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Jogadora do Milan, Thaísa alerta para ponto forte da Itália: meio-campo

Roberta Nina

17/06/2019 05h41

Foto: CBF

A seleção brasileira tem pela frente um jogo decisivo contra a Itália e precisa vencer para avançar às oitavas-de-final da Copa do Mundo. E, se tem uma jogadora que conhece bem as adversárias, é a volante Thaisa Moreno, que aos 30 anos, disputa seu segundo Mundial pelo Brasil.

Com passagens por clubes de diversos países, como Suécia, Islândia e Estados Unidos, a meio-campista defende atualmente o Milan. E com a experiência de quem joga o Calcio Femminile, a jogadora falou em coletiva de imprensa – depois do treino deste domingo – que não achou nenhuma surpresa ver a Azzurra ser a líder do grupo C e se classificar com antecedência  para o mata-mata do Mundial.

"Tinha escutado várias entrevistas falando da Itália, mas eu jogo lá, vejo o nível do campeonato, o nível das jogadoras e tinha certeza que nós três (Austrália, Brasil e Itália) brigaríamos no grupo e, para mim, não foi surpresa, não", afirmou.

Thaisa revelou que dá algumas dicas sobre as jogadoras e alguns detalhes sobre o estilo de jogo das italianas para a comissão técnica e que admira muito um fator da equipe adversária: a imprevisibilidade.

"Uma coisa que gosto muito no estilo italiano é que elas são bem imprevisíveis. Você não sabe se elas realmente virão na defensiva ou não, mas eu particularmente se fosse elas, não viria com time misto. Até porque quem passar em terceiro lugar da chave pega a França, então acho que elas não vêm pra um empate ou com time misto. Acho que elas vêm bem montadinhas pra mais uma vitória".

Entrosamento italiano

Para Thaisa, um dos pontos principais que fortalece a equipe da Itália é que a maioria do elenco joga o campeonato no próprio país e, com isso, elas acabam se conhecendo e ganhando um bom entrosamento.

"Uma coisa muito interessante é que elas se conhecem bem, a maioria joga na Juventus e no Milan. Tem a Bonansea que é uma jogadora muito competente e tem dado trabalho pra outras seleções. Eu acho que o meio de campo delas é o coração da equipe. Tem também as jogadoras que estão no banco de reservas, como a Parisi que é uma ótima jogadora e a Giacinti, que foi artilheira do italiano que pode entrar e surpreender. Elas têm muitas peças individuais, mas vejo o coletivo delas muito forte", analisou a jogadora.

Hospedada com a seleção brasileira no mesmo hotel que as italianas, Thaísa contou que encontrou com as adversárias na hora do almoço e as parabenizou pela classificação com um abraço, mas reforçou que foi "só isso". "Amizade só depois do jogo, antes disso  só um oizinho".

A meio-campista do Brasil valorizou o bom momento que vive o futebol italiano com investimento dos clubes e massificação da liga feminina. "Elas deram um boom bem bonito. Tenho acompanhado as redes sociais e as televisões e elas estavam bem felizes nesse pouco tempo que falei com elas. As equipes grandes tem investido muito no futebol feminino e com essas vitórias, principalmente essa contra a Austrália, no último minuto, é bem o estilo italiano, bem paixão. Então deu uma moral muito grande pra elas".

A ausência de Formiga

Suspensa do próximo jogo por conta do segundo cartão amarelo recebido – e também por uma lesão no tornozelo esquerdo -, Formiga, a líder do meio-campo e companheira de Thaísa no setor, não jogará contra a Itália na próxima terça-feira (18) em Valenciennes.

Thaísa revelou ser difícil jogar sem a camisa 8 do Brasil em campo, mas reforçou a força da seleção e das jogadoras que poderão substituí-la.

"A Formiga é uma presença que dá medo, na minha opinião, em várias outras seleções. Mas nós temos jogadoras competentes, independente de quem o professor escolher. É uma perda grande, mas estamos numa seleção. Quem está no banco pode entrar e não deixar esse nível cair", afirmou.

Como seu principal ponto forte, Thaisa acredita que pode auxiliar as jogadoras com orientações e conversas, mesmo sem exercer a mesma liderança que Formiga tem em campo.

"Formiga é incomparável. Vem de várias Copas do Mundo. Ela tem uma liderança que dificilmente eu teria. Mas o que vejo de forte em mim é que lá dentro eu posso orientar bem as meninas para manter o esquema tático de jogo, conversar muito com as que têm entrado para manter o ritmo de jogo".

Além de elogiar as características de Formiga, Thaisa também falou sobre Andressinha e comparou o estilo de jogo das três meio-campistas. "Ela é aquela jogadora clássica e pra mim uma das melhores jogadoras que temos e eu não tenho isso. São estilos diferentes, mas meu ponto forte é conversar bastante com as meninas e dar mais tranquilidade para quem está ao meu redor".

Futebol feminino no Brasil

Jogando seu segundo Mundial como titular da seleção Thaisa também falou sobre a visibilidade que a modalidade vem ganhando nos últimos anos – e especialmente agora com a Copa do Mundo -, mas acredita que essa valorização tem a ver com o momento da mulher na sociedade e não só no futebol.

"Acho que pelo momento que as mulheres estão vivendo tem sido bom (o apoio ao futebol feminino), não só no Brasil, mas no mundo. Não gosto muito de ficar em rede social, mas vejo os movimentos, acho interessantes, mas não só pro futebol feminino, mas para a mulher em si. Acho muito válido, estou muito feliz pelo que está acontecendo e acho que a gente só tem a crescer", concluiu a volante.

O Brasil entra em campo às 16h de terça-feira precisando vencer a Itália para avançar para as fases eliminatórias da Copa do Mundo da França.

 

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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