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Presidente do Bahia promete policiamento feminino para combater assédio

Renata Mendonça

07/05/2019 09h37

Foto: Divulgação Bahia

*Por Juliana Lisboa, para a coluna ~dibres com dendê

Em resposta à publicação de uma torcedora que relatou cenas de assédio na Fonte Nova, o Bahia, através das redes sociais, prontamente rechaçou o episódio e prometeu medidas enfáticas para combater o assédio, afirmando que a própria torcida poderia cobrar. O posicionamento vai ao encontro dos valores que o clube vem propagando através do Núcleo de Ações Afirmativas, que prega adoção de pautas sensíveis a minorias e combate a preconceitos. Mas não deu detalhes de como faria para sair do discurso.

Em entrevista exclusiva às Dibradoras, o presidente do Bahia, Guilherme Bellintani, revelou quais serão as medidas que o clube deverá tomar para coibir o assédio no estádio e como o tricolor pretende oferecer um ambiente menos hostil às torcedoras – além de facilitar a denúncia para os casos que continuarem acontecendo. Só para constar: em jogos do Bahia já existe uma ronda Maria da Penha em torno da Fonte Nova para coibir o assédio às torcedoras. Também é possível fazer denúncias na delegacia localizada dentro do próprio estádio.

As Tricoloucas são um grupo de torcedoras do Bahia que se reúne no estádio; uma delas relatou o caso de assédio no último fim de semana (Foto: Reprodução)

Dibradoras: Nas redes sociais, a resposta do Bahia foi rápida, prometeu mudanças e disse que a gente poderia cobrar. Quais mudanças serão essas?

Bellintani: Primeiro, gostaria de dizer que é muito bom ouvir a torcedora, porque se ela fala é porque ela sabe que vai ser ouvida. Isso é uma coisa importante. E a gente reage imediatamente e fala que no Bahia tem espaço para que as mulheres falem e sejam ouvidas.

De uma forma mais objetiva, a gente já se organizou para amtpliar a ronda Maria da Penha, e vamos nos empenhar na divulgação disso, também. A gente acha que tem esse dever de casa para fazer. Se os homens estão assediando dentro do estádio ainda é porque eles se sentem a vontade para isso. A gente tem o dever de mostrar um rigor maior, um risco de punição maior e é isso que a gente vai fazer. E para isso passamos pela ampliação da ronda Maria da Penha dentro da Fonte Nova, em número de policiais, mesmo, e também da divulgação.

Dibradoras: E como será essa divulgação?

Bellintani: Estamos estudando uma atução mais forte nos canais de denúncia, inclusive através do aplicativo do Bahia, por exemplo, já surgiu essa pauta. Vai demorar algum tempo para instalar, mas nós vamos fazer isso. Vamos seguir com publicações educativas nas redes sociais do clube, também.

Dibradoras: Maria Ribeiro foi questionada sobre o por quê de não querer denunciar o agressor. Ela disse que se sentiu coibida porque só tinha policiais homens perto de onde ela estava. Ou seja, o problema nem foi a falta do policiamento, mas a empatia, já que ela não se sentiu acolhida ou confortável para prosseguir com a denúncia.

Bellintani: Isso também está na pauta que a gente discutiu hoje. É a gente ter em cada setor do estádio pelo menos um agrupamento de policiais mulheres para que a gente possa anunciar onde eles estão. Só isso já vai ajudar a colocar os homens no seu devido lugar, digamos assim, mas eu acho que a gente precisa fazer isso. É que cada setor do estádio tenha um efetivo de policiais mulheres para que as torcedoras se sintam mais à vontade para falar.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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