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Seletiva do São Paulo para futebol feminino tem quase 200 atletas no 1º dia

Renata Mendonça

29/10/2018 16h23

Foto: Igor Amorim

Vinte anos após ter tido um dos melhores times de futebol feminino da história, o São Paulo investirá novamente na modalidade para cumprir as regras da Conmebol e CBF, que exigem a montagem de uma equipe feminina para que os clubes continuem disputando as competições organizadas por elas em 2019.

Nesta semana, o time do Morumbi promoveu a primeira seletiva para montar o elenco do futebol feminino e recebeu mais de 180 atletas somente nesta segunda-feira.

A peneira seguirá acontecendo nesta terça e quarta e a expectativa é que mais de 300 mulheres compareçam à sede social do São Paulo, no Morumbi, na esperança de conseguirem uma vaga no time que está sendo montado pelo departamento de futebol. As inscrições foram abertas há duas semanas e podiam participar atletas que tivessem a partir de 16 anos de idade.

Por enquanto, não há muitos detalhes divulgados pelo São Paulo sobre como será o novo projeto do futebol feminino. A única definição prévia é de que o técnico será Lucas Piccinato, que foi supervisor do Centro Olímpico, uma das equipes mais fortes de base do país, que trabalha com meninas da base ao profissional em um projeto vinculado à prefeitura de São Paulo. O clube ainda pretende estruturar o novo departamento com outros responsáveis para tocar especificamente o projeto da modalidade – tudo isso estará submetido ao deparamento geral de futebol, comandado por Raí.

O ex-jogador e ídolo tricolor está empenhado em fazer um projeto bem-sucedido para o futebol feminino e chegou a fazer reuniões com Marco Aurélio Cunha, hoje responsável pelo futebol feminino na CBF, sobre como seria a melhor forma de estruturar a modalidade no clube.

Foto: Igor Amorim

Com o time montado para 2019, o São Paulo disputará somente o Campeonato Paulista no ano que vem, já que, pelas regras da CBF, precisará conquistar o acesso à disputa dos campeonatos nacionais. O Departamento de Competições da entidade máxima do futebol brasileiro está avaliando uma maneira de ampliar as vagas nos torneios do país (Brasileiro Série A1 e Série A2) para conseguir abrigar o novo volume de clubes que virá em cumprimento das regras da Conmebol e da própria CBF.

Por enquanto, a definição é que o São Paulo – e outros clubes que surgirão no futebol feminino em 2019 – terá apenas o estadual para disputar na temporada. Se conseguir o acesso, vai para a Série A2 do Brasileiro (uma espécie de segunda divisão) em 2020 e só em 2021 poderá estar disputando a Série A1, caso consiga a classificação.

Foto: Igor Amorim

História do São Paulo no futebol feminino

Embalado pelo sucesso do futebol feminino na Olimpíada de 1996, em Atlanta, o São Paulo e outros grandes times paulistas resolveram montar um time para disputar o recém-montado estadual. A primeira edição do torneio aconteceu em 1997, com a participação de outros times de camisa, como Corinthians, Portuguesa, Palmeiras, Santos, etc.

Foi uma época áurea para o futebol feminino, que disputava jogos com o estádio lotado (boa parte das partidas eram realizadas no estádio do Ibirapuera)  e também contava com transmissões na TV aberta – comandadas pelo saudoso Luciano Do Valle.

Foto: Arquivo histórico SPFC

Foi nesses tempos que surgiram os gritos na torcida são-paulina pedindo craques do futebol feminino na equipe masculina – como o clássico "Ei Muricy, coloca a Sissi". Essa que foi um dos maiores nomes da seleção brasileira vestiu a camisa tricolor comandando o meio-campo de um timaço que contava com Formiga, Katia Cilene no ataque, Juliana Cabral e outras craques que formaram uma equipe extremamente vitoriosa na história do clube.

O sucesso do Campeonato Paulista e do futebol feminino no Brasil continuou com as grandes equipes investindo na modalidade, mas caiu muito após a Copa do Mundo de 1999. O título do Mundial não veio e, aos poucos, os times foram fechando as portas para o futebol feminino alegando falta de recursos – o São Paulo encerrou suas atividades no departamento em 2001.

Sissi era um dos grandes nomes daquele time na década de 1990 (Foto: Arquivo Histórico SPFC)

Desde então, o clube chegou a ter uma equipe no Paulista novamente em 2015, após uma parceria mal sucedida com a prefeitura de Barueri e outras marcas. No projeto, o São Paulo não entraria com recursos financeiros e somente cederia o uniforme para as atletas – uniforme, inclusive, que era de antigos modelos do masculino e acabava ficando muito maior do que o tamanho das jogadoras. No entanto, no meio da temporada, os patrocinadores abandonaram o time, e o São Paulo precisou bancar a equipe e assumir as responsabilidades. Terminou a temporada como vice-campeão paulista e encerrou as atividades no feminino.

Agora, pensando em 2019, o clube do Morumbi se juntará a Corinthians, Santos, Flamengo, Sport, Internacional, Grêmio e Vitória como mais um time de camisa que passará a investir no futebol feminino.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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