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Sob forte chuva, Brasil vai mal contra o Chile e sai derrotado nos pênaltis

Renata Mendonça

01/09/2019 15h17

Foto: Mauro Horita / CBF

A seleção brasileira feminina entrou em campo mais uma vez pelo Torneio Internacional no Pacaembu, agora valendo o título contra o Chile. Mas uma chuva torrencial que atingiu a cidade de São Paulo bem na hora da partida prejudicou um pouco o futebol em campo. A técnica Pia Sundhage mudou bastante a escalação em comparação com sua estreia na quinta-feira e fez testes em várias posições. O primeiro tempo acabou em 0 a 0 e sem muito brilho por conta da dificuldade das poças no gramado, e a etapa final teve algumas chances, mas também terminou sem alterações no marcador.

Restou a disputa de pênaltis para definir o campeão do torneio. O Brasil desperdiçou quatro cobranças, e as chilenas acabaram campeãs, mesmo após atuação incrível da goleira Aline Reis, que defendeu três penais do Chile prolongando a decisão.

O time que foi a campo teve Aline; Fabi, Bruna Benites, Monica e Joyce; Formiga, Aline Milene, Andressa Alves e Debinha; Bia Zaneratto e Millene. Ainda no primeiro tempo, Pia trocou Debinha por Ludmila e na etapa final substituiu Aline Milene e Millene para as entradas de Luana e Chú Santos. Já na metade do segundo tempo, Pia colocou Raquel no lugar de Andressa Alves.

O nível do futebol em campo no primeiro tempo foi bastante prejudicado pela quantidade de água que caía no Pacaembu. Diante de muita chuva, as jogadoras dos dois times tinham dificuldade para colocar a bola no chão e trocar passes. O Brasil teve duas chances de gol, uma com Bia Zaneratto em chute de fora da área, outra com uma cabeçada de Formiga que chegou a entrar, mas o gol acabou anilado pela arbitragem.

Do lado chileno, houve poucas chances também, apenas uma que obrigou boa defesa da Aline em cabeçada de Torrealba no alto.

Foto: Mauro Horita / CBF

As alterações no segundo tempo não surtiram muito efeito, e a seleção teve dificuldades para criar e abusou dos erros de passe. Com o campo já mais seco, o jogo ficou mais interessante, mas o Brasil não conseguiu repetir o bom desempenho que teve contra a Argentina e ameaçou pouco o gol de Christiane Endler.

Bia Zaneratto foi um dos grandes destaques em campo, tentando fazer o pivô no ataque e também se movimentando bastante em busca da bola no meio-campo. Andressa Alves também fez uma boa partida no meio-campo e era o nome do Brasil na bola parada, criando algumas oportunidades na área chilena. Com a saída dela, o time perdeu muito em criação no centro do gramado, obrigando Bia a voltar muito para conseguir levar a bola para frente.

A dificuldade da seleção aconteceu também porque o Chile fechou bem os espaços e dificultou a troca de passes curtos que funcionou bem contra as argentinas na construção de jogadas para o ataque. Em contrapartida, as chilenas também não ofereceram grandes riscos para o Brasil, que anulou bem as tentativas das adversárias de avançarem na área.

Foto: Mauro Horita / CBF

A melhor chance brasileira veio já nos acréscimos na armação de jogada de Bia Zaneratto, com Raquel aparecendo pela esquerda e cruzando para área. Ludmila teve a chance, mas parou na defesa de Endler.

Na partida deste domingo, o Brasil foi menos eficiente na aplicação das ideias de jogo de Pia, que queria uma seleção mais compacta, com as jogadoras mais próximas umas das outras tanto no ataque quanto na defesa. Talvez um pouco pela falta de entrosamento das jogadoras em campo (a sueca fez sete trocas no time titular) e também um pouco pela chuva, a equipe brasileira não conseguiu encaixar seu jogo diante das chilenas.

Foto: Dibradoras

Foram muitos erros de passe, a transição da defesa para o ataque que não funcionou direito, como aconteceu contra a Argentina, e uma produção ofensiva muito abaixo do que deveria ter sido diante de uma seleção que está bem atrás do Brasil em questão de nível técnico – o Chile é apenas o 38º no ranking mundial, enquanto a seleção brasileira está em 10º.

Nos pênaltis, Raquel perdeu a primeira cobrança, Luana perdeu a quinta e Bruna Benites e Joyce também desperdiçaram. Mônica, Chú Santos e Bia Zaneratto e Fabi Simões fizeram. A goleira Aline Reis defendeu três cobranças, incluindo a da gigante chilena, Christiane Endler, mas não foi o suficiente para garantir o título para o Brasil. A pequena arqueira, de apenas 1,63m de altura, foi gigantesca e vibrou muito a cada defesa – saiu completamente ovacionada pela torcida. Mas as quatro cobranças desperdiçadas pelas jogadoras brasileiras acabaram deixando o título com as chilenas.

Apesar da derrota na final, foi interessante ver o clima do estádio, apesar da forte chuva que castigou o Pacaembu durante o jogo. Na entrada, já foi possível ver os sinais de apoio à seleção feminina na venda dos ambulantes. Se normalmente as camisas da seleção comercializadas na praça Charles Miller têm o nome de Neymar, desta vez era Marta que dominava o varal.

Foto: Dibradoras

O público total presente no estádio neste domingo foi de 16.812 pessoas, um pouco superior ao de quinta-feira, quando 13.180 estiveram nas arquibancadas do Pacaembu. A chuva acabou prejudicando um pouco a presença da torcida, mas o apoio de quem esteve no estádio foi grande para as jogadoras em campo.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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