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Em jogo de testes, Brasil fica no 0 a 0 com vice-campeã mundial Holanda

Renata Mendonça

04/03/2020 16h52

Foto: CBF/AM2

No primeiro desafio de Pia Sundhage em 2020, a seleção brasileira feminina não conseguiu sair do zero com a Holanda na estreia do Torneio da França. O Brasil teve muitos testes no time, não se encontrou no meio-campo, criou muito pouco ofensivamente, mas conseguiu segurar o marcador evitando as chances criadas pelas atuais vice-campeãs mundiais.

No saldo positivo, ficou principalmente as melhoras defensivas, já que o Brasil não tomou tanto sufoco de um adversário que está em terceiro no ranking da Fifa e que chegou à final da Copa do Mundo no ano passado. A Holanda teve três boas chances de gol – a melhor delas veio no segundo tempo e parou na goleira brasileira -, mas a seleção no geral teve um bom desempenho na defesa, mesmo jogando com atletas diferentes das que costumam ser escaladas. Em nove jogos, foram apenas dois gols sofridos na era Pia, e o Brasil já começa a demonstrar uma melhor solidez defensiva.

A maior dificuldade, por incrível que pareça, foi no ataque. A seleção criou pouco e quase não assustou o gol das holandesas. Andressa Alves e Marta não jogaram bem, Debinha também teve dificuldades para encontrar espaços, e o maior problema foi superar a marcação forte das holandesas na intermediária e encontrar atalhos para construir as jogadas.

De toda forma, o empate sustenta a invencibilidade de Pia no comando e dá confiança a um time que ainda está se reconstruindo e descobrindo a forma ideal de jogar na preparação para os Jogos de Tóquio. O próximo teste será contra as donas da casa no sábado às 17h, com transmissão do Sportv.

Brasil e Holanda tinham se enfrentado quatro vezes (1997, 2010 e 2014), com três vitórias para o Brasil e um empate. Os confrontos foram nos tempos em que as holandesas ainda não tinham executado o plano de desenvolvimento do futebol feminino que foi a raiz dos últimos bons resultados da equipe comandada por Sarina Wiegman (campeã da Eurocopa em 2017 e vice-campeã mundial em 2019). Com o resultado desta quarta-feira, a seleção segue invicta contra a Holanda.

O jogo

A seleção começou priorizando as jogadoras que não atuam no Brasil por conta de um problema de logística. As atletas que vinham do território brasileiro tiveram o voo atrasado em 10h por conta de um drone sobrevoando o aeroporto de Frankfurt. Para evitar risco de lesão pela falta de descanso apropriado, Pia optou por escalar as jogadoras que fizeram trajetos menores: Aline, Luana, Antonia, Daiane e Jucinara; Formiga, Thaisa, Marta e Andressa Alves; Ludmila e Debinha.

Jogando de lateral direita improvisada – é a ideia de Pia testar jogadoras em múltiplas posições por causa da Olimpíada, que só permite 18 convocadas -, Luana apareceu bem para tirar as principais situações de perigo. A primeira delas veio com o drible de Miedema na jovem zagueira Antonia, que escorregou, e a bola acabou sendo rebatida por Daiane, quando Luana apareceu para colocá-la no chão e sair jogando. Depois, na metade do primeiro tempo, a meio-campista salvou a seleção do primeiro gol holandês quando Van den Donk tirou de Jucinara e acelerava sozinha de frente para o gol – a meio-campista saiu do lado direito em disparada e chegou na área a tempo de fazer o corte.

Foto: CBF/A2M

A jogadora foi a melhor em campo nesses primeiros 45 minutos, conseguindo anular as principais jogadas ofensivas que a Holanda tentava pelo seu lado e se multiplicando em campo.

O Brasil fez um primeiro tempo até que seguro na defesa, mas teve dificuldades na criação ofensiva. Uma oportunidade veio quando Marta e Andressa Alves trocaram passes e a bola ficou para Thaisa chutar por cima do gol holandês. Ludmila tentou chegar na velocidade, mas não conseguia finalizar para o gol antes da defesa chegar na cobertura.

Já nos minutos finais, Ludmila conseguiu uma arrancada pela direita, chegou à linha de fundo e tentou encontrar Marta na pequena área, mas a defesa holandesa afastou. Após a cobrança de escanteio, Marta cruzou e Daiane cabeceou por baixo quase alcançando o gol das adversárias.

O Brasil voltou com mudanças (e estreia) em campo. A goleira Natascha, jovem de 22 anos que começou na base da Suíça, mas escolheu defender o Brasil, entrou no lugar de Aline, e Bia Zaneratto e Cristiane substituíram Marta e Debinha respectivamente.

E a primeira chance brasileira veio num contra-ataque, quando Bia acelerou pelo meio e foi deixando a defesa holandesa para trás. Ela tocou pra Andressa e depois Luana apareceu para fazer o cruzamento que acabou indo direto para o gol. Aos 12, foi a vez da Holanda ameaçar bem mais uma vez com Miedema chegando pelo lado direito e passando por Jucinara. Depois, pelo outro lado, Van de Sanden chegou de cara com a goleira Natascha, que acabou parando o chute dela.

Aos 20 minutos, Pia mudou de novo o time, colocando Andressinha no lugar de Luana e Tayla no lugar de Formiga. Com isso, Antonia foi para a lateral, Tayla passou a compor a zaga com Daiane, e Andressinha passou a atuar na meia-esquerda.

E Van de Sanden perdeu a melhor oportunidade do jogo aos 28 minutos, quando a camisa 7 holandesa saiu cara a cara com a goleira Natascha, que fez ótima defesa para evitar o gol das adversárias.

 

A seleção brasileira teve muitas dificuldades no meio-campo com a marcação forte das holandesas. Pia ainda tentou colocar Thaisinha para ajudar no setor ofensivo no lugar de Ludmila, mas a seleção não conseguia trocar passes no campo da Holanda e seguiu com dificuldades para construir jogadas no ataque.

A partida acabou terminando sem que ninguém conseguisse abrir o marcador e garantiu a manutenção da invencibilidade de Pia, que agora tem nove jogos no comando, seis vitórias e três empates.

A seleção brasileira volta a campo no próximo sábado para enfrentar a França às 17h.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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