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8 coisas que você não sabia sobre a final da Champions League

Renata Mendonça

21/05/2018 06h11

Foto: Fabrice Coffrini/AFP

A Champions League já é o torneio de clubes mais importante do mundo no futebol e, nesta semana, o planeta vai parar para acompanhar a finalíssima do torneio no próximo sábado, quando Real Madrid e Liverpool entrarão em campo para decidir quem fica com a Orelhuda.

Só que o que pouca gente sabe é que, na quinta-feira, dois dias antes, há uma outra final acontecendo também em Kiev e que também irá definir o destino de uma Orelhuda. É a decisão da Champions League feminina, que acontece entre Lyon e Wolfsburg na quinta-feira na mesma cidade da final masculina, porém em um palco diferente.

A partida acontecerá no Valeriy Lobanovskyi, estádio do Dynamo Kiev, com capacidade para pouco mais de 16 mil pessoas – enquanto a final masculina será disputada no Estádio Olímpico com capacidade para 70 mil torcedores.

As diferenças não param por aí e têm muitas explicações – algumas plausíveis, outras nem tanto. Mas independente delas, é importante ressaltar o esforço da Uefa em promover o torneio feminino, com medidas que vão desde melhorias na organização (o torneio foi ampliado recentemente, ganhou maiores premiações e passou a seguir a mesma ideia do masculino, com final única e na mesma cidade em que ocorre a deles), até o investimento maior também na divulgação – a entidade mantém um site completo com informações de histórico, estatísticas e todos os detalhes sobre a competição delas.

Estádio que será palco da final feminina em Kiev (Foto: AFP)

E como somos fãs dos dois torneios – e estaremos in loco na final dos dois -, nós propomos aqui uma cobertura diferente e igualitária. Nesta semana, vocês encontrarão no blog das ~dibradoras a mesma quantidade de textos sobre a final feminina e a final masculina da Champions League. Uma cobertura igual para um jogo que deveria ser muito mais igual também.

Começamos aqui com essa lista que reúne algumas curiosidades sobre as duas decisões que estamos prestes a vivenciar nesta semana.

– Ingressos para a final masculina custam de 70 a 16 mil euros
Se você é apenas um entusiasta da Champions e já havia se planejado para estar na final independentemente de quem estivesse em campo nela, você pode ter sido um dos sortudos que pagou 70 euros pelo ingresso. No entanto, se você deixou para comprar mais para frente, é mais provável que tenha tido que desembolsar algumas centenas de euros – ou até mesmo alguns milhares.

Em um site que ainda tem ingressos para a decisão entre Real Madrid e Liverpool, tem setor custando 5 mil euros e um extra VIP que chega a cobrar mais de 16 mil euros pela entrada.

Foto: Getty

– Ingressos para a final feminina custam menos de 3 euros

Sim, é isso mesmo que você leu. A realidade da Champions League feminina é bem diferente da masculina, portanto o preço dos ingressos acaba sendo muito mais acessível no jogo delas. Aos interessados em comparecer à decisão entre Lyon e Wolfsburg, apenas 3,20 euros (R$ 14) podem garantir a entrada para os melhores lugares da arquibancada. Se preferir pagar menos, os lugares atrás do gol são vendidos por um preço ainda mais barato: 2,35 euros (pouco mais de 10 reais). São raros até os ingressos para jogos da Série A do Campeonato Brasileiro que custam menos do que isso.

No ano passado, quando a final foi em Cardiff, no País de Gales, as entradas eram um pouco mais caras e variavam de 3 a 6 libras (R$ 15 e R$ 30), e o jogo teve um público de 22 mil pessoas. Desta vez, em um país mais restrito ainda para o futebol feminino, o público será menor (dada a capacidade do estádio), mas pelo preço ela até que está acessível – para os ucranianos, o valor na moeda local varia entre UAH 70 e UAH 100.

Final entre PSG e Lyon em 2017 teve mais de 22 mil nas arquibancadas em Cardiff (Foto: PA)

Esse é um aspecto que a Uefa poderia trabalhar melhor na divulgação do seu torneio feminino. Há gente que está viajando para Kiev para a final da Champions League masculina que sequer sabe que a feminina será realizada também ali alguns dias antes. Seria interessante ao longo das semanas que antecedem a finalíssima promover as duas juntas – principalmente no país sede da decisão. A final da Champions League feminina representa uma oportunidade para famílias inteiras curtirem um bom futebol e um espetáculo bonito com nível Uefa de organização a um preço acessível.

– A premiação da Champions masculina é de 15,5 milhões de euros para o campeão e 11 milhões de euros para o vice.

Os valores oferecidos pela Uefa aos participantes da Champions League masculina aumentam a cada ano. Hoje, com a importância mundial que o torneio conquistou, a arrecadação da entidade com patrocínios e direitos de televisão também é crescente, então a consequência óbvia disso é a oferta de premiações maiores – principalmente ao campeão e vice.

Quem vencer a partida no sábado em Kiev levará para casa mais de 15 milhões de euros, enquanto o perdedor terá 11 milhões de prêmio de consolação.

– A premiação da Champions feminina é 250 mil euros para o campeão e 200 mil para o vice.

Novamente, as realidades são distintas, portanto as premiações também são. Até 2010, aliás, não havia qualquer recompensa sequer para o campeão do torneio. A partir daí, foram oferecidos prêmios para os dois times que chegassem à final e, em 2011, estendeu-se a oferta aos que chegassem às semis e quartas-de-final.

Atualmente, o campeão da Champions feminina fatura 250 mil euros e o vice 200 mil. Mas uma reclamação que as equipes tinham era de que a Uefa não bancava os deslocamentos das equipes, como é de praxe das organizadoras de competições assim. A partir de 2017, então, a entidade passou a financiar também os voos para as viagens dos times no torneio.

Final da Champions feminina com recorde de público na Alemanha, cerca de 50 mil pessoas estiveram no estádio

Ainda assim, espera-se que a competição evolua, já que os próprios times europeus têm evoluído bastante no futebol feminino, e que isso possibilite num futuro próximo maior investimento nas premiações.

– De acordo com as regras do torneio masculino, um time que vencer a Champions 3 vezes seguidas ou 5 vezes no total tem o direito de ficar com uma réplica em tamanho real da "orelhuda".

Se no feminino, a regra também valer, o Lyon pode garantir sua répica caso vença o Wolfsburg na quinta-feira.

O Real Madrid, por sua vez, pode garantir mais uma se vencer o Liverpool e faturar o tricampeonato consecutivo mais uma vez, como aconteceu entre 1956 e 1960 (foram cinco títulos seguidos à época).

– A final da Champions League masculina é o evento esportivo anual mais assistido no mundo todo

Não tem para ninguém, nem mesmo para o famigerado Super Bowl. A final da Champions League masculina é o evento esportivo anual com maior audiência no planeta. São mais de 165 milhões de espectadores, segundo os dados oficiais da Uefa e, de acordo com a projeção dela, isso significaria um alcance de 380 milhões de pessoas assistindo à partida.

A realidade do torneio feminino é bem diferente – até porque não há muitos canais de TV no mundo inteiro transmitindo a final. A Uefa poderia pensar em estratégias nesse sentido para incentivar o torneio delas e, quem sabe, elevar seu patamar. Há quem defenda que o jogo feminino poderia ser um aquecimento antes do masculino, algo que poderia motivar uma maior participação do público e, quem sabe, mais canais de TV transmitindo.

– Lyon é um time melhor no feminino do que no masculino

São 16 títulos do Campeonato Francês conquistados pelo time feminino contra 7 do masculino. Na Champions League, a equipe delas é o time a ser batido, acumulando quatro títulos até aqui e podendo conquistar o quinto nesta semana (sendo o terceiro consecutivo, diga-se de passagem). Já o time masculino nunca chegou perto da conquista da Orelhuda.

O interessante disso é que acaba criando uma relação de admiração mútua entre jogadores e jogadoras do clube. Muitas estrelas do time deles costumam frequentar os jogos delas em apoio, como é possível ver nessa foto com o zagueiro brasileiro Marcelo Guedes levando a família para a partida do Lyon no feminino.

 

– Times espanhóis, italianos e ingleses são tradicionais na masculina; mas na feminina a realidade é diferente.

Na Champions masculina, a hegemonia espanhola é indiscutível – muito puxada, aliás, pelo sucesso do Real Madrid, que sustenta 12 dos 17 títulos conquistados pela Espanha no torneio.

Itália e Inglaterra são os países que vêm atrás, com 12 "Orelhudas" conquistadas para cada um. No sábado, veremos se a vantagem espanhola aumenta ainda mais ou se a Inglaterra deixa os italianos para trás na disputa de quem ganhou mais vezes a principal competição de clubes da Europa.

Wolfsburg enfrentará poderoso Lyon em busca do terceiro título da Champions (Foto: Getty)

Já no cenário do futebol feminino, a realidade é de novo diferente. A hegemonia é alemã, com nove títulos conquistados pelo país desde 2001-02.

São três times que lideram essa corrida: Frankfurt, quatro vezes campeão, Turbine Potsdam, bicampeão, Duisburg, com um título, e o Wolfsburg, que já tem dois e pode ganhar o terceiro na quinta-feira.

Depois da Alemanha, quem diria, é a França quem domina a Champions feminina. São quatro títulos para o Lyon, que pode chegar ao quinto neste ano. Depois deles, vem a Suécia com duas conquistas, e a Inglaterra que aparece apenas com uma Orelhuda.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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