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'Capital nacional do futsal' tem mais um time feminino fechando as portas

Renata Mendonça

12/04/2018 10h05

Foto: Jayne Santos / ACBF

*Por Tamara Finardi

A cidade de Carlos Barbosa – RS é conhecida como a capital nacional do futsal. Mesmo carregando esse título, fomos novamente surpreendidos com o anúncio de uma das tradicionais equipes do município, a ACBF (Associação Carlos Barbosa de Futsal), dizendo que os trabalhos da equipe feminina teriam uma "pausa" durante o ano de 2018.

Digo que a declaração surpreendeu, pois há menos de 20 dias a cidade foi palco de um evento representativo para o futsal feminino, onde a seleção brasileira disputou um amistoso contra o Paraguai. Durante o jogo muito se falou da importância de valorizar e apoiar o futsal feminino, mas o que estamos vendo acontecer de fato na cidade que sediou esse evento?

O presidente da ACBF, Bolivar Zuanazzi, informou que a intenção da suspensão das atividades é para planejar a retomada da equipe feminina em 2019. "A diretoria se reuniu e resolveu não ter a equipe feminina em 2018. Mas neste ano vamos elaborar um projeto para voltarmos em 2019 com uma administração mais própria do feminino e uma estrutura melhor para o desenvolvimento das atividades do futsal feminino".

A equipe feminina da ACBF coleciona diversos títulos e sempre se mostrou atuante no Estadual Gaúcho, inclusive chegando mais uma vez à final da competição durante o ano passado, perdendo o título para a Celemaster em um daqueles jogos brilhantes e de alto nível!

Justamente por isso que volto a questionar que nem os títulos, as goleadas e as grandes campanhas em competições são suficientes para garantir que os trabalhos de uma equipe feminina de futsal tenham apoio e continuidade para prosseguir em competições.

Essa é uma situação semelhante com o que ocorreu há menos de um ano com a equipe feminina MGA: venceu o Estadual Gaúcho de Futsal em 2016 e teve que desistir da competição no ano seguinte por falta de apoio.

Todo esse contexto traz à tona uma realidade: não importa como foi a companha de uma equipe feminina de futsal, ela sempre vai iniciar um novo ano sem a certeza de que o trabalho terá continuidade, em alguns casos tendo que "mendigar" apoio. Isso tudo porque, mesmo quando a equipe feminina está em um clube que abarca o mesmo esporte praticando pelo homens, ela será a primeira carta do baralho a ser descartada diante de qualquer dificuldade.

Estamos na torcida para que se cumpra a promessa de que a equipe feminina da ACBF retome os trabalhos em 2019. Fica minha admiração para as guerreiras do futsal que conseguem manter seus times femininos a cada início de ano. Isso demonstra que a maioria dos "dibres" precisam ser realizados para além da quadra.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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