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Vascaínas relatam xingamentos e ameaças de morte de torcedor

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08/10/2019 13h08

Foto: Reprodução TV Globo

Torcedoras do Vasco estão reunindo depoimentos de mulheres que sofreram ameaças de um vascaíno que se identifica como Matheus, que as persegue pelas redes sociais com xingamentos e até ameaças de morte. A ideia é denunciá-lo na delegacia de crimes cibernéticos do Rio de Janeiro para tentar finalmente pará-lo.

Desde março, Matheus age da mesma forma, segundo o relato das vascaínas. Cria grupos de no whatsapp, convoca a torcida do Vasco pelas redes sociais e, quando as mulheres entram, ele pega os contatos delas para começar diálogos no privado. Ali, inicia uma tentativa de aproximação, às vezes diz que está apaixonado e, quando recebe uma negativa ou acaba contrariado, começa com os xingamentos.

"Vagabunda", "piranha", "fudida", "vou te matar", "vai ser estuprada", "vou beber teu sangue". Essa é uma sequência comum de ataques que pelo menos três mulheres relataram à reportagem. Elas já somam dezenas de depoimentos que serão levados à delegacia nesta semana.

Tentamos contatar Matheus, mas o número deu sempre na caixa postal. Uma das torcedoras disse que ele costuma mudar de telefone e de conta no Twitter sempre para poder começar novos grupos e se livrar dos bloqueios das mulheres.

Diante dos inúmeros relatos, alguns vascaínos tentaram tirar satisfação com Matheus e também ouviram xingamentos. No último fim de semana, em um jogo da equipe sub-20 do Vasco, o autor das ameaças acabou cercado e teve de ser levado pelos seguranças.

Um dos torcedores contou à reportagem que já foi a jogos com Matheus, após tê-lo conhecido em grupos de whatsapp, e que ele sempre agia como uma pessoa normal. No entanto, depois de saber da atitude dele com as torcedoras, ele chamou a atenção do autor das ameaças, que passou a também xingá-lo pelo whatsapp até bloqueá-lo.

Nesta semana, algumas torcedoras começaram uma mobilização pelo Twitter para reunir todos os casos de ameaça e xingamentos provocados por Matheus para levar à delegacia de crimes cibernéticos. Elas já têm em mãos dezenas de prints com a abordagem do torcedor, que tem sempre o mesmo "modus operandi": começa a conversa normalmente até que, quando ouve algo que não gosta, reage com a sequência de xingamentos e ameaças.

Segundo o especialista em direito digital da ASBZ advogados, Guilherme Braguim, Matheus pode ser denunciado por dois crimes: o de injúria contra a honra o de ameaça. Ambos têm previsão de pena de seis meses a um ano de detenção.

"Ele é identificado, as pessoas sabem que ele é, não é um perfil falso. Com isso, já fica mais fácil. A gente precisa reunir provas, o máximo de informações que existem, tudo que vincule a ele e mostre os crimes que ele está praticando. O principal aqui é a injúria, está ofendendo a honra das pessoas por motivos fúteis. Elas podem levar à delegacia ou então direto a um advogado, porque aqui cabe uma ação privada,  ou seja, basta o ofendido iniciar uma ação penal, não precisa ter uma investigação policial antes", explicou o advogado.

"Aí tem crime de ameaça também. É um crime de menor potencial ofensivo, pode ser resolvido no juizado de pequenas causas, é um crime um pouco mais fraco. Podem levar à delegacia ou ao Ministério Público. Os dois têm a mesma pena de um a seis meses de detenção ou multa e ele pode ser condenado pelos dois. Ele está tentando causar um mal desnecessário a uma pessoa. Além disso, elas podem também tentar uma reparação indenizatória pela via civil. E podem tentar obter também uma ordem judicial para impedi-lo de ter contato com elas – a pena se isso acontecer é uma multa. É uma forma de desestimular a continuação da conduta", esclareceu.

 

Diante da mobilização de torcedoras nas redes sociais, outros vascaínos começaram a se manifestar em defesa delas. "Esse rapaz que apanhou ontem em São Januário e fica xingando as minas na internet tem todos os traços de maluco. Não me parece que ele vá levar as ameaças que faz adiante, mas é sem dúvida um cara perturbado pela rejeição feminina. Uma pessoa que certamente precisa de terapia", disse um deles em uma postagem.

As torcedoras levarão os prints de xingamentos e ameaças que sofreram ainda nesta semana na delegacia de crimes cibernéticos.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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