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Vitória e Minas-Icesp empatam no primeiro confronto da final do A-2

Roberta Nina

09/07/2018 12h41

* Por Juliana Lisboa

Leoas do Vitória brigando pelo título da Séria A-2 no Barradão. A equipe baiana já conquistou o acesso para a Série A (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

Desde que viralizaram nas redes sociais as imagens de Gabriel Gonzaga, o solitário torcedor rubro-negro na arquibancada visitante do Beira-Rio, que viu a equipe bater o Inter na semana passada, o Vitória resolveu aproveitar o gancho – além da pausa da Copa do Mundo, que deixou o Barradão livre para um jogo num domingo à tarde – para mudar a realidade de baixo público no futebol feminino.

Por isso, para o jogo de ida da final do Brasileirão A2, no último domingo (8/7) entre as Leoas do Vitória e o Minas-Icesp, de Brasília, o clube resolveu adotar algumas medidas (simples, porém eficazes) para encher o Barradão. Primeira: trouxe Gabriel (que mora em Porto Alegre) para a partida!

Ele almoçou com as meninas no dia do jogo e ainda ganhou uma blusa autografada por todas as atletas. "Eu meio que virei um mascote", disse aos risos. "Estou me sentindo famoso! Muita gente que só conhecia no Twitter me reconheceu e veio falar comigo. E gente que eu nem conhecia já sabe quem eu sou. É muito louco", brincou.

Gabriel, o torcedor solitário do Beira-Rio, veio para o Barradão a convite do Vitória (Foto: Juliana Lisboa)

Além de trazer Gabriel, o Vitória não cobrou ingressos, o estacionamento foi gratuito, teve show de música (algo comum nos jogos do masculino profissional) e promoção de cerveja e comida. A loja oficial do clube foi aberta e vários itens estavam com desconto. E outra grande sacada: todas as peças do enxoval estava disponível nas versões masculina e feminina. Golaço!

(Foto: Juliana Lisboa)

Claro que, mesmo com todas as ações de incentivo, era de se esperar que não fosse tanta gente quanto como num jogo da equipe masculina. O público total foi de 1.697 pessoas. Modesto, porém, relevante. E também mais diverso. Idosos, mulheres, muitas, muitas crianças – meninos e meninas – foram os chegaram mais cedo ao Barradão.

Torcida do Vitória apoiou a equipe no último domingo (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

Foi o caso de Antônio Assis de Oliveira, que levou os netos, Ana Luiza Carvalho e Julio Cesar Carvalho para o jogo. "Trago sempre que posso. Hoje é um dia tranquilo, dá para passear, tirar foto. Em dias mais cheios não dá para fazer isso. Primeiro que eles são Vitória mesmo. Segundo é para despertar que o estádio é um lugar de paz e que as famílias devem reconquistar esse espaço. Em terceiro lugar o futebol feminino já é uma realidade. Ainda mais agora que podemos conquistar mais um título para nossa galeria", disse.

Seu Antônio levou seus netos para curtir o futebol feminino (Foto: Juliana Lisboa)

Mas também teve gente aproveitando o momento para conhecer o Barradão ou apresentá-lo para as crianças pela primeira vez.

Foi o caso de Iana Feitosa, torcedora rubro-negra que levou a filha Lara, de quase dois anos, pela primeira vez ao estádio. "É um ambiente que eu já conheço, que eu gosto muito, e quero que ela cresça acostumada com isso aqui. Quero que ela cresça Vitória, e que ela apoie todas as modalidades do clube", disse. "É uma oportunidade para apoiar o futebol feminino, que não tem tanto espaço na mídia, mesmo com essa campanha excelente que as meninas estão fazendo. É uma final de campeonato e o estádio está tranquilo, resolvi aproveitar", disse.

Iana, Juana e Maria Fernanda no Barradão (Foto: Juliana Lisboa)

Iana foi incentivada pela amiga rubro-negra, a jornalista Juana Castro, que foi quem ficou sabendo das ações do Vitória. Ela também aproveitou o momento para trazer a afilhada, Maria Fernanda, de sete anos, que nunca tinha pisado no Barradão. "Todos os jogos do Vitória que eu vi foram na televisão. Nunca tinha vindo aqui, e nunca tinha visto mulheres jogando futebol. Está sendo muito legal!", vibrou a pequena.

Quando faltavam poucos minutos para a partida começar, mais gente chegou ao Barradão – típico da torcida do Vitória, que espera até o último minuto para ter certeza de que não vai chover. A previsão para o dia era de chuva, verdade seja dita.

Integrantes da torcida organizada "Os Imbatíveis" também marcaram presença no jogo das Leoas (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

Dessa forma, a arquibancada ficou ainda mais misturada. Torcedores de organizadas chegaram para apoiar as meninas e também torcedores mais fiéis do Barradão foram tomando seus lugares. Durante a partida, músicas, gritos de guerra e, claro, algumas cornetadas machistas. Só que, dessa vez, quem falava levava bronca da própria arquibancada – de mulheres ou mesmo crianças. Foi algo interessante de acompanhar.

Torcedora do Vitória comemora o acesso do time (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

Ao final da partida, as jogadoras foram aplaudidas pela torcida. Um momento certamente inesquecível para elas.

Mais 'Gabrieis'

Na parte da torcida visitante, dois torcedores do Minas faziam a festa para as outras finalistas!

Dois torcedores do Minas-ICESP torceram pela equipe de Brasília no Barradão (Foto: Juliana Lisboa)

O jogo

As Leoas saudaram a torcida após empate com o Minas-Icesp de Brasília (Foto: Maurícia da Matta / EC Vitória)

A partida terminou em 2 a 2. Foi um jogo extremamente disputado, e o Vitória buscou o empate duas vezes.

O primeiro gol saiu dos pés de Victoria, jogadora do Minas-Icesp, numa jogada de contra-ataque aos 20 minutos. Anny, do Vitória, deixou tudo igual três minutos depois após cobrança de falta de Tainara.

Ainda no primeiro tempo, Bárbara fez o segundo do Minas. Deu tempo para Taiana, artilheira do Vitória, desperdiçar um pênalti antes do intevalo. No segundo tempo, depois de muita pressão e boas defesas da goleira do time visitante, o gol do empate saiu aos 45 minutos, com Gadu, de cabeça.

A partida de volta será na quinta-feira, 12, em Brasília, às 15h.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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