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Jogo do Palmeiras na Libertadores terá cabine de narradoras

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31/03/2018 11h05

Foto: Divulgação

O Palmeiras entrará em campo na próxima terça-feira para enfrentar o Alianza Lima no Allianz Parque pela Copa Libertadores da América com uma novidade – não no time comandado por Roger, mas nas cabines de transmissão do estádio.

Uma delas será ocupada exclusivamente por mulheres. Um acontecimento raro em um lugar tão dominado e povoado por homens. A iniciativa fará parte do treinamento do processo seletivo que escolherá três narradoras para comandarem as transmissões de jogos do Brasil, além da semifinal e final da Copa do Mundo da Rússia. A narração das mulheres no jogo do Palmeiras não irá ao ar pela Fox na terça-feira , mas será usada na preparação das candidatas.

O #NarraQuemSabe foi o nome sugerido pela apresentadora (e ex-narradora) Vanessa Riche, quando ela chegou à Fox Sports para coordenar o processo seletivo. A jornalista explica que optou por fugir das referências femininas na hashtag – como "Elas Narrando" ou "Elas no microfone" – porque o intuito é reforçar a capacidade das mulheres para ocupar esse espaço.

"Não é para separar como algo feminino só. O processo é para escolher uma mulher, mas ela não estará ali por ser mulher. Estará ali porque tem competência, porque sabe narrar", ressaltou em uma conversa com as dibradoras ainda durante a inscrição das candidatas.

Das 300 inscrições que receberam – sendo 15 delas vindas de homens -, Vanessa Riche escolheu seis juntamente com uma equipe de especialistas da Fox, e agora esse grupo seleto participará de uma preparação intensa digna de quem terá a responsabilidade de comandar o microfone em jogos da seleção brasileira na Copa.

"A gente quer dar a elas todo o respaldo que precisam. Vamos fazer simulações de absolutamente tudo o que pode acontecer em uma transmissão. A ideia é que a gente treine tudo, para que, na hora que acontecer, elas estejam preparadas".

Um dos primeiros testes das candidatas acontecerá na terça-feira em pleno Allianz Parque. Elas ocuparão uma das cabines do estádio para narrar o jogo com todos os elementos que uma partida in loco traz.

Foto: Divulgação

"É muito diferente quando você está no estádio, as questões técnicas, a torcida, tudo o que está acontecendo ali na sua frente…faz toda a diferença na preparação", explicou Vanessa, que foi a convidada do podcast das ~dibradoras na última quinta-feira.

Ouça a entrevista completa com Vanessa Riche aqui

Outra parte do treinamento aconteceu na última semana, quando elas tiveram que narrar a final da Copa Sul-Americana do ano passado entre Flamengo e Indpendiente e, ao mesmo tempo, receber pelo ponto eletrônico e passar as informações da confusão que estava acontecendo na entrada do Maracanã.

"No dia do jogo, a confusão aconteceu antes da bola rolar, mas aqui a gente simulou como se fosse durante a partida. Aí elas tinham que ouvir as informações do ponto, sem parar de narrar a partida e, ao mesmo tempo, absorver os detalhes para poder passar para os telespectadores o que estava acontecendo do lado de fora. É um desafio, porque você em momento algum pode ficar em silêncio numa transmissão, então não dá para parar de falar para ouvir o ponto", explicou Vanessa.

Além do jogo no Allianz Parque, as candidatas também passarão por reuniões com a comissão técnica de Tite para ficarem por dentro de toda a preparação da seleção brasileira parao Mundial, ouvirão palestras com nomes históricos do futebol, e passarão por um intensivo de um mês na Fox até que, em meados de maio, os responsáveis pela seleção (incluindo Vanessa Riche) definam quem serão as três escolhidas.

Durante a Copa do Mundo, a Fox Sports terá um canal com programas de mesa redonda exclusivamente compostas por mulheres e transmissões 100% femininas.

Narradora

A própria Vanessa Riche foi uma das primeiras mulheres a terem espaço para narrar um esporte na televisão logo que se transferiu da GloboNews para o Sportv no início dos anos 2000.

Após ter deixado seu nome marcado na Globo por coberturas históricas como a do sequestro do ônibus 174, Vanessa começou a fazer destaques esportivos no jornal e pediu para ser transferida para essa área. Foi quando recebeu o convite para tentar a narração.

"Na hora, eu pensei: tá maluco! Não sei fazer isso! Mas claro, porque a gente não tinha referência feminina, né. Aí alguns minutos depois eu pensei, achei que era a oportunidade e fui", contou.

Ela passou por um período de imersão com narradores da Globo, viajando e acompanhando transmissões de Galvão Bueno, Cleber Machado e outros da emissora. Até que começou devagar a comandar o microfone em jogos de vôlei de praia, ginástica e natação e entrou de vez para o SporTV em 2004.

Com esse tempo todo de experiência acumulada no Jornalismo Esportivo, Vanessa Riche começou a dar treinamento para profissionais que quisessem trabalhar na área e chegou a revelar um talento recente do esporte – a apresentadora Fernanda Gentil. Agora, o desafio dela será escolher entre os seis talentos finalistas do #NarraQuemSabe quem serão as três novas vozes do Brasil na Copa do Mundo.

Sobre as autoras

Angélica Souza é publicitária, de bem com a vida e tem um senso de humor que, na maioria das vezes, faz as pessoas rirem. Alucinada por futebol - daquelas que não pode ver uma bola que já sai chutando - sabe da importância e responsabilidade de ser uma mulher com essa paixão. Nas costas, gosta da 10, e no peito, o coração é verde e branco e bate lá na Turiassú. Renata Mendonça é apaixonada por esporte desde que se conhece por gente. Foi em um ~dibre desses da vida que conseguiu unir trabalho e paixão sendo jornalista esportiva. Hoje, sua luta é para que mais mulheres consigam ocupar esse espaço. Roberta Nina é aquariana por essência, são-paulina por escolha e jornalista de formação. Tem por vocação dar voz às mulheres no esporte.

Sobre o blog

Futebol não é coisa de mulher. Rugby? Vocês não têm força para jogar... Lugar de mulher é na cozinha, não no campo, na quadra, na arquibancada. Já ouviu isso muitas vezes, né?! Mas o ~dibradoras surgiu para provar justamente o contrário. Mulher pode gostar, entender e praticar o esporte que quiser. E quem achar que não, a gente ~dibra ;)

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