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Brasileiro feminino não estará na TV, mas terá transmissão na internet

Renata Mendonça

15/03/2019 19h51

Foto: Divulgação Corinthians

Um Campeonato Brasileiro de futebol feminino histórico está para começar. Com as novidades dos times de camisa participando do cenário nacional da modalidade, a competição terá duas divisões e um número recorde de clubes participantes – serão 16 na A1 (primeira divisão) e 36 na A2 (segunda divisão). Tudo começa neste final de semana, com direito a uma novidade importante para os torcedores que quiserem acompanhar as mulheres em campo: haverá transmissão de pelo menos um jogo por rodada.

Não será nos moldes tradicionais, na televisão, como já foi em um dia não muito longínquo – em 2017, o SporTV transmitiu alguns jogos, incluindo as finais. Mas quem abraçou a ideia desta vez foi o Twitter, que firmou parceria com a CBF para viabilizar as transmissões pela internet.

O primeiro jogo a ser mostrado nesse formato será a estreia do atual campeão, Corinthians, fora de casa, contra a Ponte Preta. O jogo será no sábado, às 16h, e quem quiser acompanhar poderá ter acesso ao jogo pelo Twitter @BRFeminino ou então utilizando a ferramenta "explorar" da rede social.

Até mesmo quem não for usuário do Twitter terá acesso à transmissão. Inicialmente, a parceria envolve apenas jogos da Série A1 e a promessa é de que pelo menos uma partida por rodada seja mostrada ao vivo todas as semanas.

No ano passado, o Brasileiro feminino não foi exibido em nenhuma televisão, já que o campeonato perdeu seu patrocinador – a Caixa -, que era quem bancava os custos para gerar as transmissões para os canais de TV. Muitos clubes chegaram a viabilizar suas próprias formas de exibir os jogos usando transmissões via internet (usando Facebook ou o próprio canal do clube) para permitir a seus torcedores assistirem às partidas.

Foi assim também que a Federação Paulista de Futebol conseguiu viabilizar transmissões dos jogos do Paulista Feminino. Também por meio de parcerias, a entidade conseguiu exibir um jogo por rodada no torneio do ano passado gerando as imagens via internet. Nas semifinais e finais, houve até mesmo a exibição na ESPN, que aproveitou a geração de imagens da Federação para colocar os jogos na grade.

Enquanto as televisões alegam que o custo de transmissão ainda é muito alto e que "a audiência do futebol feminino não justifica o investimento", é importante que os órgãos mais interessados em promover a modalidade viabilizem a exibição dos jogos de outra forma. Com a parceria com o Twitter, a CBF dá a possibilidade de mais torcedores acompanharem o futebol feminino e se interessarem pelo torneio que ela mesma organiza – e, como sabemos, a lógica do negócio é simples: quando há público acompanhando, fica muito mais fácil atrair patrocinadores. A partir daí, aquele ciclo que era vicioso – ninguém transmite porque supostamente não tem interesse do público, mas o público não tem como se interessar por aquilo que não conhece, e as marcas não têm como investir em algo que não tem qualquer visibilidade – vira um ciclo virtuoso.

A parceria entre CBF e Twitter já aconteceu também em 2018 na época da Copa América de futebol feminino, quando nenhuma televisão transmitiu a conquista do heptacampeonato das mulheres da seleção. Pela rede social, porém, foi possível ver alguns jogos e celebrar o título e também a classificação para a Copa do Mundo deste ano e a Olimpíada do ano que vem.

Agora, o fã do futebol feminino ganha a chance de acompanhar mais de perto a modalidade. E quem ainda repete os clichês sobre o "futebol feminino ser chato", vai poder se dar uma chance para mudar de ideia vendo as partidas e comprovando que há, sim, muita mulher dando show dentro de campo – e jogo chato, vamos combinar, tem em qualquer campeonato, estão aí os estaduais que não me deixam mentir.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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