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Corinthians, Palmeiras, SPFC ou Santos: quem se reforçou mais no feminino?

Renata Mendonça

10/01/2020 04h00

Foto: Divulgação / Corinthians

A entrada dos clubes de camisa definitivamente esquentou o mercado do futebol feminino. A regra da Conmebol e da CBF, que fez Palmeiras e São Paulo investirem também nas mulheres (Corinthians e Santos entraram antes da obrigatoriedade), entrou em vigor no ano passado, mas foi neste ano que ela teve um efeito definitivamente significativo para as jogadoras.

Isso porque, com mais clubes no páreo, aumenta a procura por atletas para a montagem de um elenco qualificado e o mercado, naturalmente, se aquece. Foi o que se viu nesses primeiros dias de 2020 – e até nos últimos de 2019. Os clubes passaram a anunciar seus reforços – fossem eles renovações de contratos de quem já estava lá ou novas contratações – e, nas redes sociais, os torcedores já se animaram com o que vem por aí para esse ano.

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Se em 2019, o Corinthians foi absoluto e terminou o ano com 45 jogos de invencibilidade e dois títulos (Libertadores e Paulista), para esta temporada a disputa promete ficar mais acirrada com os reforços dos rivais.

Foto: Divulgação Palmeiras

O Palmeiras foi um dos que mais agitou esse mercado. Se em 2019, o time alviverde foi mais discreto no futebol feminino, trazendo poucos nomes conhecidos e apostando num projeto já pronto – trazido pela então técnica Ana Lúcia, que levou suas jogadoras da Ponte Preta para lá – na parceria com a cidade de Vinhedo (onde as meninas moram, treinam e jogam), desta vez o clube investiu. Começou com um anúncio bombástico que gerou polêmica para os torcedores tricolores – a meio-campista Ary Borges e a atacante Ottilia fecharam com o Palmeiras em 2020. Depois, veio a meio-campista Angelina, jovem promissora que brilhava no Santos até o ano passado. Aí, o anúncio da craque consagrada e veterana Rosana, medalhista olímpica e a mais experiente do elenco, que representa um grande reforço para a equipe alviverde. Além disso, a goleira Karen e a meia Stefany também são nomes confirmados.

O São Paulo perdeu duas das principais jogadoras do elenco campeão da série A2 em 2019, mas trouxe também grandes nomes para reforçar a equipe, como a atacante Gláucia (considerada uma das melhores do Brasileirão do ano passado) e a também atacante Duda, que estava jogando no Alvaldness da Noruega e volta ao Brasil ainda jovem após uma grande estreia na seleção brasileira nos amistosos de dezembro.

Foto: Divulgação

Além disso, o São Paulo ainda tenta renovar o contrato de Cristiane, que não decidiu ainda se ficará no Tricolor mais uma temporada. A atleta pede melhorias ao clube, que ainda oferece uma estrutura limitada para o futebol feminino (os treinos são em campo sintético e a academia é compartilhada com os associados), e a situação deve ser definida até o início da próxima semana, quando haverá apresentação oficial do time – marcada para 14 de janeiro no Morumbi.

Duda jogava na Noruega (Foto: Divulgação)

Já o Santos foi um dos times que se desfez ao final da última temporada, sofrendo com uma "debandada" de jogadoras com as quais o clube não quis/conseguiu renovar. Ainda assim, aos poucos as Sereias da Vila também começam a se reforçar. O clube terá a volta da zagueira Tayla, e da meia-atacante Thaisinha, além das contratações de cinco atletas do Flamengo – as zagueiras Andressa Pereira e Day, a lateral Fernanda Palermo, as meias Gaby e Bia Menezes e a atacante Larissa.

E pra finalizar, um time que já era forte, o Corinthians se reforçou principalmente mantendo a base de um time que já é multicampeão. O técnico Arthur Elias renovou e conseguirá ter à disposição praticamente todo o time titular de 2019 – que ainda ganhou um reforço de peso: a meio-campista da seleção brasileira Andressinha, que estava no Portland Thorns (EUA). O impacto do anúncio foi tão grande, que ela chegou a figurar nos assuntos mais comentados do Twitter na última quinta-feira. A lateral direita Poliana, que tem passagens pela seleção brasileira, também foi contratada.

Além disso, a camisa 10, Gabi Zanotti, a lateral Tamires, as zagueiras Erika e Pardal, e as atacantes Vic Albuquerque e Giovana Crivelari, todas garantiram permanência no Timão. Somente a artilheira Millene se despediu após uma temporada fora de série no clube em 2019.

Foto: Divulgação / Corinthians

Fica até difícil dizer quem chega mais forte na briga por títulos em 2020. O Corinthians sai na frente automaticamente porque mantém uma base vencedora há quase quatro anos e ainda terá o grande reforço de Andressinha. Mas o Palmeiras chegou de vez no futebol feminino e vai tentar fazer frente ao rival – aliás, em um mês, os dois medirão forças pela primeira vez na série A1 do Brasileiro feminino num dérbi que promete (9 de fevereiro em Vinhedo). O São Paulo tenta não ficar para trás já se reforçando bastante no ataque e mantendo a defesa vencedora de 2019. E o Santos está em reformulação, mas promete honrar a tradição das Sereias da Vila no futebol feminino.

Sem sombras de dúvidas, se a temporada passada já foi histórica em muitos aspectos para o futebol das mulheres, essa promete ser ainda mais competitiva e cheia de rivalidade.

OBS: Nesse post, nos restringimos nesse post a falar dos clubes de São Paulo, mas há novos vindo aí para falar do Gre-Nal que vem aí na primeira divisão (e do Inter que montou também um timaço para chegar como mais uma força para brigar por título), do futebol mineiro, que terá o Galo com o técnico importado do rival e o Cruzeiro estreando na primeira divisão no feminino (enquanto o masculino joga a segunda), e dos times do Norte e Nordeste. 

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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