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Conheça as 23 jogadoras do Brasil na Copa do Mundo

Renata Mendonça

04/06/2019 05h19

Na foto, duas jogadoras a mais que compõem o elenco em Portugal: a zagueira Daiane e a lateral Rilany (Foto: CBF)

Faltam três dias para o início da Copa do Mundo de futebol feminino e cinco dias para a estreia do Brasil na competição. Então, nada mais justo e propício do que apresentar as 23 jogadoras que estarão com a seleção em território francês em busca do título inédito do Mundial.

O time base que deve entrar em campo contra a Jamaica no dia 9 – considerando que Marta e Érika se recuperem, deve ser:

Bárbara; Leticia, Monica, Erika (Kathellen) e Tamires; Formiga, Thaísa, Andressa Alves e Marta; Bia Zaneratto e Cristiane (Ludmila).

Goleiras

Bárbara: Nascida em Recife, jogou por 8 anos no Sport e há 15 anos teve sua primeira convocação para o Sul-Americano sub-20, quando tinha apenas 16 anos. Considerada uma das melhores goleiras que já vestiu essa camisa, ela disputou 3 Copas como reserva e vai para sua quarta – desta vez como titular. Fora do Brasil, jogou na Itália, Suécia e Alemanha e hoje representa o Kindermann em Santa Catarina. Ela faz faculdade de enfermagem e sonha atuar na área da saúde quando parar de jogar. Suas defesas mais memoráveis foram os pênaltis batido pelas australianas Gorry e Kennedy nas quartas de final da Olimpíada do Rio. Marta tinha perdido a cobrança, se Bárbara não defendesse o Brasil estaria fora. Ela pegou dois pênaltis e garantiu a classificação para a semifinal.

Barbara faz trabalho na academia (Foto: CBF)

Aline Reis: goleira de 1,63m que vai para a sua primeira copa aos 30 anos. Ela nasceu na pequena cidade de Aguaí em São Paulo, mas começou a carreira efetivamente no Guarani. Aos 17, estava quase desistindo de jogar, quando foi vista por um olheiro dos EUA e foi atuar em solo americano. Fez sucesso ali, entrou no Hall da Fama da Universidade Central da Flórida e fez carreira por lá, decidindo até mesmo se aposentar dos gramados para seguir como treinadora de goleiras. Mas em 2016 pintou a chance de voltar e ela foi atuar pela Ferroviária. Ganhou a chance de defender a seleção e foi convocada para a Olimpíada do Rio. Agora vive a expectativa de disputar sua primeira Copa.

Leticia Izidoro: Goleira do Corinthians, apelidada de Lele, teve seu auge defendendo os pênaltis que deram ao Corinthians o título da Libertadores de 2017. Esteve na seleção sub-20 e foi também para a Copa do Mundo de 2015 com a principal. Foi campeã da Copa América e disputará seu segundo Mundial aos 24 anos.

Laterais:

Poliana (convocada para o lugar de Fabi Simões, cortada na última segunda-feira): Poliana sempre amou esportes e praticou diversas modalidades antes de escolher pelo futebol.  Já atuou no atletismo, o basquete, o futsal e o handebol depois que viu um jogo do Rio Preto na televisão e pensou: "Ah, vou fazer uma peneira de futebol para ver se dá certo." A atleta começou no Rio Preto, já defendeu também o Santos (2009) São José (2014), jogou na Islândia e atuou nos EUA, jogando pelo Houston Dash (2018) e Orlando Pride.

Pela seleção, fez parte da equipe sub-19 e está na principal desde 2010. Participou da Copa do Mundo de 2015 (Canadá) e dos Jogos Olímpicos no Rio de Janeiro, em 2016.

Letícia Santos: Lateral direita, atua na Alemanha, no Sportclub Sand há dois anos. Era da seleção de base e foi ganhando espaço na principal com a lesão de Fabi Simões. Vai disputar sua primeira Copa na França.

Seleção faz trabalhos específicos no campo do hotel (Foto: CBF)

Camila: Apelido – Camilinha. Jogadora versátil, costuma atuar como meia no Orlando Pride, mas já jogou de lateral na seleção e foi para essa posição que foi convocada. Ela é de São Bento do Sul, esteve na Olimpíada de 2016 e hoje atua ao lado de Marta no Orlando Pride.

Tamires: a única mãe da seleção brasileira, Tamires chegou a parar de jogar duas vezes por essa gravidez inesperada. O marido também é jogador e, inicialmente, ela deixou a carreira para acompanhá-lo. Mas sempre manteve o sonho de voltar a jogar. Acabou que conseguiu, chegou à seleção e recebeu convite pra jogar na Dinamarca. Aí foi a vez dele abandonar a carreira pra segui-la. Hoje a família segue firme e forte para a segunda Copa de Tamires, com Bernardo todo orgulhoso, acompanhando a mãe de perto.

Tamires disputará segunda Copa (Foto: CBF)

Zagueiras:

Kathellen: Jogadora de São Vicente, começou no futsal, foi jogar nos EUA com bolsa de estudos e desde 2018 atua pelo Bordeaux na França. É a poliglota da seleção, fala fluentemente inglês e francês. Jovem de 23 anos fará sua primeira Copa no país onde já atua no futebol.

Tayla: zagueira que brilhou pelo Santos em 2018 e hoje defende o Benfica em Portugal. Tem 27 anos, fará sua segunda Copa do Mundo na França;

Mônica: zagueira gaúcha nasceu em Porto Alegre e começou a carreira no Inter em 2002. Foi a primeira jogadora brasileira a atuar no Orlando Pride, jogou lá com Marta até 2018 e agora veste a camisa do Corinthians. Fora dos gramados, é a cantora da turma, comandando as rodas de música com seu violão e sua voz impressionante.

Érika: zagueira experiente da seleção, jogou no PSG até 2018 e veio para o Corinthians para ser campeã brasileira no mesmo ano. Na Copa do Canadá, acabou cortada de última hora por uma lesão no joelho faltando alguns dias para a estreia.

Erika se recupera de entorse no tornozelo com a seleção em Portugal (Foto: CBF)

Meio-campistas

Formiga: Na França, chegará ao recorde de ter disputado sete edições de mundiais – o primeiro foi em 1995. Ela tem 41 anos, e é recordista de jogos pela seleção brasileira, com mais de 160 no currículo. Será também a jogadora mais velha a entrar em campo em um Mundial. Nascida em Lobato, subúrbio de Salvador, teve de arrancar as cabeças das bonecas pra jogar bola e chegou a apanhar dos irmãos por insistir em dar seus dribles na rua. No Brasil, já vestiu a camisa de São Paulo, Santos e Palmeiras e hoje brilha no PSG, onde já renovou contrato para atuar por mais um ano.

Thaísa: volante/meio-campista paranaense nascida em Xambrê, cidade de menos de 6 mil habitantes, foi campeã brasileira com a Ferroviária em 2014, campeã Pan-Americana com a seleção em 2015 e a primeira jogadora brasileira a jogar no Milan

Luana: meio-campista do KSPO Women Football Team, da Coreia do Sul, foi chamada para substituir Adriana, a meia/atacante do Corinthians que acabou cortada por lesão no ligamento do joelho. A primeira convocação dela foi em 2019, teve quatro participações na seleção principal e agora ganha a chance de disputar seu primeiro Mundial. Na base, disputou Mundial sub-17 em 2010 e Mundial sub-20 em 2012. 

A experiente Formiga e a novata Geyse (Foto: CBF)

Andressinha: nascida em Roque Gonzales, uma minúscula cidade na fronteira do Rio Grande do Sul com a Argentina. Começou a carreira no Pelotas, se destacou defendendo o Kindermann e já foi para os Estados Unidos jogar. Na seleção, sempre foi considerada uma grande promessa por sua habilidade e inteligência no meio-campo. É daquelas camisas 10 clássicas, que acham os espaços e passes milimétricos para deixar as atacantes na cara do gol. Lembra o estilo clássico de Sissi no meio-campo e, assim como a ex-jogadora, Andressinha também tem uma cobrança de falta impecável, bate na bola como ninguém. Hoje defende o Portland Thorns e vai para sua segunda Copa aos 24 anos.

Atacantes

Andressa Alves: atacante, meia e ponta, Andressa é versátil. Saiu da periferia de SP, do bairro de Parada de Taipas, para jogar no mundo inteiro. Com 22 anos disputou sua primeira copa em 2015, tornou-se a primeira jogadora brasileira a atuar no Barcelona no ano seguinte – e veste a camisa 10 do clube catalão – e esteve entre as titulares da Olimpíada. Apesar dos 26 anos, é experiente e uma das líderes dessa seleção

Ludmila: uma das novatas do time, mas muito promissora. Ludmila estava no atletismo antes de ser descoberta no futebol. Isso só aconteceu quando ela tinha 16 anos – Lud foi levada por um olheiro, que a viu jogando na rua, para fazer um teste no Juventus. Emily Lima, que depois seria técnica da seleção brasileira, foi quem identificou o talento e lapidou essa que é considerada uma joia da seleção entre as mais novas. Veloz, cheia de habilidade e com muita ousadia, ela é protagonista no Atlético de Madri há 3 anos e uma das grandes promessas de gol nesse Mundial.

Foto: Getty

Marta: pode jogar de meia-atacante, de atacante, de ponta, é a jogadora que mudou a história do futebol feminino no Brasil. Versátil, habilidosa e rápida como ninguém, Marta encanta o mundo com seus dribles e gols desde a Copa de 2003, quando ela tinha só 17 anos. Ela saiu de dois riachos em Alagoas, onde jogava com os meninos na rua, foi para o Rio de Janeiro sozinha de ônibus aos 14 anos para fazer um teste no Vasco. Lá, encontrou a treinadora Helena Pacheco, que a lançou para o mundo. Mas o clube fechou as portas para o futebol feminino e ela precisou buscar outro pra seguir seu sonho. Foi para a Suécia com 17 anos, com 20 venceu seu primeiro prêmio da Fifa, ganhou cinco consecutivos e o sexto em 2018. Jogos pelo Orlando Pride. É a maior artilheira da história da seleção brasileira com mais de 100 gols – o número exato não se sabe ao certo porque a CBF ainda está contabilizando os gols. É a maior artilheira da Copa do Mundo feminina com 15 gols, mesmo número de Ronaldo no mundial masculino. Se ela fizer dois nessa Copa, passa Klose e reina absoluta entre os dois gêneros.

Foto: CBF

Cristiane: essa tem faro de gol. É de Osasco, na periferia deu seus primeiros dribles arrancando cabeças de boneca pra chutar. Um vizinho viu seu talento jogando com os meninos na rua e se ofereceu pra pagar a escolinha pra ela. Cristiane conseguiu teste no Juventus e dali em diante decolou. Jogou na Alemanha, nos EUA, na China, na França e hoje veste a camisa do São Paulo. É a maior artilheira da história do futebol nos Jogos Olímpicos – entre homens e mulheres.

Bia Zaneratto: atacante de área, ela domina tudo lá na frente. Bia foi uma atleta que ganhou destaque cedo, jogou com as profissionais na Ferroviária aos 13 anos e já nessa idade foi para a seleção brasileira sub-17 pra ser camisa 10. Ela quase trocou o futebol pelo vôlei, mas por insistência do prefeito de Araraquara ficou no time da cidade e ganhou o mundo com o futebol. Foi jogar na Coreia do Sul onde teve a mudança de seu posicionamento – de meia, passou a ser centroavante – e brilhou com a camisa da seleção principal na olimpíada de 2016. Passou por lesão séria na clavícula no fim de 2018, voltou, sofreu uma lesão na fíbula em amistoso da seleção, mas conseguiu se recuperar e é um dos principais nomes do ataque brasileiro na Copa.

Geyse: atacante da nova geração, estreou na seleção principal em 2017 com 19 anos e vai para sua primeira copa aos 21. Nem era nascida quando Formiga vestiu pela primeira vez a amarelinha em 1995 – hoje as duas jogam juntas na seleção. Jogou no Corinthians e hoje é um dos destaques do Benfica. Foi campeã Sul-americana com a seleção sub20 e é alagoana como Marta

Raquel: atacante que se destacou pela Ferroviaria e hoje atua pelo Huelva, da Espanha. Costuma jogar mais pelo lado do campo, onde aproveita sua velocidade para partir pra cima das adversárias. Esteve na copa de 2015 e disputará seu segundo Mundial na França.

Debinha: atacante mineira, baixinha de 1,58 também é veloz pelos lados. Já jogou na Noruega, na China, e ano passado foi campeã da liga americana de futebol feminino pelo North Carolina Courage. Jogou a olimpíada de 2016 e foi campeã sul-americana com a seleção em 2018. Vai para sua primeira copa agora.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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