoras selecionadas. Com eles, Juliana Cabral, Daniela Alves e Roseli de Belo – todas medalhistas olímpicas pela seleção brasileira em Atenas – também participaram desta entrega.

Pardal, jogadora do Corinthians, eleita como melhor zagueira do Campeonato Paulista (Foto: dibradoras)

O momento emocionante da noite foi quando Luciana Mariano relembrou as primeiras transmissões de futebol feminino que realizou na TV Bandeirantes, ao lado de Luciano do Valle e não segurou as lágrimas ao rever Roseli de Belo. "Estou emocionada só de te olhar, menina. Me lembro de ter começado na transmissão narrando jogos do Paulistana, em 97, e você estava lá jogando", anunciou a narradora.

A craque Roseli participou da premiação a convite da FPF (Foto: dibradoras)

A seleção do Paulistão foi formada por: Yolanda (goleira do Taubaté), Yasmin (lateral-esquerda do Corinthians), Pardal (zagueira do Corinthians), Tayla (zagueira do Santos), Paulinha (lateral direita do Corinthians), Grazi (volante do Corinthians), Brena (volante do Santos), Gabi Zanotti (meia do Corinthians), Letícia (atacante do Rio Preto), Adriana (atacante do Corinthians) e Rosana (atacante do Santos).

Ketlen Widgers, a camisa 7 do Santos e autora do gol do título, não participou do evento, mas nem por isso deixou de ser citada por Aline Pellegrino em seu discurso. "A Teté não está aqui, mas me dá muita alegria saber que ela fez o gol decisivo. Ela chegou com 15 anos no Santos e até jogamos juntas. Hoje, é muito bom saber que ela permaneceu no clube e fez o gol do título."

Além da seleção, a FPF premiou a artilheira do Campeonato, que foi Letícia, atacante do Rio Preto com 18 gols marcados. "O prêmio de artilheira eu já sabia, mas essa escolha de estar na seleção do campeonato significa muito pra mim e até agora eu não estou acreditando", afirmou Lele em entrevista às dibradoras. "Dedico também esse prêmio às minhas companheiras, porque se não fosse por elas, não estava aqui", concluiu.

Letícia, do Rio Preto, eleita como melhor atacante e artilheira do Paulista (Foto: dibradoras)

A jogadora escolhida como craque do campeonato foi Gabi Zanotti, a camisa 10 do Corinthians. Aos 33 anos, Gabi voltou para o Brasil em março deste ano para reforçar a equipe do Parque São Jorge após temporadas jogando na Coréia e China.

"Estou muito contente. É muito gratificante receber essas duas premiações, mas é lógico que se eu pudesse trocar pelo título, eu trocaria. De qualquer forma, estou contente por participar dessa festa depois de cinco anos fora do Brasil e ser homenageada dessa forma", declarou às dibradoras.

Gabi, camisa 10 do Corinthians, eleita como melhor meia e craque do Paulista Feminino (Foto: dibradoras)

Assim como já havia mencionado em nosso podcast pela rádio Central3, Gabi citou a importância de ter um calendário mais organizado para o futebol feminino ao longo da temporada. "Eles poderiam de alguma forma mudar o estadual e o Brasileiro, a gente espera que nos próximos anos eles possam trabalhar em cima disso. Com um calendário mais extenso, mais atletas se mantém empregadas durante o ano inteiro, não só em 3 ou 4 meses de competição", afirmou.

O melhor treinador do Paulista Feminino foi Arthur Elias, do Corinthians. Ele ganhou o prêmio após escolha feita pelos oito clubes mais bem colocados na competição, dividido em uma lista feita pelas comissões técnicas e outra feita pelas atletas.

Arthur Elias, do Corinthians, eleito como o melhor treinador do Paulista (Foto: dibradoras)

Arthur perdeu apenas um jogo no Campeonato Paulista, justamente contra o Santos, na primeira partida da decisão, na Vila Belmiro. "O prêmio me traz bastante alegria, principalmente pelo critério de escolha. Me traz muita credibilidade e me deixa muito contente, mas não é um prêmio individual porque tenho uma comissão técnica que está comigo há muitos anos, desde o começo do projeto com o Corinthians, há três anos", afirmou Arthur às dibradoras.

Arthur trabalha há 12 anos com futebol feminino e destacou a importância da FPF promover um evento como esse para as atletas. "Traz um respeito e uma valorização que a modalidade precisa", frisou.

As equipes do Corinthians e do Santos também receberam homenagens no palco e os troféus de vice-campeão e campeão, respectivamente

Sereias da Vila (elenco e comissão técnica) recebem o troféu de campeãs paulista (Foto: dibradoras)

A evolução do Paulista Feminino

O Paulista Feminino começou no dia 24 de março e contou com a participação de 13 equipes. Foram 102 jogos disputados e 372 gols marcados.

Um dos maiores golaços foi marcado, sem dúvidas, pela FPF que investiu em divulgação e promoção da competição e transmitiu as partidas na reta final via Youtube, Facebook. Com isso, a ESPN Extra e a Watch ESPN também realizaram as transmissões com narrações e comentários feitos por mulheres.

"Para chegar n transmissão, tudo começou através da Lei de Incentivo ao Esporte. Isso fez com que nós (FPF) conseguíssemos viabilizar 18 transmissões dos jogos. Essa imagem que vai para a transmissão é a mesma que ia para as redes. Não é um valor exorbitante para gerar. A gente fez o caminho contrário. Geralmente, no futebol masculino, a TV vem e compra os direitos daquele campeonato e depois busca patrocinador. A gente foi na Lei de Incentivo ao Esporte, conseguimos verba pra bancar uma transmissão que é tão legal a ponto de a TV vir nos procurar pra dizer: eu tenho uma grade, quero transmitir. Então acho que isso prova que dá para fazer, a gente não precisa nesse momento que a modalidade ainda está se desenvolvendo, começando, usar o modelo do futebol masculino e esperar alguém vir. A gente conseguiu fazer o ciclo inverso e ter um bom resultado", revelou Aline Pellegrino às dibradoras.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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